Cinema nas escolas? Projeto utiliza linguagem audiovisual de filmes para ensinar alunos de Belém
O projeto 'Clube do Filme' é realizado em duas escolas municipais em Belém: Escola Manuela Freitas, em São Brás, Escola Amália Paungartten, no Guamá
Alunos de duas escolas municipais de Belém estão aprendendo e debatendo vários temas importantes da atualidade por meio da linguagem audiovisual de filmes. Essa é a ideia do Projeto Clube do Filme, que monta um telão dentro da sala de aula na Escola Manuela Freitas, na avenida Gentil Bitencourt, no bairro de São Brás, e na Escola Amália Paungartten, bairro no Guamá.
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É coordenado pela professora da rede municipal Manuela Porto. Há 11 anos, Manuela trabalha com crianças e adolescentes de escolas municipais e viu a necessidade de discutir dilemas sociais com os alunos. "Eu senti necessidade de discutir questões sobre gêneros, religiosidades, sobre respeito com os alunos, sem que fosse dentro da sala de aula. Pensamos em um projeto que utilizasse a linguagem audiovisual, pela própria sensibilidade que o filme traz. A gente consegue atingir os objetivos com a imagem, conseguimos traduzir algumas questões bem delicadas através do audiovisual", comenta.
Em 2023, o projeto foi agraciado com o Prêmio Mergulho, um edital que possibilitou a aquisição de equipamentos, a realização de oficinas e a produção de três curtas-metragens pelos estudantes. Após o sucesso alcançado, o projeto expandiu-se, e em 2024, passou a incluir quatro turmas com cerca de 60 adolescentes divididos entre as duas escolas.
"Nós percebemos que alguns alunos procuram o projeto para perder a timidez, para socializar, para aprender um pouco mais sobre os filmes, são vários interesses que trazem os adolescentes para participar", fala Manuela.
Para ela, o Clube do Filme também é um lugar de acolhimento. "O mais importante é que nos tornamos um grupo de muita segurança e acolhimento, porque essa fase da vida deles é muito delicada, de muitas transformações, e como a gente discute uma série de assuntos, dentro do projeto eles acabam encontrando nesse lugar, um lugar de acolhida e segurança dentro da escola", explica.
O projeto tem contribuído para melhorar a desenvoltura dos alunos, como da estudante Ádria Paixão, de 14 anos, aluna da escola Amália Paungartten. "Me ajudou a perder a minha timidez, eu era tímida, não gostava de falar e nem tinha muitos amigos. E quando entrei para o projeto comecei a fazer amizade com vários alunos de outras turmas", diz.
Os alunos se engajam em atividades práticas que promovem o aprendizado e a expressão artística por meio do cinema. "Eu gosto muito de participar do Clube do filme porque aprendo bastante com as oficinas e os passeios que a gente faz, onde aprendemos muito sobre a nossa história aqui do Pará também", fala a estudante.
A professora conta que pretende melhorar ainda mais as atividades dentro do projeto, exemplo disso é a parceria estabelecida com a Universidade Federal do Pará, por meio da faculdade de audiovisual, com o professor Luiz Adriano. "A pretensão que temos é de articular mais essa atividade em rede, falando com pessoas que trabalham no setor de audiovisual, para que a gente traga formações para escola", explica.
"Com a premiação do edital Mergulho, tivemos a oportunidade de trazer profissionais que não são da rede pública, para trabalhar formações, sobre roteiro, roteirização, plano, imagem ângulo, essas formações que nós não temos normalmente na escola", fala.
Para dar continuidade e crescimento ao projeto, foi lançada uma campanha de arrecadação de fundos por meio de uma vaquinha on-line, com o objetivo de viabilizar a segunda mostra de audiovisual, dando continuidade ao impacto positivo que o projeto vem gerando na comunidade escolar. "Precisamos garantir algumas premiações para os alunos, é uma forma de estarmos agradecendo toda essa dedicação e esse trabalho que eles desenvolveram ao longo do ano conosco", conta.
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