Ceia de Natal: Alimentos regionais garantem o sabor da confraternização
É só lançar mão da criatividade para aproveitar itens da culinária paraense e abrilhantar a Ceia de Natal
Natal é tempo de se remontar às origens do ser, aproveitando-se da celebração do Nascimento de Jesus Cristo, que veio à Terra para ensinar o caminho do amor. Nessa reflexão, a opção de uma montar uma ceia regional de Natal surge como oportunidade de valorização ou descobertas de sabores, saberes e fazeres da cultura amazônica dialogando com a tradição natalina. E como um atrativo a mais, o valor nutricional das iguarias se une ao visual todo particular da ceia com a cara do Pará. A cozinheira e empresária Luciana White, do restaurante Antonica Gastronomia Paraense, no Parque do Utinga, dá dicas sobre o preparo dessa atração.
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"Para se fazer uma Ceia de Natal com produtos regionais, a gente procura colocar o que as pessoas têm como tradição aqui, no estado do Pará, seja da maniçoba, seja do tucupi, do caranguejo, do camarão. Então, tudo isso daí que a gente trabalha ao longo do ano, ou muito mais no Círio, ou talvez numa festa junina, ao final do ano também a gente procura utilizar também", destaca Luciana. Sobre a parte de doces, pode-se valer do açaí, do cupuaçu. "Tu fazes um creme de açaí, tu fazes um sorvete, faz um pudim. Então, a gente usa também produtos da linha salgada. Aí, tu trabalhas as proteínas com o arroz, faz uma lasanha. Tu também trabalhas uma linha doce, e aí tu podes fazer uma mesa realmente de Natal, utilizando, de repente, até o açaí sozinho, como tem gente que topa isso também", ressalta Luciana.
No caso dos sucos, funcionam como opções o taperebá, a manga, o açaí (como suco), o bacuri, o muruci, frutas essas em alta neste começo de período chuvoso. Luciana White pontua que, na conciliação do tradicional com o regional, pode-se utilizar o peixe, o peru, o chester (proteínas). No caso do peru e chester, podem ser desfiados e misturados, fazer um molho de tucupi, por exemplo, e pegar um macarrão. "Faz o macarrão, coloca o queijo do Marajó, na verdade, a gente pode pegar o queijo, desfazê-lo e misturar. Pode-se fazer um risoto, com arroz e o chester desfiado, por exemplo, ou, então, um arroz com caranguejo. Pode fazer também um risoto de maniçoba, um escondidinho, de repente, de pato, né? Com queijo do Marajó. Então, tem muitas possibilidades e variações de trabalhar o regional e conciliar com o tradicional. Tem várias formas, vai muito da criatividade de quem tá cozinhando, né?", reforça Luciana. Um dos pratos que Luciana sugere é o Quiche Paraense.
Com relação a doces, bolos e tortas, o processo é o mesmo. "Pega um cupuaçu, uma castanha do Pará, dá para gente usar a criatividade novamente e brincar bem. Fazer uma mesclagem de tudo isso daí, fazer bolos, misturar com chocolate. Tem gente que usa até cachaça de jambu, pode usar bombons regionais e no panetone, tirar todo o recheio e colocar um sorvete, um creme de cupuaçu com farinha de tapioca", acrescenta a cozinheira.
Na decoração, a base é a decoração natalina, não fugindo da ancestralidade, o nascimento de Jesus Cristo. "Mas, dá para fazer uma manjedoura com motivos regionais, pegar uma palha regional, ou alguma coisa que a gente costuma ver no Ver-o-Peso, e fazer uma ornamentação em que tu consigas casar o regional, mas sem fugir do espírito, de final de ano de Natal, tendo Jesus Cristo como centro de tudo isso" concluiu Luciana White.
Saborosos e nutritivos
Na avaliação da nutricionista e gastrônoma Danielle Farias, mestre em Epidemiologia e diretora científica na Associação de Nutricionistas no Estado do Pará (ANEP), uma ceia regional de Natal na Amazônica relaciona-se à variedade de peixes na região, possibilitando opções de pratos, além de outros da culinária paraense, como o arroz de pato.
"Podem ser utilizados os nossos camarões que são sensacionais, sem semelhança com os de outros estados. Podem ser utilizados ingredientes como o tucupi e o jambu, preparar saladas com manga ou outros frutos. Então, na hora de fazer uma ceia natalina, a gente pode fazer de diversas formas, pode ser uma ceia regional, pode ser uma ceia que vai ser adaptada a um público especial, como, por exemplo, vegetarianos, veganos, ou ainda com alguns tipos de intolerâncias", ressalta.
Acerca do valor nutricional de alguns pratos regionais, Danielle destaca que alguns elementos são pouquíssimos calóricos, como o tucupi, jambu e outras folhagens. Os sucos são normalmente servidos muito concentrados, como o de cupuaçu, bacuri e o açaí, tendo, portanto, um pouquinho mais de caloria. "Mas, se eu pegar essa opção de peixe mesmo sendo carnudo, com um percentual de gordura interessante, se a gente exagerar, com certeza, vai sobrecarregar um pouquinho, mas o peixe vai ter uma digestão mais rápida, mais leve, e ele é muito nutritivo", pontua a nutricionista.
Danielle aponta que uma composição de arroz com jambu, peixe assado com uma crosta de castanha, uma geleia de pimenta ou uma geleia, de cupuaçu, um suco agregado e mais uma salada tropical, regional, vai ser bastante balanceada, nutritiva, saborosa, "muito regional e que vai traduzir realmente a nossa característica". Bolos e doces como sobremesas são bem interessantes, como bolo com doce de cupuaçu, uma calda de chocolate por cima; um pudim de açaí com uma farofinha de castanhas ou ainda de farinha de tapioca. "Essas sobremesas, normalmente, vão ter nutrientes porque elas vão utilizar frutos regionais, mas elas são também muito mais calóricas, porque a gente utiliza diversos açúcares, leites, e isso vai fazer com que elas sejam mais calóricas. Mas no Natal vale a pena um pedacinho provar e trazer a nossa regionalidade para esse momento tão importante que é a celebração do Natal, que marca o nascimento de Jesus Cristo", arremata Danielle Farias.
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