Imóveis automatizados e ecológicos: mercado de construção civil paraense acompanha tendência mundial
Novo imóvel de Belém terá controle de diversos serviços por meio de aplicativo e senha para visitantes que tentarem abrir fechadura eletrônica
A automação e o uso mais frequente da inteligência artificial dentro de casa, por meio da chamada “internet das coisas”, ou seja, aparelhos conectados à internet que permitem comandos inteligentes, fez surgir um novo mercado localmente: o de imóveis automatizados. Com a recente demanda por espaços residenciais mais cômodos, a construção civil começa a pensar em como preencher essa lacuna no Pará.
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Arquiteto e urbanista, Lamartine Camilo é CEO de uma construtora que projeta o primeiro condomínio inteligente de Belém com financiamento da Caixa Econômica, em que todas as casas serão adaptadas para tecnologias e conexões. A empresa nasceu há duas décadas, com atuação em projetos de arquitetura, e ao longo dos anos implementou tecnologias e a gestão 4.0, mas somente entre 2010 e 2012 passou a criar produtos com tecnologias na incorporação.
É o caso do novo projeto, um empreendimento que traz uma interface de automação dentro de casas inteligentes. O condomínio, que ainda vai começar a ser construído em julho, traz integração na central de automação, iluminação, televisão e aparelhos de áudio e vídeo, fechadura eletrônica, espera de tomada para carro híbrido e placa solar.
Controle
O destaque é o aplicativo próprio, que será usado para comandos da casa, como iluminação, ar-condicionado, áudio e vídeo, além de acesso ao condomínio e às câmeras, chegada de correspondência, chegada e liberação de visitantes, recebimento de delivery de comida e contratação de serviços como lavanderia, taxi dog, diarista, piscineiro, jardineiro e outros.
Haverá também uma fechadura eletrônica, que permitirá controlar a abertura da porta por senha, biometria e pelo seu celular, por meio do aplicativo, e apenas pessoas com a digital cadastrada ou liberadas com a senha podem entrar.
“Um condomínio inteligente utiliza tecnologias para melhorar sua eficiência e segurança. Algumas das tecnologias utilizadas são monitoramento, podendo ser um sistema de câmeras de segurança, e o funcionamento automático de sistemas em horários pré definidos - um exemplo é o acionamento automático da iluminação e irrigação do jardim”, destaca Lamartine.
Na opinião dele, as tecnologias de automação residencial e condominial estão cada vez mais avançadas, e a tendência é que os condomínios utilizem mais esses sistemas, principalmente por trazer eficiência energética, diminuindo desperdícios e gerando economia de energia.
Esse comportamento, segundo o arquiteto, tem sido observado com mais frequência nas maiores capitais do Brasil e do mundo. A inspiração para o projeto no Brasil vem, principalmente, de Curitiba, uma capital que se destaca no uso de diferentes tecnologias e, por isso, conhecida como uma cidade inteligente.
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Marluce Moreira é diretora executiva de outra empresa que tem priorizado a tecnologia. Ela diz que o negócio sempre esteve atento às inovações e oferece energia solar em imóveis. “Apesar de a energia solar não ser algo tão recente, é uma tecnologia que agrega muito valor ao produto por proporcionar uma boa economia aos clientes. Por se tratar de um diferencial, a energia solar não poderia ficar de fora do nosso empreendimento. Pensando sempre em oferecer um melhor jeito de viver aos nossos clientes, decidimos, portanto, adicionar ao nosso projeto essa tecnologia”, comenta.
Esta é uma tendência, segundo Marluce, e hoje os clientes têm interesse por rotinas mais tecnológicas. Na avaliação da diretora executiva, o mercado almeja por tecnologias que tragam facilidades e, principalmente, economia financeira – e a energia solar é uma solução que atende a esses desejos.
“Se bem utilizadas, as tecnologias podem trazer redução de custo e não aumento. A precificação de um imóvel leva em consideração, entre outras variáveis, as de valor, os diferenciais do produto. Tudo isso pode posicionar o produto em uma classificação de alto padrão. Grande parte dos empreendimentos que fazem uso dessa tecnologia consegue gerar uma redução nas despesas condominiais através da queda do valor da conta de energia, e os proprietários dos imóveis podem usufruir de taxas condominiais mais baixas”, destaca.
Adaptação
Como, atualmente, é mais perceptível a presença de imóveis dotados de dispositivos inteligentes, que proporcionam uma melhoria de eficiência e qualidade de vida dos seus usuários, tendo como principal ferramenta a inovação tecnológica, empresas de projeto, construtoras e incorporadoras têm buscado agregar essas ferramentas em suas obras. É o que diz o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA), Alex Carvalho.
Segundo o representante do setor, o mercado local começa a se inserir nesse cenário e a acompanhar a tendência mundial e de outras cidades do Brasil, porém, ainda com certo atraso. “Essa questão é proveniente da falta de políticas públicas que tragam estímulo para projetos mais inovadores, com tecnologias de concepção e de operação mais avançadas, porque isso onera o custo dos empreendimentos e, por estarmos em uma região geograficamente distante dos grandes centros produtores dessas tecnologias, é necessário entender que temos uma dependência de viabilidade econômica”, explica.
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Em alguns casos, em outras cidades, Alex lembra que o poder público adotou medidas de estímulo às construções inovadoras tecnologicamente e sustentáveis ambientalmente, o que serviu para contrabalançar a elevação dos custos de concepção e de construção dos empreendimentos. E, localmente, ele afirma que o mercado já aponta para que essa tendência seja uma realidade, e os clientes já buscam e estão dispostos a pagar mais para residir ou trabalhar em imóveis que tragam a compensação econômica e ambiental.
Mesmo com a distância da capital paraense em relação aos grandes centros tecnológicos, o presidente do Sinduscon garante que o mercado paraense vem buscando massificar a adoção de conceitos e dispositivos inovadores e sustentáveis nas construções. “O próprio cliente, atualmente, já busca inovação tecnológica, então cabe ao mercado também atender às necessidades de consumo, de estilo de vida e de práticas que estejam cada vez mais alinhadas com a demanda”, pontua.
Hoje, de acordo com o representante da classe, já existem exemplos de avanços conquistados localmente, e ele acredita que, à medida que um ambiente mais “propício”, capaz de absorver e tangenciar obstáculos naturais e econômicos, suja, a tendência é que haja um avanço e transformação “muito positiva”. Já o arquiteto Lamartine Camilo diz que, embora o mercado de construção civil esteja se adaptando à nova realidade, a mão de obra qualificada para esse tipo de serviço ainda é escassa na capital.
Um detalhe importante é que, segundo Alex, os imóveis com novas tecnologias têm os mais variados padrões, dos mais econômicos aos mais luxuosos. Para todos os padrões econômicos de construção, diz o presidente, há sempre alguma ferramenta tecnológica adequada e compatível, seja no conceito do projeto, na produção e no uso.
Lamartine avalia que as evoluções tecnológicas impactam de forma positiva no preço de produtos em geral, pois, quanto mais uma tecnologia é conhecida, mais se recebe incentivos nos avanços e descobertas, impactando de forma positiva no preço, o tornando mais acessível. “Ter um sistema de automação residencial era muito mais caro 10 anos atrás, por exemplo, e apenas casas de alto padrão tinham acesso a esse tipo de sistema”, lembra.
O que pode fazer uma casa ser 'inteligente'?
- Integração na central de automação
- Controle de iluminação, televisão e aparelhos de áudio e vídeo
- Fechadura eletrônica
- Espera de tomada para carro híbrido
- Placa solar
- Controle de câmeras automatizado
- Aplicativo para uso inteligente
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