Congregação italiana atua no Pará desenvolvendo projetos sociais
Os Pobres Servos da Divina Providência têm projetos que contam com escolas de diversos níveis, hospitais e casas de apoio
A cooperação histórica entre a Itália e o Brasil vem ganhando novos rumos no Norte do país com o trabalho desenvolvido pela Congregação Pobres Servos da Divina Providência. A instituição tem uma sede em Marituba, Região Metropolitana de Belém, e o foco da missão dos religiosos alcança os mais variados lados da sociedade. Os atendidos, por exemplo, contam com formação educacional, social, humana e atendimento médico. Além disso, projetos futuros, que tem como objetivo aumentar o desenvolvimento da população, estão sendo planejados, como a criação de uma universidade voltada para cursos da saúde e tratados que fortaleçam o comércio.
O irmão Gedovar Nazzari, administrador geral da Congregação, relembra que tudo começou na década de 1960, quando Marcelo Candia, um empresário italiano, leigo e missionário, desembarcou em Macapá, capital do estado do Amapá. Lá, ele fundou um hospital voltado para pessoas com hanseníase - doença que atinge principalmente a pele. Depois, Candia teve a colaboração de Dom Aristides para desenvolver projetos em Marituba, até que os Pobres Servos da Divina Providência - grupo fundado por São João Calábria em Verona, na Itália, no início do século passado - assumiram a missão. “E, hoje, a gente tem também uma visão de futuro para prosseguir no desenvolvimento dessas atividades”, afirma.
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Na área da educação, a instituição faz um atendimento diário de mais de 4,6 mil crianças e jovens em escolas de nível infantil, fundamental, médio e profissionalizante. O trabalho socioeducacional é coordenado pelo Instituto Pobres Servos da Divina Providência. A Congregação também atua no atendimento à saúde por meio do Instituto Francisco Pérez. “Temos o abrigo João Paulo II; o Centro Dermatológico Dr. Marcelo Candia, voltado para cura, diagnóstico e reabilitação da hanseníase; o Hospital da Divina Providência e a Casa da Criança, que atende crianças deficientes em Belém. Nessas atividades, a gente conta com mais de 600 colaboradores e mais de 140 mil atendimentos por mês”, lista Gedovar.
Atenção sanitária, educacional, social e paroquial
Junto a diferentes tipos de parcerias, tanto internacionais, quanto locais, a Congregação conta o apoio de entidades governamentais para manter os projetos em funcionamento. Padre João Pilotti, diretor do Centro Educacional e Social de Marituba, do abrigo João Paulo II e da Casa da Criança, destaca que a diversidade de atendimento em cada ação é um diferencial adotado e explica que a atuação de cada atividade é moldada conforme uma filosofia vinda dos ensinamentos de São João Calábria. “Visamos, especialmente na área da educação, desde a criança até a profissionalização, inclusive para adultos, uma inclusão, que é a 360 graus”.
“Visamos o desenvolvimento das pessoas, que elas consigam, através desse processo, adquirir valores, consciência, dignidade e competências para depois se projetarem, também, na área de mercado, na área de subsistência humana, de dignidade, respeito dos direitos e deveres. A gente procura fazer todo esse trabalho. E, em geral, não se visa lucro, nós visamos sempre o desenvolvimento humano da pessoa. Daí o porquê nós buscamos parcerias privadas, internacionais, nacionais e estaduais. Buscamos essas parcerias justamente para desenvolver isso”, pontua o padre.
Congregação planeja ações futuras voltadas para a Amazônia
Junto às atividades já em andamento por meio da Congregação Pobres Servos da Divina Providência, outros projetos estão em análise para começarem a ser colocados em prática, como uma parceria bilateral para fortalecer o comércio italiano e brasileiro, uma rede de apoio a meninas em situação de vulnerabilidade e a criação de uma universidade voltada para a área da saúde, com cursos de medicina e enfermagem. Irmão José Brunelli, de 74 anos, é assessor da instituição e ressalta que o objetivo é fortalecer as pesquisas amazônicas no campo, aumentar o número de profissionais na região e dar incentivo para que eles continuem atuando no local.
“Queremos que esse momento seja de grande perspectiva futura. As novidades que nós agora queremos incluir neste grande projeto, ligado também à COP30, tem a ver com o que já se está fazendo. Então, uma das iniciativas mais qualificadas é aquela da formação, junto também com a Igreja Católica de Belém, de iniciar uma faculdade de medicina com o apoio hospitalar de Marituba para dar corpo a uma formação médica que tem a característica que os jovens que se aproximam desta missão médica sejam radicados a terra em que vive e, sobretudo, fazer com que essas pessoas que serão formadas, possam viver no território do estado e da Amazônia”, completa.
A ideia surgiu a partir do contexto de necessidade da região em ter mais profissionais. A Congregação espera a liberação de uma portaria dos órgãos responsáveis para poder dar início ao processo de implementação dos cursos, que terão bolsas e créditos estudantis aos interessados. Por outro lado, ainda, o grupo planeja a implementação de um câmara de comércio para o fortalecimento das importações e exportações de produtos. “Ela [a câmara] vai reunir interesses bilaterais por parte de Belém e da região amazônica para se colocar uma forma de colaboração entre o comércio que é organizado na vida italiana do ponto de vista institucional, para formar acordos”, finaliza José.
Hospital local será utilizado pela faculdade
O Hospital da Divina Providência, localizado em Marituba e gerenciado pelo padre Fernando Tchilunda, será a unidade que servirá como referência para os futuros estudantes da faculdade. “Somos porta aberta para três realidades fundamentais: hemodiálise, a obstetrícia e temos a ortopedia. Só para terem uma visão, para a hemodiálise nós temos uma meta de existência de 1.863 sessões por mês, e na ortopedia temos a média e alta complexidade. Temos uma meta de 300 cirurgias por mês, temos também a obstetriz, temos uma meta de 180 partos por mês. Em 2022, nós tivemos uma abrangência de 112 municípios do Pará”, relata o sacerdote.
“E atualmente temos este plano de desenvolvimento. Então, temos este plano. Desenvolver a pesquisa e também oferecer o hospital para campus universitário. E isto é colaboração com a arquidiocese de Belém, com o D. Alberto Taveira. É um projeto ambicioso, com seus desafios, mas tudo é possível e para que isso seja possível, o hospital precisa apreciar as futuras instalações, com um centro clínico que possa oferecer salas de aula, de espaço, laboratório e pesquisa para esses alunos. Este é o projeto de esta grande edição que temos”, conclui.