Profissionais dedicam a vida em prol da sociedade através de trabalho voluntário
Projetos que levam propósitos diferentes e assistência a pessoas em vulnerabilidade ganham destaque no Pará
Entender que o sentido de uma profissão vai além de lucros pessoais e pode ser, também, usada em prol da sociedade e do bem estar coletivo é o que permeia o dia a dia de trabalho de duas advogadas do Pará. De um lado, na cidade de Óbidos, no Baixo Amazonas, Marcelia Bruna atua promovendo a consciência da importância de uma vida com propósito em jovens da região. Ao todo, mais de 1.000 pessoas já foram impactadas. Do outro, na Região Metropolitana de Belém (RMB), Neila Costa desenvolve um trabalho de empoderar mulheres em situação de vulnerabilidade por meio de assistência jurídica voltada para o empreendedorismo.
O que une as duas é o sentimento de devolver um pouco para a sociedade tudo que já receberam de bom e que as fizeram alcançar o que alcançaram. Marcelia tem 28 anos e começou a palestrar sobre acreditar no processo que leva ao objetivo de uma vida melhor em dezembro de 2022 e, de lá para cá, já viu resultados em muitas famílias. “O mais legal de tudo é receber o depoimento dos pais. Na última palestra que fiz, em Óbidos, tinham mães e elas me mandaram mensagem depois dizendo o quanto foram impactadas. A palestra impacta vidas”, afirma.
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População ribeirinha recebe atenção
Além do projeto que visa impactar a vida das pessoas e promover um propósito diferente para elas, Marcelia busca tornar a linguagem do Direito acessível para a população ribeirinha por meio do Cidadão Orientado, um programa em uma rádio de Óbidos. Hoje, já virou podcast. A falta de recursos para manter as duas iniciativas, entretanto, acaba dificultando o andamento delas. “O projeto deveria alcançar muito mais, mas falta recurso. Eu preciso me ausentar do escritório em que trabalho por muito dias em decorrência das distâncias do interior da Amazônia e o custo financeiro é grande”, lamenta.
“O motivo que me faz permanecer no projeto é saber que mais pessoas e mais jovens que estão na condição em que eu estive, ou em condição pior, podem chegar muito mais longe do que eu já cheguei. É saber que mais pessoas podem ter a vida transformada, a vida de suas famílias, porque, quando você muda a sua classe econômica, você afeta todo mundo ao seu redor. O que me faz permanecer é que, com as minhas cicatrizes, outros jovens podem chegar ainda mais longe e melhorar as realidades. O que a gente tem hoje é uma forma de retribuir para a comunidade”, finaliza.
Advogada ajuda mulheres a empreender
A advogada Neila Costa, que há 18 anos atua na área, é uma das criadoras do projeto Empodere-se, localizado em Marituba, na RMB. A ideia surgiu a partir da necessidade de ajudar mulheres em situação de violência doméstica a conseguir independência financeira e outros serviços para sair da situação. “Eu sempre tive essa vontade de devolver um pouco para a sociedade tudo que eu recebi desde que me formei. Consigo ajudar muita gente prestando assessoria, realizando palestras em comunidades carentes, levanto serviço de orientação jurídica e implementação de conhecimento através de outras áreas”, diz.
Com o tempo, Neila afirma que foi entendendo as outras formas que tinha para ajudar e começou, junto com uma amiga, a auxiliar mulheres. Do início do projeto, em meados da pandemia da covid-19, até agora, mais de setecentas pessoas já foram atendidas e orientadas para ingressar de forma correta no mundo do empreendedorismo, além dos ensinamentos sobre marketing e gerência. “Fazer parte do projeto, para mim, foi uma realização de um sonho. Me sinto privilegiada de poder estar ajudando, acompanhando as mulheres em audiências, mas, também, para aquelas que querem se formalizar e a gente tenta fazer com que isso ocorra de forma empresarial, mostrando os caminhos”, destaca.
Evolução
O Empodere-se evoluiu e conta, atualmente, com um espaço compartilhado entre as empreendedoras: uma galeria para expor os produtos. “Com o tempo, a gente vê outras formas de fazer com que isso chegue a mais pessoas. Continuo nesse trabalho pela vontade de ajudar o próximo. Ver essas pessoas prosperando e ver que, de alguma forma, eu posso ajudá-las nessa caminhada, é uma satisfação pessoal… Isso não tem preço. Quem faz trabalho voluntário, tem como melhor forma de pagamento essa gratidão de poder ver que você contribuiu de forma positiva na vida da pessoa. Essa contribuição positiva é a contrapartida da nossa atuação”, conclui Neila.