Vitória de Javier Milei mexe no cenário geopolítico da América Latina

Argentina terá um presidente à direita como Equador, Paraguai, Uruguai, Guatemala, El Salvador e Costa Rica

Gustavo Fretias, Especial para O Liberal
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A vitória do libertário Javier Milei alterou a situação política da Argentina e inseriu o país no bloco de vizinhos com chefes de Estado ideologicamente à direita. A saída do peronista Alberto Fernández também significa a perda de um aliado próximo ao presidente Lula, que passará a lidar com Javier Milei, ideologicamente ligado a Jair Bolsonaro.

A partir do dia 10 de dezembro, a Argentina estará em situação similar ao Equador, Paraguai, Uruguai, Guatemala, El Salvador e Costa Rica, países governados por presidentes à direita.

Em 2024, se a tentativa de ruptura institucional em andamento fracassar, a Guatemala passará a ter um presidente de esquerda, Bernardo Arévalo, eleito em agosto deste ano.

No México também haverá eleição no próximo ano, mas as pesquisas indicam que a alta popularidade do presidente López Obrador será suficiente para eleger seu sucessor, mantendo o país sob comando progressista.

O cenário está indefinido no Peru, atualmente governado por Dina Boluarte, vice de Pedro Castillo, de esquerda, que foi destituído do cargo e preso em dezembro do ano passado. A popularidade de Dina é baixa, o que deixa o cenário político em aberto.

image (O Liberal)

No Uruguai, o atual presidente de direita, Lacalle Pou, termina seu mandato em 2024 e a constituição uruguaia não permite a sua reeleição. Embora não seja popular, sua rejeição é baixa, tornando o cenário indefinido para as eleições no segundo semestre.

No Chile, embora não haja eleição presidencial no próximo ano, o atual presidente de esquerda, Gabriel Boric, vive momentos de baixa popularidade e muita dificuldade para governar.

A Constituinte do Chile, uma das principais plataformas políticas de Boric e da esquerda chilena, está sendo controlada pela direita de Antonio Kast, candidato derrotado nas eleições de 2021.

A impopularidade também atinge Gustavo Petro, na Colômbia. O progressista foi eleito em 2022 e hoje tem seu governo reprovado por 64% dos colombianos.

Recentemente, após ser preso por acusação de lavagem de dinheiro, o filho do presidente afirmou que um traficante doou para a campanha do pai. Petro foi o único líder no campo democrático a lamentar publicamente a vitória de Javier Milei, alegando que "este é um momento triste para a América do Sul".

No campo da direita, Milei se torna a principal voz ideológica na região, mas precisará dialogar com setores divergentes para solucionar a crise argentina. O país vive uma escalada desenfreada da inflação, que chegou a 148% em 2023, e o maior aumento de preços nos alimentos desde 1991.

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