Vereadores pedem que shoppings de Belém adotem medidas antisuicídio
Instalação de redes e telas de proteção nos andares mais altos do estabelecimentos foi apontada como medida fundamental
A Câmara Municipal de Belém aprovou, nesta segunda-feira (23), um requerimento que será encaminhado aos shoppings da capital paraense solicitando medidas de prevenção ao suicídio. O pedido chega após um shopping na avenida Doca de Souza Franco registrar dois casos de suicídio em uma única semana.
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Na opinião do autor do requerimento, o vereador Pablo Farah (PL), os parlamentares devem se reunir com a gerência do shopping para discutir um programa robusto de resposta a esses casos, visto que o estabelecimento não pode se eximir da responsabilidade pelas pessoas que transitam no local.
"O Shopping Boulevard precisa estar atento a essa situação porque não é o primeiro caso. Somente esta semana foram dois. Achei louvável o Ministério Público também sinalizar a recomendação de medidas. Podemos colocar telas de proteção para, pelo menos, dificultar a ação de uma pessoa que está passando por um momento difícil, abalada. Enquanto cidadãos a gente tem que se preocupar. Agora, enquanto estabelecimento comercial que gera milhões... acho que eles têm que ter essa preocupação, esse senso de humanidade e não ficar em silêncio, omissos. Que se gaste. Todo investimento feito para salvar vidas é produtivo", avalia o parlamentar.
O vereador Juá Belém (Republicanos) lembrou que o problema se estende também aos profissionais que trabalham nos shoppings, pois, tragédias como essas afetam o psicológico dos trabalhadores.
O vereador Igor Andrade (Solidariedade) pontuou que os suicídios também causam riscos aos transeuntes desses espaços comerciais. "Imagina se uma pessoa se atirar em cima de outra que está passando? É mais uma tragédia", lamentou.
Já o vereador Fernando Carneiro (PSol) classificou os suicídios como uma endemia e alertou que os shoppings devemcontar com espaços de conscientização sobre saúde mental.
O vereador Fábio Souza (PSB) protocolou um projeto de lei no mesmo sentido, que ainda irá tramitar nas comissões da Câmara. Na opinião dele, hoje a sociedade precisa lidar com uma geração afiada no uso da tecnologia e da internet, mas com relações interpessoais comprometidas. "A rede mundial julga e condena pessoas, dita comportamentos, e muitas vezes os jovens não conseguem lidar com tudo isso. O trauma de ver uma pessoa se atirando é para o resto da vida, difícil de superar. Peço aos pais que observem os filhos, preservem um bom papo. Infelizmente, essa [o projeto de lei] é uma ação paliativa", conta.
De acordo com a vereadora Lívia Duarte (PSol), é necessário discutir a rede de apoio à saúde mental disponibilizada pelos serviços municipais de saúde pública e assistência social. Para ela, a relação entre demanda e oferta na capital ainda está muito aquém da necessidade das pessoas e, portanto, é precária. "A gente não está falando só de tela de proteção. É fundamental. Temos que ter uma comissão que vá até o Shopping Boulevard exigir que tenha tela no estacionamento também. Precisamos entender que esse é um problema crônico de uma sociedade adoecida. Precisamos pedir a contratação de psicólogos em Unidades Básicas de Saúde, em hospitais, escolas. E a gente precisa formar as pessoas. O que os seguranças estão fazendo ali além de seguir quem pensam serem suspeitos de furtos?", questiona.
A ideia apresentada pelos vereadores de Belém já é realidade em outras cidades brasileiras. Em 2020, após dois casos de suicídio em uma mesma semana, um shopping de Ribeirão Preto (SP) adotou telas de proteção na parte interna do estabelecimento. Já em maio de 2021, os vereadores do município de Barueri (SP) aprovaram por unanimidade um projeto que obriga estabelecimentos com grande circulação de pessoas, como shoppings e escolas, a instalarem telas de proteção em locais onde possa haver risco de queda. O descumprimento da medida está sujeito a multa de R$ 47 mil.
Projetos similares já tramitaram na Câmara Municipal de Vitória (ES), na Assembleia Legislativa do Ceará e no Congresso Nacional.
A redação integrada de O Liberal entrou em contato com as administrações dos shoppings da capital, com a Prefeitura de Belém e com o Ministério Público do Pará para pedir um posicionamento sobre o assunto e aguarda respostas sobre o tema.
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