Tentativa de ataque a bomba em Brasília por empresário paraense completa um ano; relembre o caso
Ataque terrorista: George Washington de Oliveira Sousa tentou explodir uma bomba próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília e foi preso
A tentativa de ataque terrorista em Brasília completa um ano neste domingo (24). Na véspera do Natal de 2022, um sábado, o empresário paraense George Washington de Oliveira Sousa, que saiu do Pará para protestar contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), montou o artefato explosivo que foi posicionado próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília, em um caminhão de combustível. Ele e outras pessoas que questionavam o resultado da eleição tentavam, com essa atitude, criar uma situação de caos para permitir intervenção militar e decretação de estado de sítio.
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Porém, o motorista do caminhão percebeu o pacote e chamou a polícia, evitando uma tragédia. George foi preso ainda no dia 24 e confessou o crime. Desde então, o paraense está atrás das grades. Sob custódia da Secretaria de Administração Penitenciária do DF (Seape-DF), ele chegou a ficar em uma cela especial, no Complexo Penitenciário da Papuda, por motivos de segurança. Porém, em julho deste ano, foi transferido para uma cela comum.
Outros envolvidos
Foi George Washington quem montou a bomba, mas o paraense não pensou no plano terrorista sozinho. De acordo com a Polícia Civil, o plano foi elaborado no acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército na capital federal no dia 23 de dezembro.
No apartamento que o paraense tinha alugado em Brasília, foram encontrados fuzis, espingardas, revólveres, munição e explosivos. As investigações apontaram que ele gastou ao menos R$ 194,5 mil com armas e munições num período de aproximadamente um ano. George tinha registro de CAC (caçador, atirador, colecionador).
O que aconteceu com os envolvidos
No mês seguinte, em janeiro, Alan Diego dos Santos Rodrigues também confessou participação na tentativa de ataque. Em decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, George Washington foi sentenciado a nove anos e oito meses mais multa, enquanto Alan Diego teve pena de cinco anos e multa.
O blogueiro Wellington Macedo de Souza também participou da conspiração. Ele estava foragido e foi preso em 14 de setembro, no Paraguai. Acabou condenado a seis anos de prisão e multa também por receber a bomba de Alan e plantá-la no caminhão.
Os três seguem presos.
8 de janeiro
A tentativa de ataque a bomba no Aeroporto Internacional de Brasília antecedeu um dos fatos mais marcantes de 2022: os ataques de 8 de janeiro às sedes dos três poderes - Congresso Nacional (Legislativo), Palácio do Planalto (Executivo) e Supremo Tribunal Federal (STF) - que também teve a participação de manifestantes contrários ao resultado das eleições 2022 e que tentavam instigar um golpe militar contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo o STF, 2.151 pessoas foram presas em flagrante a partir do dia 8 de janeiro em Brasília, tanto nos atos que levaram à depredação dos prédios públicos em Brasília, como no acampamento em frente ao quartel general do Exército. Após a identificação, 745 pessoas foram liberadas imediatamente, entre elas maiores de 70 anos, idosos com problemas de saúde e mulheres que estavam acompanhadas de filhos menores de 12 anos nos atos.
No início desde mês de dezembro, quase 11 meses após os atos em Brasília, 102 pessoas permaneciam presas, segundo o Supremo Tribunal Federal (STF). Dessas, 32 pessoas foram presas durante os ataques às sedes dos três poderes e 70 tiveram prisões decretadas após essa data por meio da Operação Lesa Pátria da Polícia Federal (PF).
Até o dia 19 de dezembro, o Supremo já tinha condenado 30 executores dos ataques aos prédio públicos em Brasília. Eles respondem por abolição violenta do Estado democrático de Direito e pelos crimes de associação criminosa armada; golpe de Estado; dano qualificado; e deterioração de patrimônio tombado.
CPMI do 8 de janeiro
O Congresso Nacional instalou uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os atos antidemocráticos e os ataques em Brasília do dia 8 de janeiro. George Washington de Oliveira Sousa foi uma das pessoas que prestaram depoimento aos deputados e senadores. Na ocasião, ele admitiu que frequentou o acampamento montado em frente ao quartel-general do Exército em Brasília, mas negou que o episódio da bomba tenha relação com o ataque aos Três Poderes e com a tentativa de invasão da sede da Polícia Federal em 12 de dezembro.
A CPMI concluiu seus trabalhos no dia 18 de outubro com a aprovação (com 20 votos a favor, 11 contrários e uma abstenção) do relatório elaborado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) pedindo o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais de 60 indivíduos. Todos eles foram acusados de envolvimento na tentativa de golpe de Estado durante a invasão das sedes dos Três Poderes e outros crimes.
No caso de Bolsonaro, o relatório propôs que ele fosse indiciado por crimes como associação criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de depor um governo legítimo e emprego de medidas para impedir o livre exercício de direitos políticos. A oposição alegou parcialidade e tendenciosidade no relatório, uma vez que não incluiu membros do governo federal na lista de indiciados.
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