Políticos do PL, no Pará, analisam a possível filiação de Jair Bolsonaro ao partido

Prefeitos e parlamentares afirmam que ter um presidente filiado á legenda é importante

Natália Mello / O Liberal
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Deputados estaduais e prefeitos do Partido Liberal (PL) no Pará, além do deputado federal Cristiano Vale, presidente do diretório estadual do PL, consideram positiva a filiação do presidente Jair Bolsonaro ao grupo político. Entretanto, a maioria dos entrevistados pelo Grupo Liberal fez questão de ressaltar o compromisso com o governador Helder Barbalho, já que o partido é base aliada do chefe do Executivo estadual.

O prefeito de Breu Branco – sudeste paraense, Flávio Mezzomo, foi um dos políticos que destacaram a importância de alinhamento com o governador. “Está muito recente a notícia. Sei que o PL no Pará é base do Helder Barbalho, não sei como está a relação entre eles. Nosso compromisso aqui em Breu é com o governador, no que se refere ao nosso município, somos comprometidos com o governador. Não consigo ter uma análise se a entrada beneficia ou atrapalha, depende de uma conversa do Helder com o presidente do PL para poder dizer”, ponderou.

Líder do Executivo de Maracanã – nordeste do Pará, no Reginaldo Carrera diz esperar que o presidente “olhe com carinho para os prefeitos do PL”. “Ainda não paramos para analisar essa situação, até porque não fomos comunicados oficialmente pelo presidente do nosso partido. Para o partido fortalece, mas é uma situação delicada, tem aprovação e rejeição, mas esperamos que seja benéfico para nós do PL e que as coisas aconteçam. Acho que é bom sim”, analisa.

Thiago Pimentel é prefeito de Santarém Novo – também no nordeste. Ele pontua que, pelo fato em si, ter o presidente no partido é positivo, já que é o principal líder do país. “Só por aí é uma vantagem, na minha modesta opinião, que sou prefeito de um dos menores municípios do Pará. Mas tem que mudar a postura dele, seu comportamento de Chefe de Estado, às vezes não se comporta como um líder maior, fica batendo boca com as pessoas. De longe a gente percebe isso”, declarou.

Circunstâncias

O prefeito também se sente esperançoso a respeito de ações de desenvolvimento e distribuição de renda. “Espero que traga benefícios principalmente para o País e a nós também, companheiros de partido, para que possamos trazer mais desenvolvimento distribuição de renda, que é isso que a população espera de um homem público. Agora dizer se eu vou apoiar ele ou não é uma circunstância de momento”, concluiu.

Ainda no que se refere aos municípios, o prefeito de Viseu – nordeste paraense, Isaías Silva Neto, lembra que o sonho de todo e qualquer partido político é ter um presidente na república filiado. “Eleger o presidente, ter o presidente filiado, independente das circunstancias, é o sonho de qualquer partido. Agora, voltado a essa questão particular nossa aqui, eu falo pelo município de Viseu, que eu estou presidente do diretório, as decisões são tomadas a nível de estado sempre atendendo a um chamamento do nosso presidente estadual, que é o deputado Cristiano”, explicou.

Liberdade

O prefeito de Barcarena, Renato Ogawa, reforçou que, mesmo com uma decisão da nacional do partido, é comum os Estados terem liberdade para caminhar junto aos seus parceiros locais. “Ainda não tivemos oportunidade de reunir com o partido pelo estado, mas tenho certeza que o apoio ao governador Helder pelo PL é incondicional. Nós vamos continuar na base do governo, apoiando, e vamos administrar também politicamente com o nacional, levando em consideração que qualquer partido gostaria de ter um presidente filiado, mas primeiro vamos reunir a estadual do partido para discutir essa situação”, disse.

Na Câmara Municipal de Belém, o vereador Bieco disse que a surpresa foi bem grande e que a informação tem causada problemas em Brasília, onde muitos gostaram da notícia e muitos outros não gostaram nem um pouco. "Não há unidade com o nome do Bolsonaro, porém nós vamos respeitar a decisão do Waldemar. Mas tanto no estado do Pará quanto em Belém, temos encaminhamento político na chapa do Helder. Tanto em 2014 quanto na vitória em 2018 e vamos caminhar com ele em 2022. O presidente Bolsonaro não vai mudar em nada isso e, por agora, a gente deseja é boa sorte e que ele se reencontre para que possa ajudar o país", afirmou. Já o único correligionário dele no parlamento municipal, Pablo Farah, disse que prefere falar somente após as manifestações oficiais das executivas estadual e municipal do partido.

Para Júnior Tapajós, que é vereador em Santarém, a filiação do presidente ao Partido Liberal que foi anunciada para o próximo dia 22 deve dividir a legenda, mas o importante é que todos os filiados possam seguir defendendo os próprios ideais e opiniões.

"A política no Brasil está muito polarizada nos últimos anos. Caso se confirme, a entrada de Bolsonaro do PL pode, automaticamente, afastar alguns filiados do partido, mas também atrair novos filiados, aquelas pessoas que militam a favor dele. Acredito que o presidente estadual, deputado Cristiano Vale, e o PL deverá trabalhar uma autonomia não só no Pará como em todos os estados, para que todos se sintam à vontade em manter suas convicções políticas de apoiar ou não o projeto que está presidindo o Brasil neste momento, mas servindo de legenda-base para Bolsonaro concorrer às eleições presidente da república", afirma.

Parlamento estadual

Os deputados estaduais Antônio Tonheiro, Zé Maria Tapajós e Alex Santiago e o deputado federal Cristiano Vale, que pertencem ao Partido Liberal (PL), consideraram positiva a entrada de Jair Bolsonaro ao grupo político. O anúncio de que o chefe do Executivo Federal deve se filiar ao PL foi feito na segunda-feira (8), pelo presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto. O próprio presidente, em entrevista à CNN, confirmou que está "99% fechado com o partido". 

Os quatro deputados do Pará entrevistados pelo Grupo Liberal na terça-feira informaram ainda não terem sido comunicados oficialmente pelo Partido, mas que veem com bons olhos a adesão. “O PL nacional ainda não nos informou nada oficial. Em princípio, a filiação é positiva. Todo partido sonha em ter um presidente da república, sonha em chegar no mais alto posto do Executivo. A vinda do presidente é bem vista pela maioria dos deputados. Mas, na região nordeste do país, pela força que tem o ex presidente Lula, é natural que ocorra uma resistência ao presidente”, declarou o deputado federal Cristiano Vale, presidente do PL no Pará. 

Partido organizado

O deputado estadual Zé Maria Tapajós também acredita no ganho para o partido o fato de ter um presidente da república filiado. “Chegar ao Executivo, seja municipal, estadual ou federal, é bom, o plano é sempre estar nas três esferas. O partido receber a filiação de um presidenciável é bom e com mandato é ainda melhor. Falei ainda há pouco com o deputado Cristiano, e somos um partido organizado, lideranças que se entendem, e somos a base do governador Helder Barbalho, acreditamos que temos a liberdade no estado. Nosso plano é continuar no projeto de reeleição do governador, essa parte deve estar sendo observada e deve ser garantida, vejo com bons olhos”, concluiu.

O parlamentar estadual Alex Santiago lembra que é a primeira vez na história que o partido tem um presidente da República. “Vejo de forma positiva, sabemos que cada estado tem uma peculiaridade, especialmente o Nordeste, mas é bastante positivo com relação ao Estado do Pará, somos base aliada do governo do Estado, mas de forma geral nacional, vejo de forma positiva, o partido ganha destaque porque sabemos da força que é ter um presidente em exercício, acaba agregando mais admiradores, vai ter que ter a flexibilidade do presidente nacional e estadual para poder administrar de forma positiva a abertura do partido para novas filiações e o desenrolar para as filiações do ano que vem”, ressaltou.

Já Antônio Tonheiro declarou que o presidente é bem-vindo e deseja que seja bom para o Brasil e para o Pará. “Que seja bom para a população aqui. O presidente precisa de um partido e o PL é um partido hoje grande, de visibilidade, que tem condições de ter um presidente, e eleger um presidente. Então, estou junto com o partido, acredito que o que eles decidem é bom para o Estado e o Brasil. Fazemos um trabalho junto, de parceiro, assim como estamos com o governador Helder Barbalho, que não largamos ele”, finalizou Tonheiro, que está semana está na presidência da Assembleia Legislativa do Pará, no lugar de Chicão, que substitui Helder Barbalho no Poder Executivo. 

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