Parlamentar do Pará consegue assinaturas para CPI que vai investigar MST
Movimento é acusado pelo deputado estadual Toni Cunha de invadir terras no Pará, mas representante nega e garante que a última ocupação foi feita em 2015
O deputado estadual Toni Cunha (PSC) divulgou um vídeo, nesta terça-feira (21), em suas redes sociais, em que comemora a coleta de assinaturas necessárias para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que tem o objetivo de investigar ações do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). O parlamentar tem criticado o grupo por, supostamente, invadir terras no Pará, dizendo que trata-se de um movimento “terrorista”. Segundo ele, foram coletados os nomes de 17 apoiadores.
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Em suas redes sociais, Cunha disse, na semana passada, que quer investigar os líderes do MST, suas fontes de financiamento e quem os “comanda” na classe política. “Não vamos admitir que o Pará seja palco dessa célula terrorista que é o MST”, enfatizou, dias atrás. Em entrevista à reportagem nesta terça-feira, o deputado estadual explicou que o intuito é investigar “fatos recentes de invasão de terra”, citando uma fazenda em Tucuruí, e identificar os atores e as lideranças desses atos.
A reportagem solicitou nota à Polícia Civil (PC) para esclarecer os episódios mencionados pelo deputado Toni Cunha. Em resposta, o órgão apenas informou que equipes da Delegacia de Tucuruí, com apoio de agentes da Delegacia Especializada em Conflitos Agrários (Deca/Marabá), estiveram na Fazenda Ribalta, situada na BR-422, no município de Tucuruí, região sudeste do Pará, para apurar a tentativa de invasão a uma propriedade. "Com apoio também de militares do Batalhão Rural (PMPA), os ocupantes foram orientados e de forma pacífica deixaram o local", garante a PC.
Movimento social
Membro da coordenação nacional do MST, Jane Cabra explica que o Movimento “ocupa terras, não invade”. “A luta pela terra é para o MST um mecanismo para se realizar reforma agrária no país, uma das alternativas mais viáveis para o Brasil sair, definitivamente, do Mapa da Fome”, diz. No entanto, segundo a representante, a última terra ocupada pelo MST no Estado do Pará foi no ano de 2015, no município de Benevides.
“É fake news. A direita desse país sempre foi contra a luta pela terra, defendem o latifúndio e agora o agronegócio também - ambos causam miséria e exploração do trabalho na terra. É ideológico também, a velha armadilha de dizer que os movimentos sociais, e aqui os movimentos sociais do campo, invadem e roubam terra, fazendo com que a sociedade nos veja como os vilões, os que querem disseminar o mal. Assim, perpetuam os interesses da elite nacional e internacional no Brasil”, opina.
Ainda de acordo com a porta-voz do MST, se existe ocupação de terras, é porque ainda existem pessoas passando fome e desempregadas. “A ocupação não é ilegal, a Constituição diz que a terra deve cumprir sua função social, se o Estado brasileiro não faz cumprir esse artigo, colocando as terras nas mãos de quem realmente trabalha e produz, que são os camponeses desse país ou pessoas que, mesmo não sendo camponeses, não suportam mais viver a miséria das grandes cidades e querem produzir na terra, então as ocupações devem continuar existindo”.
Já o deputado Toni Cunha diz que a reforma agrária deve ser buscada pelo movimento “de maneira democrática e republicana”. “Queremos saber das fontes de financiamentos e quem está por trás do financiamento dessas ações, porque nós não podemos permitir que isso volte a ocorrer como sempre ocorreu no Estado do Pará, gerando violência e gerando morte. Só quem tem o monopólio do uso da força na democracia é o Estado. Se eles acham que as terras são ocupadas de maneira ilegal, que procurem o Poder Judiciário. Só ele pode determinar o uso da força através do aparato estatal”, destacou.
Toni Cunha ainda declarou à equipe de O Liberal que não vai “admitir o exercício arbitrário” do Movimento. “Sabemos que o objetivo maior não é fazer reforma agrária, mas gerar um curral eleitoral com base nessa questão. O partido que alimenta o MST, que é o PT, esteve no poder por 16 anos e não fez reforma agrária”, critica. O delegado finalizou dizendo que é preciso tornar o Pará um Estado seguro para quem quer investir e produzir.
Além da PC, a reportagem ainda tentou contato com o Sindicato de Produtores de Tucuruí, que não deu retorno a tempo.
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