Operação do Ministério Público prende presidente da Câmara de Vereadores de Maracanã
A investigação apura crimes de associação criminosa e peculato
O Ministério Público do Pará (MPPA), por meio do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou uma operação nesta terça-feira (24) que prendeu temporariamente o presidente da Câmara de Vereadores de Maracanã, José Maria do Socorro Silva Rebelo, conhecido como Cacaia Rabelo . A investigação apura suspeitas de crimes de associação criminosa e peculato.
A operação Gênesis – nome dado pelo Grupo de Atuação – também cumpriu seis mandados de busca e apreensão em Maracanã, Castanhal e Belém. Foram apreendidos celulares, computadores e documentos, que serão analisados. Além do presidente da Câmara, a tesoureira da Casa também foi afastada de suas funções.
De acordo com o MPPA, o esquema encontrado na Câmara Municipal – segundo a denúncia inicial e as evidências localizadas - consistia na emissão de notas fiscais por parte de duas empresas sediadas em Castanhal, “pessoas jurídicas que recebiam o valor total, mas não entregavam o material objeto da suposta aquisição”, diz o Ministério Público. Após receberem os valores, as empresas devolviam a maior parte do dinheiro público para os agentes que controlam as contas públicas da Câmara Municipal de Maracanã.
O procedimento investigatório iniciou em novembro de 2021. Na época, uma ex-servidora da Câmara Municipal registrou um boletim de ocorrência acusando Cacaia Rabelo de abuso moral e sexual, além de desvio de dinheiro público para pagamento de contas pessoais e acordos com outros políticos. A denúncia também foi publicada em uma rede social, pois a funcionária estaria sendo difamada na cidade e sofrendo retaliações que a levaram, inclusive, a ser exonerada do cargo que ocupava há 12 anos.
Quando a denúncia se tornou pública Cacaia Rabelo falou em entrevista a O Liberal e negou as acusações de prática de “rachadinha”, abuso e desvio de verbas. O político disse que a denunciante era uma das pessoas de confiança dele na Câmara e atuava junto com o escritório de contabilidade de Belém, que ele havia contratado enquanto presidente da Casa.
“(Ela) saiu emprestando dinheiro de todos os comerciantes e agiotas da cidade no meu nome; R$ 10 mil de um R$ 15 mil de outro. Descobri isso de agosto para cá. Pra que eu ia querer esse dinheiro todo? A gente ganha R$ 3.800 lá na Câmara, tudo que fiz foi com meu dinheiro. Não bebo, não fumo, tenho trabalho social”, alegou ele, afirmando ainda que a empresa e a servidora seriam as responsáveis por fazer as notas para pagamento dos fornecedores.
“Eu nunca mandei pedir um tostão no comércio, meu nome é limpo. Ela pedia para não me falarem. Pediu R$ 10 mil para o próprio cunhado no meu nome, que também é vereador, mas ele foi meu amigo, disse pra ela falar comigo. Tirei das mãos deles, fui fazendo as mudanças na casa, colocando todo mundo na lei”, disse Rabelo.
As investigações prosseguem em segredo de justiça, sendo os próximos passos a análise do conteúdo dos aparelhos celulares, computadores e documentos apreendidos. A expectativa é que o vereador seja ouvido pelo MPPA na próxima sexta-feira.
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