Na Bélgica, Lula critica a desigualdade e o extremismo político em discurso na Bélgica
Presidente do Brasil fez vários encontros bilaterais durante estadia em Bruxelas
Durante a abertura da 3ª Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia, em Bruxelas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva proferiu um discurso abordando diversos temas, como democracia, extremismo político, guerra na Ucrânia, meio ambiente e combate à fome. O encontro reúne cerca de 60 líderes estrangeiros dos países-membros dos dois blocos e marca a retomada das reuniões de líderes dos continentes, que não ocorriam desde 2015.
Lula destacou a ameaça representada pelo extremismo político, a manipulação da informação e a violência contra minorias nas regiões, defendendo a importância da diversidade e dos direitos de grupos como mulheres, negros, indígenas, LGBTQI+, pobres e migrantes. Além disso, ele ressaltou a necessidade de políticas de inclusão social, digital e educacional, bem como a regulação do setor digital, com uma coordenação internacional para combater ilícitos cibernéticos e desinformação.
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O presidente brasileiro também criticou o atual modelo de governança global, que perpetua assimetrias e reduz oportunidades para países em desenvolvimento. Ele mencionou a crise multidimensional no Haiti. "No Haiti, temos uma grave crise multidimensional, que não se resolverá caso seja abordada apenas pelas vertentes migratória e de segurança. Sua superação ocorrerá com a mobilização de recursos adequados para projetos de desenvolvimento estruturantes", exemplificou.
Crítica à atuação do Coselho de Segurança
Em relação à guerra na Ucrânia, Lula ressaltou que isso evidencia a inadequação do Conselho de Segurança da ONU para lidar com os desafios globais de paz e segurança, repudiando o uso da força como meio de resolver disputas e criticando sanções econômicas que penalizam as populações mais vulneráveis. "Seus próprios membros não respeitam a Carta da ONU. Em linha com a Carta das Nações Unidas, repudiamos veementemente o uso da força como meio de resolver disputas. O Brasil apoia as iniciativas promovidas por diferentes países e regiões em favor da cessação imediata de hostilidades e de uma paz negociada. Recorrer a sanções e bloqueios sem o amparo do direito internacional serve apenas para penalizar as populações mais vulneráveis", argumentou.
A crise ambiental global e as desigualdades sociais também foram temas abordados pelo presidente. Lula criticou os padrões de consumo incompatíveis com a sustentabilidade do planeta e o aumento da desigualdade, especialmente após a pandemia. Ele destacou que, apesar dos alertas emitidos, ainda há negação da crise climática e falta de adoção de medidas concretas. O presidente ressaltou a existência de 735 milhões de pessoas passando fome e enfatizou a necessidade de ações efetivas para combater esse problema. Além disso, Lula criticou a falta de cumprimento da promessa dos países ricos de destinar US$ 100 bilhões ao ano para países em desenvolvimento como forma de compensação pela crise do aquecimento global.
Reforma da governança
No discurso, Lula anunciou seu compromisso em trabalhar pela reforma da governança global durante a presidência temporária do G20, que o Brasil assumirá no próximo ano. Ele encerrou seu pronunciamento reforçando a importância de construir um mundo diferente, afirmando que "um outro mundo é possível" e destacando que a Cúpula Celac-União Europeia é uma oportunidade para afirmar essa possibilidade e construir um futuro melhor com a colaboração de todos.
Além da participação na cúpula, Lula também se encontrou com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para discutir o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. O presidente expressou esperança de que um acordo entre os blocos possa ser concluído ainda em 2023. Ele também teve reuniões com outros líderes políticos, como o rei da Bélgica, Philippe Léopold Louis Marie, e o primeiro-ministro belga, Alexandre De Croo. O retorno do presidente Lula a Brasília está previsto para quarta-feira (19).
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