Helder Barbalho: ‘2025 será o ano do Pará’
Governador falou sobre as perspectivas da gestão estadual para o ano que vem em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal
O governador do Pará, Helder Barbalho, acredita que o estado irá assumir o protagonismo da agenda ambiental no Brasil com a realização da COP 30 na capital em novembro. Em entrevista exclusiva, Helder também disse que pretende alinhar os esforços de seu governo com as políticas públicas federais, oportunizando o desenvolvimento sustentável na Amazônia por meio do turismo e da bioeconomia, além de industrializar a produção de cacau e de açaí para atender ao mercado global. Confira a íntegra da entrevista abaixo.
Governador, 2025 será um ano decisivo para o Brasil e para o Pará se posicionarem no cenário global. Como o senhor avalia o papel do nosso estado no fortalecimento da agenda de sustentabilidade e de bem-estar social que o Brasil está retomando, especialmente com a Amazônia como protagonista?
Helder Barbalho: Eu reafirmo que 2025 é o ano do Pará, é o ano da Amazônia. É a oportunidade que temos de posicionar o nosso estado como locomotiva desse processo de reestruturação econômica, com um novo olhar do Brasil para a agenda da sustentabilidade. É a chance de liderarmos pelo exemplo, chamando a atenção para que o mundo compreenda os desafios ambientais que enfrentamos. Esses desafios exigem que a Amazônia seja vista não apenas pelo papel da floresta no equilíbrio climático, mas também pela responsabilidade global em construir soluções baseadas na natureza. Essas soluções devem garantir a preservação ambiental, empregos verdes e novas economias, como a bioeconomia, aproveitando nossa biodiversidade. Além disso, o pagamento por serviços ambientais e o mercado de carbono são oportunidades de remuneração para preservar a floresta, revertendo benefícios aos povos indígenas, quilombolas, extrativistas, agricultores e pecuaristas. Ter a COP em Belém é colocar nossa capital como a capital da floresta e da Amazônia, deixando um legado ambiental e social. Estamos trabalhando para que 2025 produza uma agenda ambiental que posicione o Pará no protagonismo, garantindo que as oportunidades advindas da COP se revertam em desenvolvimento. Isso inclui grandes obras, como as que já estão sendo realizadas na capital e em todo o estado, promovendo investimentos e melhorias significativas.
Como alinhar os esforços do seu governo em 2025 com as políticas públicas do governo federal?
Helder Barbalho: É fundamental integrar ações. Hoje, cerca de 70% do território paraense está sob responsabilidade da União, envolvendo órgãos como Ibama, ICMBio, Polícia Federal e Forças Armadas. O restante é de responsabilidade estadual e municipal. Trabalhar em sintonia é essencial para combater as ilegalidades ambientais. Sempre digo que comando, controle e fiscalização são indispensáveis, mas, sozinhos, não bastam. Precisamos oferecer oportunidades para que o desenvolvimento sustentável ocorra. Nosso grande desafio é fazer com que a floresta viva tenha mais valor do que a floresta derrubada. Preservar deve gerar renda para nossa população.
Helder Barbalho, governador do Pará, no estúdio da Redação Integrada de O LIBERAL (Tarso Sarraf / O Liberal)
O senhor acredita que a COP 30 pode consolidar o Pará como referência global em soluções para a crise climática? Quais iniciativas locais podem contribuir para isso?
Helder Barbalho: Sem dúvida, essa é a grande oportunidade de deixarmos um legado. A palavra de ordem é "legado". Queremos transformar Belém em referência como capital da Amazônia e da floresta, fortalecendo o turismo e a bioeconomia. Estamos firmando parcerias com empresas como Bayer, Amazon, Walmart, H&M, além de países como Estados Unidos, Reino Unido e Noruega, para investir no mercado de crédito de carbono. Essas iniciativas já estão transformando nossa realidade. Cada redução no desmatamento gera créditos de carbono, que, ao serem vendidos, beneficiam diretamente comunidades indígenas, quilombolas, extrativistas e agricultores, além de financiar políticas públicas. A bioeconomia é um destaque. Vamos entregar o Parque da Bioeconomia para a COP, que fomentará atividades econômicas sustentáveis. Por exemplo, somos um dos maiores produtores de cacau do Brasil, mas precisamos agregar valor, produzindo chocolate aqui. O mesmo ocorre com o açaí: precisamos industrializar para atender ao mercado global. Essas culturas preservam o meio ambiente e capturam carbono, alinhando-se ao nosso objetivo de preservar produzindo e produzir preservando.
O que o senhor espera da parceria entre os governos estadual e federal no longo prazo, após a COP?
Helder Barbalho: A união entre os governos federal, estadual e municipal é essencial para enfrentar desafios e aproveitar as oportunidades. Hoje, Belém recebe cerca de R$ 5 bilhões em investimentos públicos, algo sem precedentes em nossa história. Esses recursos estão transformando a mobilidade urbana, com a renovação da frota de ônibus, e criando parques de convivência como o Parque da Cidade, o Parque Linear da Doca e o Porto Futuro. Chegou o momento de termos orgulho do que somos e do que estamos construindo. Ainda há muito a ser feito, mas estamos no rumo certo. Estou motivado e confiante de que 2025 será o ano do Pará.
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