Documentos da Abin comprovam que Gonçalves Dias falsificou relatório do 8/1 enviado ao Congresso

Ele retirou do documento os registros de mensagens de alerta recebidas por ele

O Liberal
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O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, alterou o primeiro relatório de inteligência enviado ao Congresso e retirou do documento os registros que comprovam que ele havia sido informado dos crescentes riscos de tumulto e de invasão de prédios públicos por meio de mensagens enviadas ao seu celular.

A adulteração consta no conjunto de documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre o 8 de Janeiro entregues ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e exibidos na tarde desta quarta-feira (31) aos parlamentares da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional.

A descoberta da falsificação promete incendiar a CPI sobre os ataques às sedes dos Três Poderes. O material é composto por dois relatórios da Abin sobre o episódio, e a comparação entre eles mostra que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Lula, então comandado pelo general Gonçalves Dias, adulterou o primeiro relatório de inteligência enviado ao Congresso e retirou do documento os registros que mostram que ele tinha conhecimento dos riscos de tumulto e de invasão aos prédios do Congresso, Planalto e STF.

Parlamentares que tiveram acesso aos documentos nesta quarta-feira (31) confirmaram a falsificação. Os documentos também deverão ser encaminhados à CPI do 8 de Janeiro.

Onze alertas foram ignorados pelo general Gonçalves Dias 

De acordo com os parlamentares, o primeiro documento entregue à comissão no dia 20 de janeiro e assinado pelo diretor-adjunto da Gê Dias, Saulo Moura da Cunha, não traz os onze alertas que o ministro recebeu no próprio telefone celular entre 6 e 8 de janeiro sobre a movimentação dos golpistas.

Só que esses mesmos alertas constam de uma outra versão do mesmo documento, enviada pela própria Abin à mesma comissão, só que em 8 de maio passado, já com GSI sob o comando do general Marco Antonio Amaro dos Santos.

O Congresso, por requisição da própria CCAI, recebeu a primeira versão dos documentos logo depois dos atos golpistas. A segunda foi entregue por ordem do ministro Alexandre de Moraes, em resposta a um pedido da Procuradoria-Geral da República.

O ministro Alexandre de Moraes, no último dia 4, não só mandou que a Abin e a Polícia Militar do DF fornecessem os relatórios à PGR, como também determinou que a comissão do Senado enviasse todos os relatórios de inteligência que recebeu das autoridades.

Mensagens em sequência destacam riscos de ações violentas 

O documento, na segunda versão, já assinada pelo atual diretor-adjunto da agência, Alessandro Moretti, tem 11 envios de alertas ao celular do ministro Gê Diasincluindo três mensagens enviadas só a ele.

As mensagens não deixam dúvidas de que a percepção dos agentes de inteligência do próprio governo identificaram o "risco de ações violentas contra edifícios públicos e autoridades".

O documento enviado no dia 6 de janeiro, às 19h40, destaca-se a convocação por parte de organizadores de caravanas para o deslocamento de manifestantes com acesso a armas e a intenção manifesta de invadir o Congresso Nacional. Outros edifícios da Esplanada dos Ministérios poderiam ser alvo das ações violentas.

A mensagem seguinte, do dia 7, informa que 18 ônibus de outros estados chegariam a Brasília no dia 8 para engrossar o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército. E acrescenta: "Mantêm-se convocações para ações violentas e tentativas de ocupações de prédios públicos, principalmente na Esplanada dos Ministérios".

Uma das mensagens que só Gê Dias recebeu foi enviada na manhã do próprio dia 8, alertando que cem ônibus já haviam chegado a Brasília para os atos. O general Gonçalves Dias pediu demissão depois que a CNN exibiu alguns vídeos gravados pelas câmeras do interior do Palácio do Planalto no momento da invasão.

Nas imagens, que antes haviam sido colocadas em sigilo pelo próprio ministro do GSI, ele aparece perambulando pelo Palácio sem tomar nenhuma atitude em relação aos invasores, enquanto alguns funcionários indicam a saída aos golpistas.

Ex-ministro negou à PF ter recebido alertas  

O ministro também negou em depoimento à Polícia Federal ter recebido alertas da Abin sobre os riscos de invasão e ataques aos edifícios-sede dos Três Poderes. O ministro continuou negando ter recebido os alertas na semana seguinte, quando a Folha de S. Paulo publicou em primeira mão o conteúdo dos alertas.

As negativas do ministro vinham intrigando os investigadores da Polícia Federal e integrantes da própria Abin, que conheciam apenas o conteúdo dos relatórios originais e não sabiam que o material entregue ao Congresso havia sido adulterado.

A comparação dos dois documentos, feita agora, ajuda a esclarecer por que Gê Dias manteve a versão de que não recebeu nenhum aviso. O relatório de inteligência foi produzido pela Abin entre os dias 2 e 8 de janeiro e contém uma extensa tabela com três colunas.

Flávio Bolsonaro diz que ligar o pai aos atos de 8 de Janeiro é 'maldade'

Após a notícia do envio de relatório falso para o ministro Alexandre de Moraes e para o Congresso, nesta quarta-feira (31), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse, em um transmissão ao vivo no Instagram, que é "pura maldade" relacionarem seu pai aos atos golpistas do dia 8 de janeiro.

Flávio pediu a prisão do ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, e afirmou que "essa tentativa de jogar no colo de Bolsonaro os atos de 8/1 é pura narrativa, pura maldade". "Se os mesmos critérios que serviriam para dar uma espécie de fundamento à prisão de Anderson Torres forem utilizados agora, é para o ex-ministro de Lula ser preso imediatamente".

O senador diz, ainda, na transmissão que o ex-secretário de Segurança do DF Anderson Torres, também ex-ministro de Bolsonaro, merece desculpas. "Caso tudo se confirme, eu acho que o governo e o Judiciário deveriam pedir desculpas a Anderson Torres, que ficou preso injustamente".

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