Ex-presidente do Peru acusado de receber propina da Odebrecht se entrega nos EUA
Ele foi indiciado pelo suposto recebimento de milhões de dólares em propina e será extraditado para o Peru
Alejandro Toledo, de 77 anos, foi presidente do Peru (2001 a 2006), e era procurado por acusações de ter recebido mais de 25 milhões de dólares da construtora brasileira Odebrecht em troca de ajuda na obtenção de contratos de obras públicas. Ele se entregou, nesta sexta-feira (21) a uma corte judicial na cidade de San Jose, na Califórnia, Estados Unidos (EUA). Ele será extraditado para o Peru.
Toledo foi indiciado no Peru pela suposta prática dos crimes de lavagem de dinheiro, conluio e tráfico de influência envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht, em um caso ligado à Operação Lava Jato. Há um mandado de prisão preventiva expedido contra ele no Peru em aberto desde 2017.
A Justiça americana, em setembro do ano passado, havia autorizado a extradição de Toledo para o Peru, após reunir provas suficientes para justificar a medida, homologada em fevereiro deste ano pelo Departamento de Estado dos EUA.
Um juiz americano havia expedido uma ordem de detenção contra Toledo para executar a extradição, e o horário e local em que ele se entregaria foi previamente combinado com as autoridades dos EUA.
Toledo deve ser levado a uma prisão do condado de San Mateo antes de ser extraditado ao Peru. Na quinta-feira (20), o ex-presidente disse à agência de notícias EFE que exigia que a Justiça peruana não permitisse sua “morte na prisão”.
Odebrecht
Toledo é acusado de receber milhões de dólares em subornos da Odebrecht quando era chefe do Executivo, que seriam ligados a licitações para a construção da Rodovia Interoceânica entre o Brasil e o Peru. Ele nega as acusações.
Em fevereiro de 2019, o Ministério Público peruano anunciou que havia firmado um acordo de delação premiada com o empresário peruano-israelense Josef Maiman, que disse ter ajudado Toledo a receber propinas distribuídas pela Odebrecht e a lavar o dinheiro em paraísos fiscais.
Maiman disse ao Ministério Público que a Odebrecht depositou em contas que pertenciam a ele cerca de 35 milhões de dólares em propinas para Toledo.
Prisão anterior
Toledo já havia sido detido em 2019 na Califórnia, onde viveu nos últimos anos e lecionou na Universidade Stanford. Ele passou oito meses na prisão devido ao risco de fuga, mas foi colocado em prisão domiciliar em março de 2020, depois de a Justiça americana considerar que sua saúde poderia estar em perigo durante a pandemia.
“Estou profundamente desapontado com o que aconteceu no Departamento de Justiça e no Departamento de Estado (EUA), mas isso não tira minha gratidão a este país que me deu tudo”, disse Toledo à EFE.
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