Candidato do PT à Presidência defende investimentos em educação e controle orçamentário

Ele falou sobre política, combate à corrupção, operação Lava Jato e economia 

O Liberal
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O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foi o terceiro convidado do Jornal Nacional a conceder entrevista aos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos, esta semana. Ao vivo, nesta quinta-feira (25), ele defendeu a investigação de casos de corrupção, retomada do equilíbrio fiscal nacional, e investimentos em educação, geração de emprego e renda.

William Bonner abriu a entrevista comentando a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular os processos contra o petista, e os atos do juiz Sérgio Moro, declarado parcial e, por isso, suspeito de julgá-lo. O jornalista quis saber como Lula, se eleito, fará para que os casos de corrupção não se repitam. 

"A corrupção só aparece quando se permite que ela seja investigada", disse Lula. Bonner então lembrou os prejuízos bilionários da Petrobras por causa das operações fraudulentas na empresa, no governo do PT, envolvendo executivos e políticos do PT, PP e do então PMDB.

O candidato afirmou que não interferiu na atuação independente da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, e citou medidas de combate à corrupção, criadas na gestão dele, nos dois mandatos, de 2003 a 2006, e de 2007 até 2011. 

Luis Inácio falou dos portais da transparência, a atuação de fiscalização da Controladoria Geral da União (CGU), e de aprovação de leis como a de combate ao crime organizado e contra a lavagem de dinheiro.

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Projeção de crise econômica em 2023

Os jornalistas disseram que economistas afirmam que o próximo governo (independente do candidato vitorioso) vai enfrentar um enorme desequilíbrio das contas públicas. Bonner enfatizou inclusive que Lula não tem sido claro nas propostas dele para a economia e questionou como o candidato pretende organizar as contas.

O candidato disse que quando assumiu o Brasil, a inflação estava em 10,5%, o desemprego em 12%, o país devia R$ 30 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que enviava representantes para fiscalizar as medidas econômicas nacionais. Ele disse ter orgulho de ser considerado o presidente brasileiro que mais criou universidades púlicas, que contribuiu para o acesso ao ensino superior dos brasileiros.  

Lula destacou, ainda, que a gestão dele conseguiu reduzir a inflação para meta, à época, diminuiu a dívida pública de 60.4% para 39%, criou-se uma reserva técnica de US$ 370 bilhões, chegando a ponto de emprestar dinheiro ao FMI. Por fim, ainda frisou os investimentos em políticas sociais.      

Lula reconheceu os erros de Dilma

O petista também foi questionado sobre, se caso eleito, adotará as políticas econômicas do governo dele ou as do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, pois, nos últimos anos da gestão de Dilma, o país viveu uma crise econômica.

Lula admitiu erros do governo da aliada e criticou as desonerações feitas pela ex-presidente para o setor produtivo. "Eu acho que a Dilma cometeu equívoco na questão da gasolina, ela sabe que eu penso isso. Acho que cometeram equívoco na hora que fizeram R$ 540 bilhões de desoneração e isenção fiscal de 2011 a 2014. E acho que quando ela tentou mudar, ela tinha uma dupla dinâmica contra ela", frisou ele, referindo-se nominalmente aos políticos Eduardo Cunha (presidente da Câmara Federal, à época) e Aécio Neves, no Senado. 

A jornalista Renata Vasconcelos quis saber se o petista, num eventual novo governo, respeitaria a lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) para escolha do procurador-geral da República. Lula disse que ainda não definiu como vai proceder.

Pessoas republicanas

“Eu não quero amigo no Ministério Público. Eu não quero amigos na Polícia Federal. Eu não quero amigo no Itamaraty, não quero amigo em nenhuma instituição. Eu quero pessoas competentes, pessoas ilibadas, pessoas republicanas e pessoas que pensam sobretudo no povo brasileiro”, disse o candidato.

O petista também foi questionado sobre a ligação do PT com o MST, e defendeu a produtividade do Movimento dos Sem Terra, informando que, atualmente, o MST se organiza, por meio de cooperativas de trabalhadores rurais, que respondem, por exemplo, pela maior produção brasileira de arroz orgânico.

Lula disse que o MST de hoje é diferente de 30 anos atrás. Ele enfatizou que é necessário se ter paz no campo e que fazendeiros apoiam Bolsonaro porque o presidente facilita o acesso a armas de fogo. Para Lula, as armas não são solução.

"Você tem que visitar uma cooperativa do MST, você vai ver que aquele MST de 30 anos atrás não existe mais", disse o ex-presidente. "Agora, o Bolsonaro está ganhando o fazendeiro porque está liberando arma. Tem gente que acha que é bom ter arma em casa, que acha que é bom matar alguém. Não, o que nós queremos é pacificar esse país", acrescentou Lula.

Orçamento secreto

O orçamento secreto também foi assunto, quando Renata mencionou o 'Mensalão'. Lula chamou a prática do orçamento secreo de "escárnio". Ele afirmou que o poder Executivo está refém do Congresso em razão do orçamento secreto. E frisou que é o Centrão quem governa. "Isso aqui é usurpação do poder. Ou seja, acabou o presidencialismo. Bolsonaro não manda nada. O Bolsonaro é refém do Congresso Nacional. O Bolsonaro sequer cuida do orçamento", afirmou.

Quem ainda será entrevistado no JN?

Dos convidados da TV Globo, entre os mais bem colocados na pesquisa divulgada pelo Datafolha em 28 de julho, na ordem, já falaram Bolsonaro, Ciro, Lula, faltando somente Simone Tebet, que será entrevistada nesta sexta-feira (26)

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