ANÁLISE: Eleições nos EUA: Tirem o retrato do velho de vez

Debate presidencial demonstrou que idade é um problema sério para Joe Biden, como apontam apoiadores de Donald Trump

Gustavo Freitas
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Até a semana passada, poucos americanos estavam empolgados com o primeiro debate presidencial. Parar para assistir a disputa de narrativas não estava nos planos do cidadão comum, mas o desempenho de Joe Biden elevou o evento para um patamar histórico.

Joe tinha um objetivo muito simples: mostrar ao povo americano que está bem fisicamente e que os vídeos tropeçando nas escadas e nas palavras, não passam de propaganda republicana. Foram dias de treinamento, mas a emenda saiu pior que o soneto.

O presidente dos Estados Unidos passou duas horas absolutamente fora de si, como tem sido há meses, mas desta vez não havia mais como esconder. É preciso aceitar um fato que já vem sendo explorado por Trump há muito tempo: a idade é um problema sério para Joe Biden.

Trump tem 77 anos, é quatro anos mais novo que o seu rival, mas a idade ainda não o atingiu da mesma forma. Joe teve um dos piores desempenhos da história dos debates eleitorais americanos, tão evidente que nem mesmo seus aliados conseguiram omitir.

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A CNN, que nos últimos quatro anos sempre buscou sair pela tangente ao falar de Biden, foi unânime ao dizer que está na hora de uma intervenção na Casa Branca. Ainda faltam cinco meses para o dia D e ainda há tempo de buscar recalcular a rota para ter chances de disputar com Donald Trump, mas seria inédito. Substituir o atual presidente e virtual vencedor das primárias? É um cenário que faz jus à bagunça política dos últimos anos nos Estados Unidos.

Ainda que achem um substituto de última hora, o atestado de incompetência está escancarado. Desde 2020 era muito claro que Biden não teria vigor para dois mandatos, portanto, o partido deveria ter iniciado o processo de transição durante os quatro anos no poder. Nunca chegaram nem perto.

A vice, Kamala Harris, passou boa parte do mandato com a popularidade mais baixa que o seu companheiro de chapa. Ficou encarregada de cuidar da crise na fronteira logo nos primeiros meses de governo, falhando de forma retumbante, demonstrando falta de clareza da situação e pouco interesse em solucionar a crise. Aliás, quase não foi à fronteira até sofrer severas críticas, e hoje esta é uma das principais rejeições do governo Biden-Harris.

Deputados democratas avisaram anonimamente as emissoras que, nos próximos dias, vão em caravana até o Salão Oval para convencer o presidente a buscar uma saída honrosa. A alternativa de urgência é agradecer pelos serviços prestados, avisar que foi útil para impedir a reeleição de Trump, mas agora está na hora de se aposentar em Delaware e dedicar seu tempo para a esposa e aos sorvetes de Rehoboth Beach.

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É claro que, do outro lado da mesa, esbarrarão em um experiente político que já chegou à Casa Branca duas vezes, como vice e como presidente, e certamente não abandonará a reeleição por medo do que estão conjecturando.

Como disse o apresentador progressista, Chris Wallace: “assistir o Joe Biden no debate, foi como presenciar um acidente de carro em câmera lenta”.

Em 1950, Vargas retornava ao poder sob o jingle “bota o retrato do velho outra vez”. Em Washington, a única alternativa de sobrevivência é retirar o retrato e o velho de vez.

*Gustavo Freitas é articulista do jornal O Liberal

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