Eleições nos EUA: entenda como o conflito no Oriente Médio reflete nas candidaturas de Biden e Trump

A magnitude das repercussões da guerra no Oriente Médio surpreendeu e se tornou um dos assuntos mais controversos do ano eleitoral

Gustavo Freitas

A disputa eleitoral pela Casa Branca segue em ritmo protocolar, com Joe Biden e Donald Trump apenas aguardando o fim das primárias e o início das convenções partidárias que irão oficializar os dois nomes para a eleição em novembro. Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, esperava-se que o conflito no Oriente Médio pudesse se tornar uma pauta nas eleições, mas surpreendeu a magnitude das repercussões, passando a se tornar um dos assuntos mais controversos do ano eleitoral.

Os incessantes bombardeios israelenses em Gaza se tornaram alvo de severas críticas e insatisfação popular, causando a revolta de diversos chefes de Estado que apoiam o governo israelense, como é o caso de Joe Biden e Emmanuel Macron, presidente da França.

Segundo o Ministério da Saúde palestino, mais de trinta mil civis já foram vitimados na Faixa de Gaza nos últimos seis meses. O número é contestado pelo governo israelense, que alega que o ministério é controlado pelo Hamas, mas diversas autoridades ligadas à inteligência norte-americana também usam dados similares para tratar da agravante situação no território.

A insatisfação com o governo israelense não se restringiu apenas aos vizinhos árabes. Nos Estados Unidos, protestos pró-Palestina vêm ganhando força em diversos estados. Desde abril, muitas universidades se tornaram palco de acampamentos organizados em solidariedade à Palestina.

Embora o alvo principal seja o governo israelense, muitos protestantes estão demonstrando suas insatisfações com o governo americano, alegando que Joe Biden pouco tem feito para cessar a guerra e evitar que o número de palestinos mortos continue crescendo.

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Na última sexta-feira, 3, mais de duas mil pessoas foram presas em Estados como Texas, Utah, Virginia, Carolina do Norte, Novo México, Connecticut, Louisiana, Califórnia, Nova York e Nova Jersey. Sob críticas de ambos os lados, o presidente americano tem evitado tecer muitos comentários sobre a situação para não agravar a insatisfação do seu eleitorado.

Eleitorado progressista

Os universitários que estão protestando contra os ataques em Gaza, em grande maioria, fazem parte de um campo ideológico mais progressista que costuma votar em candidatos democratas. A insatisfação com o apoio irrestrito de Biden à Israel, tem preocupado o partido, que busca reverter a impopularidade do presidente.

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A revolta nas universidades não é a única fissura entre possíveis eleitores do partido Democrata. No início de março, eleitores progressistas no estado do Michigan fizeram diversos protestos contra o apoio do governo à guerra em Gaza. O Michigan abriga a maior comunidade muçulmana dos Estados Unidos e, em solidariedade, muitos cidadãos ameaçaram não votar em Joe Biden nas primárias do partido.

Em pesquisa recente, realizada pelo instituto Gallup, Joe Biden foi apontado como o presidente mais impopular que o país já teve nos últimos 70 anos.

Do outro lado, o adversário republicano, Donald Trump, chamou os protestos de violentos, acusando os protestantes de serem “lunáticos furiosos e simpatizantes do Hamas”. O ex-presidente também elogiou o uso da força policial contra os universitários: “coisa linda de se ver”.

Apesar do apoio total a Israel, Donald Trump chegou a tecer leves críticas a Netanyahu, afirmando que o primeiro-ministro “tem sido criticado corretamente pelo que ocorreu no 7 de outubro”. O republicano acredita que os israelenses estão perdendo o apoio do mundo e que o conflito jamais chegaria a este ponto se ele estivesse na presidência.

Nesta semana, Trump realizou comícios em Wisconsin e no Michigan, os primeiros eventos de grande porte em que o ex-presidente pôde comparecer após o início do seu julgamento criminal, em 15 de abril, onde ele é acusado de falsificar registros comerciais relativos a um pagamento secreto a uma estrela de filmes adultos.

Pesquisas eleitorais:

Trump 44%(+1)

Biden 43%

Fonte: The economist

Biden 39%(+1)

Trump 38%

Fonte: Reuters Ipsos

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