Advogado diz em peça judicial que juíza decide com base em 'afetações hormonais' e ‘da menopausa'

Em vez de se dedicar à defesa do caso, uma disputa rotineira que envolve uma distribuidora farmacêutica, o advogado, em várias peças, ofende a juíza com insultos

O Liberal
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O advogado paranaense Adolfo Luis Gois utilizou um processo que tramita na Justiça de São Paulo (SP) para dirigir uma série de ofensas à juíza Andréa Galhardo Palma, da 2ª Vara Empresarial paulista.

Nos autos do processo, Adolfo Gois diz que a juíza atua como advogada de uma das partes e decide com base em “afetações hormonais” e “descompassos da menopausa”.

A magistrada enviou ofício às as seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná e em São Paulo. O processo quem a defesa do advogado Adolfo Luis Gois trata de uma disputa rotineira envolvendo uma distribuidora farmacêutica, mas ele em vez de se dedicar à defesa do caso, em muitas das peças dedica-se a tentar ofender a juíza com insultos, alguns deles unicamente focados no fato de ela ser mulher.

Em um trecho da petição, com data de 19 deste mês, o advogado escreveu: “o equilíbrio emocional da exceta degringolou-se: passou a atuar como advogada do demandado, e o fez com o mesmo modus operandi do administrador e sócio d’antanho: atacando, ofendendo, intimidando, difamando e injuriando o advogado da excipiente, o que, de início acreditou-se ser efeito de afetação hormonais ou descompassos da menopausa”.

Na peça de 14 deste mês, o advogado nem se preocupa em falar do processo. No documento, dirigido à própria juíza, ele a acusa de fraude na nomeação de peritos e administradores judiciais e diz que Andréa Palma “irá responder” por denunciação caluniosa.

Ele também afirma que Andréa não é amiga da advocacia e cita um caso em que ela foi alvo de críticas da OAB porque teria ofendido um advogado. A juíza oficiou a OAB “em razão do excesso de petições protocoladas de forma meramente protelatória, reconhecidas como atos inúteis e desnecessários ao deslinde” do caso, bem como pelo “conteúdo ofensivo” e pelas “graves ofensas perpetradas” contra a sua honra e a de “demais operadores do direito atuantes” no processo.

Adolfo Luis Gois é conhecido no Paraná por ofensas dirigidas a juízes e colegas. Segundo advogados consultados pela revista eletrônica Consultor Jurídico (Conjur), especializada em temas do campo do direito, Gois suscitou a suspeição de diversos juízes, o que levou ao afastamento de 17 magistrados em um único processo.

O Tribunal de Justiça do Paraná teve que nomear um juiz de outra comarca. Os insultos acabaram sobrando para o novo designado, que foi chamado de “gringo”, “frouxo”, “estúpido forasteiro”, entre outros impropérios.

As ofensas levaram a Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar) a divulgar, em maio de 2021, uma nota de repúdio contra o advogado. “O comportamento do advogado Adolfo Luis Gois não representa a respeitada carreira da advocacia e, portanto, merece repúdio imediato do Poder Judiciário e da sociedade. Espera-se que a conduta seja devidamente apurada junto ao conselho de classe respectivo, de modo a desestimular comportamentos semelhantes que extrapolam para a prática de crime contra a honra”, diz a nota da Associação dos Magistrados do Paraná.

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