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Mortes de Bruno e Dom relembram execuções dos defensores Dorothy Stang e Paulo Fonteles no Pará

Amazônia Legal é marcada pela disputa de terra e tem um violento histórico de assassinatos de lideranças comunitárias e defensores dos recursos naturais

O Liberal
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O desaparecimento e o achado dos corpos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips comoveram quem acompanhava o caso pelo noticiário nacional e internacional. A Amazônia Legal é marcada pela disputa de terra e tem um violento histórico de assassinatos de lideranças comunitárias e defensores dos recursos naturais, o que inclui o Estado do Pará. As informações são do jornal O Estado de São Paulo.

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O Pará tem um triste panorama de casos emblemáticos envolvendo a execução de defensores da floresta, que ganharam grande repercussão no Brasil e no exterior. Entre eles, é possível citar o assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, em fevereiro do ano de 2005, que agia de forma ostensiva na defesa da floresta amazônica e contra garimpeiros.

Outra morte emblemática foi a do advogado Paulo Fonteles, em junho de 1987. Na época, ele tinha 38 anos e atuava ativamente na defesa de lavradores que ocupavam terras no sul do Pará. 

Em 2017, dez trabalhadores sem-terra foram mortos por policiais militares na Fazenda Santa Lúcia, a 60 km do município de Pau D’Arco, no Pará. Os suspeitos foram presos em 2018. Meses depois, o líder do acampamento sem-terra, Rosenildo Pereira de Almeida, também foi assassinado

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Fernando dos Santos Araújo era testemunha-chave da morte de 10 trabalhadores rurais em 2017, no sudeste do Pará. Ele temia pela vida e foi assassinado no dia em que decidiu sair da fazenda 

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A causa da morte ainda está sendo investigada

Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram no Vale do Javari, uma terra indígena que perpassa os municípios de Atalaia do Norte e Guajará, no oeste do estado do Amazonas. Coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o historiador Ronilson Costa observa que o episódio no Vale do Javari expõe "o quanto o Estado está ausente na região e como não há uma presença que dialogue com as demandas dos povos tradicionais".

CPT aponta 28 assassinatos em 2021

Conforme a CPT, no ano de 2021 foram registrados  28 assassinatos por conflitos de terra. A maioria das vítimas é indígena. Rondônia é o Estado com maior número de assassinatos (11) em casos semelhantes no ano passado. Em janeiro deste ano, uma família de ambientalistas foi assassinada em São Félix do Xingu, no sudeste do Pará. José Gomes, conhecido como Zé do Lago, sua mulher, Márcia Lisboa, e a filha adolescente do casal foram encontrados mortos na propriedade da família, onde desenvolviam trabalhos de proteção da floresta.

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Nas imagens, o suspeito no desaparecimento do indigenista e do jornalista inglês Dom Phillips é alertado sobre a pesca na área

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Fontes consultadas pelo Estadão apontaram que o avanço do desmatamento, da exploração de recursos naturais e de conflitos fundiários ajuda a compreender a dinâmica da violência na região Outro fator seria a presença de facções de crime organizado, em constante disputa pelas rotas de tráfico de drogas.

O Brasil figura atualmente entre os líderes de um ranking elaborado pela ONG Global Witness que analisa os lugares mais perigosos para a atuação de defensores da terra e do meio ambiente. No ano passado, o país ocupou a quarta posição na lista em quantidade de ativistas da área vítimas de assassinatos. O levantamento da CPT narra também assassinatos de lideranças nos estados do Amazonas e Maranhão, entre outros.

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