Caso Edgar Wolverine: empresário assassinado denunciava problemas em Ananindeua
Líder comunitário, Edgar estava à frente de protestos e denúncias sobre saneamento básico e outros problemas da comunidade. Morte é apurada pela polícia sob sigilo.

A motivação para o assassinato do empresário e DJ, Edgar Barreto Barbosa, mais conhecido como ‘Wolverine’, continua sendo um mistério para as pessoas próximas à vítima. Nesta segunda-feira (24/3), um familiar, que não quis ser identificado, relatou a O Liberal que Edgar era muito conhecido na área da Cidade Nova por atuar como um líder comunitário e por estar à frente de protestos e denúncias recentes contra problemas relacionados à gestão municipal. Não há informação da Polícia Civil sobre qual linha de investigação está sendo seguida para elucidar o caso. A PC informou que a apuração do crime é sigilosa. “A Polícia Civil informa que o caso está sendo investigado sob sigilo pela Divisão de Homicídios”, disse esta segunda-feira (24) a PC em nota.
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Edgar foi morto na madrugada de sábado (22/3), três dias depois de organizar um protesto contra o atraso nas obras de reforma do Complexo Esportivo da Cidade Nova VI, localizado na SN 22. Junto com outros moradores, ele reivindicava a entrega do local, que deveria ter sido feita em 2022. Para o familiar de Edgar, é importante que as autoridades estejam empenhadas para descobrir o que motivou o assassinato.
“Ele realmente estava à frente dos protestos aqui. Ele falava, mostrava e ia ‘em cima’ para serem resolvidos os problemas da comunidade. Principalmente pelo complexo aqui, que é um abandono, um descaso total para a nossa área onde moramos. E é justamente por isso que ele era conhecido. Ele era querido pelos moradores, porque ele falava, fazia esse tipo de denúncia. Ele ainda conseguiu que algumas coisas fossem resolvidas. Mas a gente não sabe dizer ao certo se foi isso ou o que pode ter ocorrido para esse assassinato”, disse o familiar, que pediu para não ser identificado.
Com o nome ‘Edgar Wolverine’, a vítima também já havia sido candidato a vereador por Ananindeua, em 2024, pelo Partido Liberal (PL), mas não conseguiu se eleger. Muito antes de lançar a candidatura, Edgar já era conhecido por liderar atos em prol de melhorias para a comunidade. “Teve um tempo em que ele queria se envolver com politicagem. Ele já fazia vídeos e ia a locais onde tinham problemas para os moradores. Isso era algo que ele gostava de fazer… ajudar as pessoas que precisavam”, diz o familiar.
Segundo diz ainda a fonte, havia sido especulado que o assassinato teria ligação com possíveis casos de extorsões impostos por facções, a chamada ‘taxa do crime’, cobrada em estabelecimentos comerciais. No entanto, a testemunha afirma que Edgar nunca falou sobre ter sido ameaçado por esse motivo.
“Ele sempre trabalhou muitos anos organizando festas, como DJ e tudo. Mas nunca compactuou com nada de errado. Nunca deixava entrar ‘de menor’ no estabelecimento dele. Ele não mexia com nada ilícito, sempre procurou ter uma boa conduta e ser prestativo. O Edgar também nunca falou sobre estar sofrendo ameaças. Ele só disse que, se não mexesse com eles (facção), eles não iam mexer com ele. Mas ele não estava sendo ameaçado, porque se estivesse, estaria tomando cuidado, sem sair da casa dele. Teria alertado pessoas próximas. Ele teria se protegido e feito coisas diferentes para ter segurança. Mas não. Ele estava agindo normal, ia trabalhar, fazia tudo com tranquilidade. Por isso, foi pego de surpresa”, afirma.
O familiar relata ainda que estava próximo ao estabelecimento quando Edgar foi morto e teria conversado com ele momentos antes. “Era por volta de 1h35 da madrugada. Ele estava na frente do estabelecimento com outras pessoas. Ele tinha saído para filmar na rua, porque estava com neblina e ele queria filmar. Inclusive, tem vídeo disso. Até mostra um carro branco que todos da família acham que é o carro onde os assassinos estavam. Foi pouco tempo depois disso que ele foi baleado”, conta.
No relato, o familiar de Edgar fala que o celular do empresário foi levado no momento do assassinato e o aparelho poderia ajudar a esclarecer o que que ocorreu. “Eu acho que o celular dele falaria bastante. Poderia ajudar a entender. O Edgar estava em muitos grupos. Como ele ajudava a comunidade, ele estava em vários grupos onde as pessoas mostravam problemas das ruas e tudo mais. Acho que as conversas que estavam lá poderiam dar uma pista. Mostrar se tinha algo estranho. Mas acabaram levando o celular, então ainda não sabemos muito”, diz.
A fonte diz ainda que a polícia ainda não procurou a família para relatar mais detalhes à investigação, e que algumas pessoas que estavam no local estão sendo ouvidas pelas autoridades policiais. “Eles estão chamando algumas pessoas para falarem o que sabem sobre o caso, para ajudar a entender o que aconteceu. Mas, fora isso, a família não sabe de nada mais. Todos estão surpresos e sem entender. O Edgar era uma pessoa de bem, cuidava bem e amava demais a família, ajudava a comunidade, não fazia coisas erradas. A gente só lamenta o que aconteceu e quer justiça. Queremos que esses criminosos sejam pegos, que descubram quem fez isso. Todos estão muito tristes com a perda dele”, encerra o familiar.
Crime
Imagens que passaram a circular nas redes sociais mostram o momento do assassinato de Edgar em frente à choperia “Bom de Taco”, estabelecimento qual ele era proprietário, na Cidade Nova. No vídeo, um carro branco passa em frente ao local, onde Edgar estava com outros dois homens. O empresário está de pé e mexe no celular. Momentos depois, o assassino surge caminhando na rua. Ele está com uma camisa e uma calça de moletom de cor preta.
A vítima não percebe a aproximação do suspeito. Quando o assassino chega perto de Edgar, saca uma arma de fogo e faz cinco disparos contra a vítima. Edgar morreu na hora. As testemunhas que estavam no local correm ao ver o crime e o suspeito também foge. O vídeo mostra que um cachorro passa na hora e vai para cima do suspeito que está correndo. Ainda com a arma na mão, o suspeito teria feito um disparo em direção ao cão e depois conseguiu fugir.
Logo após o homicídio, policiais do 6º Batalhão da PM estiveram no local. Os militares encontraram um homem caído no chão, atingido por disparos de arma de fogo.
Despedida
O corpo de Edgar Barreto Barbosa foi liberado do Instituto Médico Legal (IML), em Belém, ainda no mesmo dia da morte. O sepultamento da vítima ocorreu no domingo (23/3).
Vários amigos e familiares estiveram no local para prestar as últimas homenagens ao empresário. A cerimônia fúnebre foi marcada por lamentos devido ao crime.
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