Após caso de mulher incendiada, relembre a história do índio pataxó queimado vivo em 1997
Galdino Jesus dos Santos foi queimado até a morte por cinco jovens de Brasília na manhã do dia 20 de abril de 1997, um dia após o Dia Nacional do Índio
O caso da mulher incendiada viva no bairro da Sacramenta, em Belém, na madrugada de ontem (18/01) se assemelha ao homicídio de Galdino Jesus dos Santos, cacique da aldeia pataxó Hã-hã-Hãe, caso que completa 25 anos em 2022. Relembre o crime:
O cacique Galdino Jesus do Santos, que na época tinha 44 anos, chegou em Brasília em 19 de abril de 1997, Dia Nacional do Índio, junto com outros oito membros de sua aldeia, localizada no sul da Bahia.
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Ao longo de toda a data, o grupo participou de protestos e mobilizações políticas relacionadas a conflitos fundiários e demarcações de terras indígenas. Por volta das 00h, o índigena se dirigiu à pensão onde estava hospedado, porém foi impedido de entrar pela proprietária do local, que alegou estava demais para recebê-lo. Galdino então se dirigiu a um ponto de ônibus a 200m de distância da pensão, onde descansou por duas horas.
Quem queimou o índio pataxó Galdino
Moradores de um bairro nobre de Brasília e oriundos de famílias abastadas e influentes, Antônio Novely Vilanova, na época com 19 anos; Eron Chaves Oliveira, de 18 anos; Max Rogério Alves, com 19 anos; Tomás Oliveira de Almeida, 19 anos; e um adolescente de 17 anos de idade festejaram quase toda a noite do dia 19 de abril. Por volta das 5h30 do dia seguinte, voltavam de carro para suas casas quando avistaram Galdino de Jesus dormindo no ponto de ônibus.
Como morreu o índio pataxó Galdino
O quinteto juvenil decidiu então que queria "brincar" com o indígena e, munidos com álcool e fósforos, atearam fogo em todo o corpo da vítima. Os criminosos então fugiram, porém uma testemunha transeunte conseguiu anotar a placa do carro que dirigiam.
Mesmo com a ajuda de transeuntes e paramédicos, que apagaram o fogo com água e extintores, Galdino chegou ao Hospital Regional da Asa Norte com 95% do seu corpo coberto por queimaduras de segundo e terceiro graus. Poucas horas depois, o índio pataxó morreu por falência múltipla dos seus órgãos, ocasionada por insuficiência renal.
Onde estão os criminosos
No ano de 2001, Antônio Vilanova, Eron Oliveira, Max Rogério Alves e Tomás de Almeida foram considerados pelo juri popular culpados por homicídio doloso e receberam a pena de 14 anos de reclusão. O menor de idade foi condenado a um ano de reclusão, porém passou apenas quatro meses detido.
Três anos depois, no mês de agosto de 2004, Antônio, Eron, Max e Tomás receberam livramento condicional. Hoje, todos os envolvidos no crime ocupam cargos públicos.
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