Turismo, clima e convivência: os desafios de Santarém no Dia do Urbanismo

No Dia do Urbanismo, comemorado nesta segunda-feira, 8 de novembro, profissionais da área destacam a importância da profissão e dão sugestões do que pode ser melhorado no município de Santarém. O urbanista tem papel fundamental na história das sociedades que se formam a partir das cidades. Esse profissional planeja e organiza os espaços públicos, como ruas, praças, bairros e cidades e prepara o desenvolvimento do futuro de uma localidade. E para a cidade, no oeste do Pará, especialistas falam que é preciso pensar no uso da cidade em relação ao clima, ao turismo, ao patrimônio histórico e aos espaços públicos de lazer e convivência.

Para o especialista em Processos construtivos, José Abreu, o uso e ocupação do solo no município precisa ser revisto. O professor mestre em Processos Construtivos e Saneamento Urbano afirma que o município é muito quente. “Quando se tem um perfil assim, é importante observar como é feito o uso desse solo, pois, no caso do nosso município, a maioria das ocupações dos lotes de edificação é comercial, usando cerca de 90% da área, ou seja, você está selando a cidade. Isso gera outros problemas como drenagem da chuva, alagamentos nas ruas e problemas de outra ordem incompatível com o desenvolvimento”, disse.

O professor avalia que quem legisla em relação ao planejamento urbano, geralmente, pouco entende sobre o assunto. Ele enfatiza que planejamento urbano tem que ser discutido com a sociedade. Essa afirmação está respaldada nos estatutos instituídos no ano de 2000 e ainda na lei 10.257/2001, que obrigou os municípios a fazerem o plano diretor até 2006. “Todo município acima de 20 mil habitantes teria que fazer seu plano diretor, com a gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento dos planos, arranjos econômicos e todos os assuntos que interessam a cada sociedade”, ponderou.

Sobre o turismo, Abreu indica que é necessário fazer um arranjo econômico, priorizando as pessoas mais pobres, possibilitando educação e capacitação, gerando a possibilidade de emprego. “Elas serão o futuro da mão de obra”, enfatizou.

Pessoas precisam ser estimuladas a usar o espaço urbano de Santarém

Lucas Matheus da Silva Corrêa, arquiteto e urbanista, vê no Dia do Urbanismo uma relevância maior à necessidade de incentivar as pessoas a terem noção dos espaços públicos e urbanos da cidade, notando os impactos causados pelo planejamento e desenvolvimento dentro do contexto do município.

“Bem, uma das coisas que eu entendo por cruciais no planejamento urbano é o reaproveitamento de espaços que transforma lugares que um dia foram abandonados e trazem uma utilidade como foi no caso do High Line, em Nova York, que tem um parque suspenso no qual antes era uma linha de trem”, sugeriu Lucas.

Na visão do urbanista, Santarém é uma cidade em ascensão e com tempo de recuperar os danos provocados pela falta de planejamento do passado. O planejamento e a distribuição dos espaços podem ser adotados para o melhor desenvolvimento da cidade, para que ela não se torne cada vez mais caótica. Para ele, Santarém tem um grande problema nos espaços públicos, que é o abandono de várias praças.

“O Bosque da Cidade possui uma praça escura, só que é um local com grande concentração de pessoas então é necessário a manutenção e a renovação desses espaços, para que haja conforto e segurança”, disse. Outra observação é a importância de proteger o e dar utilidade ao patrimônio histórico santareno.

O arquiteto e urbanista Maurício Vinicius Correa reforça que é preciso melhorar o aproveitamento dos espaços através do crescimento horizontal. “Antes, seria necessário o investimento também nas áreas que já existem, no caso, em bairros que ainda não estão regularizados, ou que não estão com uma boa estrutura para os seus residentes e investir nas melhorias de equipamentos urbanos, como praças, aplicação em outros setores, como hospitais, igrejas entre outras coisas que tragam qualidade de vida para a população, para que não haja esse crescimento desordenado”, sugeriu.

Outra sugestão apontada por ele é investimento na instalação de empresas e lojas, principalmente nas áreas mais periféricas, instalações de grandes lojas, empresas nacionais e multinacionais em bairros considerados periféricos de Santarém. “Com isso vai trazer o desenvolvimento para esses bairros onde mais pessoas vão passar a frequentar. As pessoas vão conseguir empregos e isso vai gerar um bom desenvolvimento não só para cidade, mas para a população também”, apontou.