Skatistas paraenses pedem estrutura para sonhar com disputa olímpica
Rayssa Leal, a “fadinha do skate” medalha de prata nos jogos olímpicos, impulsiona debate sobre estrutura adequada para a prática do esporte
Após a histórica medalha de prata conquistada por Rayssa Leal, a “fadinha do skate”, nas Olimpíadas de Tokyo, no último domingo (25), a demanda por espaços públicos, com estruturas adequadas para o esporte, ganhou fôlego na Região Metropolitana de Belém (RMB). Na capital do Pará, um projeto de pista está em discussão, na Secretaria Municipal de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel), para atender as reivindicações dos praticantes.
Mauro Marinho, conhecido como “abelha”, é presidente da Federação Paraense de Skate (FPSK). Ele conta que o sucesso da estreia do Brasil nos jogos olímpicos, com as conquistas das medalhas de prata, nas categorias masculino e feminino, na modalidade street, trouxe ao esporte mais visibilidade e adeptos. No entanto, o skatista ressalta que para haver mais Kelvins e Rayssas, sobretudo no Pará, é necessário que pistas com estrutura olímpica sejam construídas.
Na Região Metropolitana, há alguns espaços públicos para a prática do esporte, como as pistas Radical Park e Dorothy Stang, ambas em Belém. Existem também algumas rampas, chamadas de “half” e “mini-ramp”, em Ananindeua e Marituba. Entretanto, esses espaços estão defasados para a prática do esporte, afirma o skatista Dudu Mendes, ex-presidente da antiga Associação de Skate do Pará (Aspa). Ele conta que apenas a praça de esportes radicais Eduardo Kataoka, em Castanhal, atende aos critérios para a profissionalização dos atletas.
“Tudo evolui e no skate não é diferente. Novas exigências foram surgindo quando o esporte ganhou mais torneios e campeonatos, ainda mais agora que a inclusão nas Olimpíadas. Tirando a pista de Castanhal, os outros espaços públicos já são considerados defasados e precisam de reparos das prefeituras. Existem lugares aqui mesmo em Belém que foram construídos pelos próprios skatistas e conseguem atender alguns desses critérios, como é o caso do Guamá Love Park”, explicou Dudu Mendes.
O sonho de uma jovem promessa do skate paraense
Os skatistas paraenses estão com dificuldades para treinar em nível olímpico, afirma Abelha. O presidente da FPSK cita como exemplo a atleta Samili Nunes, de 15 anos. Ele garante que a jovem é uma promessa do esporte com alto potencial para ingressar na seleção brasileira sub 15, só que a skatista não tem onde treinar, por morar em Icoaraci. Waldemira Barros, mãe de Samili, diz que a filha sonha em disputar torneios internacionais e chegar ao topo das competições igual à atleta maranhense Rayssa Leal.
Samili começou a andar de skate com 9 anos de idade. Enquanto a mãe trabalhava na Orla de Icoaraci, a menina ficava encantada ao ver os marmanjos dando ollies e flips. A paraense diz que espera ver mais a presença de mulheres nas pistas de skate. “Ne inspiro muito nela, a Rayssa é muito talentosa e mereceu ganhar um pódio nas olimpíadas. Somente eu ando de skate no local onde moro, espero que mais meninas possam praticar o esporte depois dessa vitória nos jogos olímpicos, seria muito bom”, contou a paraense.
Outro desafio também enfrentado diariamente pelos amantes do skate refere-se à marginalização de quem pratica o esporte, afirma o skatista Jhonatan Silva. “Isso é um retrato da falta de incentivo do poder público com o esporte. A ausência de manutenção nas pistas de skate faz com que os skatistas busquem novos lugares onde possam fazer manobras. Vale ressaltar que a segurança pública é muito importante. É comum vermos skatistas andando em praças públicas ou ruas recém pavimentadas, já que os lugares apropriados encontram-se inabitáveis e entregues a criminosos e ao descaso”.
Prefeituras apresentam propostas para valorizar e desmarginalizar o esporte
Por meio de nota, a Sejel informou que está “...em constantes diálogos com a Federação Paraense de Skate e com associações para discutir formas de democratizar a modalidade em Belém e, principalmente, combater a marginalização do esporte”
“O projeto de uma pista também está em discussão, já que queremos construir uma que atenda às reivindicações dos praticantes. Quanto à reforma do Skatepark, no Marex, estamos fazendo um levantamento técnico sobre a situação de todos os espaços públicos de lazer no município, para que os projetos de reforma e revitalização dos mesmos sejam iniciados”, diz a nota da Sejel.
A Prefeitura de Ananindeua comunicou, também por meio de nota, que “...possui três espaços públicos destinados à prática de Skate e está desenvolvendo um projeto inovador para criar um espaço voltado exclusivamente para modalidades de esportes radicais em acordo com as normas do Comitê Olímpico Brasileiro (COB)”.
“Devido à importância de retomar, revitalizar e construir locais que incentivem a prática esportiva na cidade, a prefeitura por meio das Secretarias de Esporte, Lazer e Juventude (Selj) e de Infraestrutura (Sesan) vem implantando em seus atuais projetos, estruturas que ajudam a melhorar a qualidade de vida das crianças, jovens e adultos”, seguia a nota da Selj e da Sesan.
No início deste ano, reforçam os órgãos de Ananindeua, a praça Tônico Vicente foi inaugurada com uma pista exclusiva de skate. O espaço é bastante utilizado no final da tarde pelos amantes do esporte. Além disso, foi anunciado ainda este mês a revitalização de duas praças que já possuem half pipe, pista de skate e half pipe duplo.
“E o grande passo dado para a valorização da prática do skate será a execução de um projeto que criará o Centro de Esportes Radicais, no bairro do Curuçambá. Segundo o projeto, o espaço terá: uma pista de pump track para skate, bicicleta e patins, um skate park, uma parede de escalada, espaço para prática de slackline e muito mais”, conclui a Prefeitura de Ananindeua.
A Prefeitura de Marituba foi contatada para comentar o assunto, mas não deu retorno.
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