Arcebispo de Belém preside Missa de Páscoa na Fazenda da Esperança, em Mosqueiro
Fazenda da Esperança tem 163 unidades em diferentes países

“Cristo vive. Ele está no meio de nós. Ele não é lembrança, é presença.” Com essa mensagem, o arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, presidiu na manhã deste domingo (20/04), a Missa de Páscoa na Fazenda da Esperança, comunidade terapêutica localizada na Ilha do Mosqueiro, distrito de Belém. A celebração reuniu acolhidos, voluntários e visitantes no espaço voltado à recuperação de pessoas com histórico de dependência de álcool e outras drogas.
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Durante a celebração, dez acolhidos participaram da cerimônia dos sacramentos da crisma e da primeira eucaristia. O evento é parte do calendário da comunidade e marca o encerramento do ciclo da Quaresma vivido intensamente por quem está em processo de recuperação no espaço.
Na homilia, Dom Alberto afirmou que a Fazenda é um local que acolhe pessoas que passaram por situações de vulnerabilidade, e funciona com base na convivência, evangelização, esforço no trabalho e vivência na Igreja.
“Aqui não é clínica. Ninguém é preso. É um espaço de convivência e de presença de Jesus Cristo. A Páscoa representa exatamente isso: sair da morte para a vida, do pecado para a graça”, disse o arcebispo.
Dom Alberto destacou ainda que a Fazenda da Esperança, fundada há quase 42 anos, já conta com 163 unidades espalhadas pelo mundo - além de estar presente em 26 países - e que o método é eficaz, desde que exista a vontade da pessoa em ser ajudada.
“É um projeto que nasceu pequeno e hoje se espalha pelo mundo inteiro. Isso mostra que o amor e a fé são capazes de recuperar as pessoas”, afirma.
Luciano Figueiredo, responsável técnico-operacional da Fazenda em Mosqueiro, destacou a importância da celebração de Páscoa para os acolhidos. Segundo ele, esse é um momento especial, especialmente para quem vivencia a espiritualidade ao longo de todo o ano.
“Jesus vence a morte, ressuscita, então, para cada um, esse momento traz uma nova vida. A ressurreição daqueles que um dia passaram pela overdose, pela tentativa de suicídio – assim como eu, há 17 anos. Hoje, eles comemoram a vida, um novo fôlego, um novo momento”, disse.
Acolhimento e rotina
A Fazenda da Esperança de Mosqueiro integra uma rede nacional fundado em Guaratinguetá, em São Paulo. A unidade de Mosqueiro é uma das nove existentes no Estado do Pará e acolhe atualmente cerca de 100 pessoas, além de 15 voluntários.
Segundo Luciano o espaço se baseia em três pilares: trabalho, convivência e espiritualidade. “Não há portão, nem uso de medicamentos. O que é apresentado é um estilo de vida fundamentado na vivência do evangelho”, explicou.
A rotina da Fazenda inclui orações diárias, leitura do evangelho, partilha de experiências e atividades laborais. Os acolhidos são inseridos em diferentes frentes de produção, como padaria, cozinha industrial, marcenaria, suinocultura, piscicultura, apicultura e cultivo hidropônico de hortaliças. A produção ajuda na manutenção do local e na formação profissional dos acolhidos.
A Fazenda é mantida por voluntários, doações e pela comercialização dos produtos produzidos no local. Luciano contou que muitos dos que chegam ao espaço estão em situações críticas, como tentativas de suicídio ou episódios de overdose.
“Eles chegam buscando recomeçar. Aqui recebem apoio, orientação, aprendem uma profissão e podem reconstruir vínculos familiares”, disse o técnico.
Impacto social e participação da comunidade
A obra social sem fins lucrativos também realiza ações voltadas para a comunidade do entorno. Durante o período da Quaresma, por exemplo, foram arrecadados e distribuídos alimentos a famílias em situação de vulnerabilidade. “Faz parte da nossa missão servir. Ao mesmo tempo em que nos recuperamos, estendemos a mão ao próximo”, afirma Luciano.
Segundo o técnico, a unidade de Mosqueiro é considerada a quarta maior do país em número de acolhidos. O acesso ao acolhimento é feito por meio do escritório da Fazenda, localizado na sede da Arquidiocese de Belém. “As pessoas nos procuram espontaneamente. É um processo voluntário, que começa com a escuta e a confiança”, explica.
Além do trabalho com dependentes químicos, a Fazenda desenvolve projetos sociais em outros países, como creches, escolas e hospitais. Reconhecida pelo Vaticano como obra da Igreja, a instituição é conduzida por leigos e religiosos que seguem um estilo de vida comunitário. “A proposta é restaurar a dignidade humana por meio do amor concreto e da fé ativa”, resume Dom Alberto.
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