'Trend do Corretivo': desafio que simula consumo de cocaína entre estudantes alerta escolas do Pará
Nos últimos dias, vídeos de alunos cheirando pó de corretivo líquido, simulando o consumo de cocaína, chamaram atenção de especialistas sobre os riscos de problemas respiratórios
Uma nova "brincadeira" nas redes sociais, chamada de “Trend do Corretivo”, tem preocupado pais de estudantes e diretores de escolas públicas e particulares brasileiras. Nos últimos dias, vídeos de alunos cheirando pó de corretivo líquido, simulando o consumo de cocaína, chamaram atenção de especialistas sobre os riscos de problemas respiratórios causados pela inalação da substância. O assunto colocou em alerta as entidades ligadas à educação no Pará, onde ainda não há registros de que o desafio tenha ocorrido nas instituições de ensino locais.
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O termo "trend" significa como são chamadas as tendências das redes sociais. O desafio é gravado em vídeo para ser compartilhado nesses sites ou aplicativos, podendo gerar milhares de visualizações. O que se sabe até o momento é que o jogo é inspirado na série de TV americana Euphoria, na trama, jovens de um colégio enfrentam dificuldades com o uso de drogas. Não há informações que confirmem se a "Trend do Corretivo" começou primeiro dentro das escolas ou na web.
No Brasil, as imagens foram compartilhadas no Instagram, Tiktok e Twitter. Nos vídeos, os adolescentes aparecem raspando o pó do corretor líquido e inalando a substância até mesmo dentro da sala de aula. Alguns desses casos foram registrados em escolas dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Nas redes sociais há relatos de estudantes comentando sobre expulsões, suspensões e a presença de policiais militares dentro das instituições de ensino.
Riscos à saúde
O professor de química Hugo Pereira comentou que a "Trend do Corretivo" é perigosa e pode provocar graves problemas de saúde respiratória a quem participa do desafio. O especialista explica que o corretivo é composto por substâncias tóxicas, como o óxido de titânio, que dá coloração branca ao produto; o etanol, responsável por acelerar a secagem; e os polímeros, que dão constância ao produto.
“Quem participa desses jogos corre o risco de ter um caso de intoxicação, danos às mucosas do nariz e agravar os casos de rinite e sinusite”, afirma o educador.
Hugo Pereira lembra que diariamente o ser humano inala resíduos sólidos de poluição, o que faz com que o nariz seja capaz de os remover com facilidade. Entretanto, se inalado em maior quantidade e de forma exagerada, o nariz enfrentará dificuldades para conseguir repelir, alerta o professor de química.
Escolas paraenses têm conhecimento sobre a tendência
No Pará, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) afirma que por meio de nota “que atua com orientações pedagógicas para evitar esse tipo de prática dentro das unidades escolares”. Ainda de acordo com o comunicado, a pasta ressalta que “até o momento, não há registros de casos em escolas estaduais [no Pará]''. O Sindicato Estabelecimentos Particulares Ensino do Estado Pará (Sinepe) também se manifestou a respeito do caso via nota.
“O Sindicatos dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Pará ( Sinepe) recebe com preocupação a notícia de que casos desse tipo já foram identificados em escolas de outros Estados, mas afirma que não houve registro de ocorrências ao Sinepe por parte de nenhuma escola associada. O Sinepe esclarece que já está fazendo um trabalho de informação e orientação aos estabelecimentos para que preparem medidas educativas visando prevenir qualquer caso semelhante na rede particular de ensino do Pará”, diz o comunicado.
Polícias Civil e Militar desconhecem casos no Estado
A Polícia Militar do Pará informou que não foram encontrados registros dessa ocorrência, segundo a assessoria de comunicação, “até porque não se trata de crime''. A PM destacou ainda: “Reforçamos que as escolas podem acionar a PM para que ações preventivas por meio do Programa Educacional de Resistência às Drogas e a Violência (Proerd) e Companhia Independente de Policiamento Escolar (Cipoe) sejam realizadas”. A Polícia Civil do Estado também disse, por meio da assessoria de comunicação, que “não possui informações sobre registros deste tipo”.
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