Serviços de saúde do Paar funcionam em lona improvisada e amargam com problemas, incluindo assaltos
O chamado ‘Complexo de Saúde do Paar’, espaço que comporta as Unidades Básicas de Saúde e a Urgência e Emergência do bairro, está gerando uma série de reclamações e denúncias por parte de muitos funcionários e pacientes
Funcionando desde junho do ano passado de forma improvisada, enquanto o prédio original segue em reforma, o chamado ‘Complexo de Saúde do Paar’, espaço que comporta as Unidades Básicas de Saúde e a Urgência e Emergência do bairro, está gerando uma série de reclamações e denúncias por parte de muitos funcionários e pacientes ouvidos pela reportagem de O Liberal Ananindeua. Invasões e roubos durante os plantões e falta de serviços básicos, como sutura, são as principais.
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Os dois serviços estão funcionando sob uma lona branca instalada na quadra de esportes da praça em frente à igreja São Vicente de Paulo, na avenida Solimões. Para quem chega pela primeira vez ao espaço, o cenário remete ao período de pandemia, quando hospitais de campanha produzidos com o mesmo material foram instalados pelo estado.
Alguns profissionais do local afirmam que a espera pela conclusão das obras no endereço antigo se tornou um drama, principalmente devido a falta de estrutura e segurança dos espaços improvisados. De outro lado, a Secretaria de Saúde de Ananindeua (Sesau) diz que os roubos cessaram após a contratação de vigilante, informando que o espaço reformado será entregue no primeiro semestre de 2023, mas sem definir dia ou mês.
Assaltos
“Desde junho, já assaltaram três vezes a parte da Unidade Básica de Saúde. Em uma delas, os bandidos invadiram e levaram todos os medicamentos da farmácia, principalmente antibióticos e remédios controlados. Em outra invasão eles levaram os esterilizadores. Na madrugada do último dia 12 aconteceu no meu plantão, e só quem passa sabe a dor e revolta que se sente quando bandidos invadem seu local de trabalho”, diz um trabalhador do local, que não será identificado por temer retaliações da direção da unidade.
“Já era umas 3h30. Ouvimos sons de alguém forçando as paredes do consultório. A equipe de enfermagem começou a gritar. Eu tentei ligar pra polícia, ninguém atendia, demoraram 40 minutos para chegar e os bandidos fugiram. Levaram uma grade, tentaram levar o ar-condicionado, mas não conseguiram. Todos que precisam trabalhar na Urgência e Emergência a noite ficam traumatizados. A verdade é que o local não tem segurança nenhuma e temos que esperar essas reformas infindáveis”, diz.
Sutura e medicamentos
A reportagem de O Liberal Ananindeua esteve no espaço na tarde do dia 23 de fevereiro. Na ocasião, uma mãe que tentava atendimento para sua filha de 10 meses disse que precisou ir para a UPA do Icuí, por falta de sutura e medicamentos. “Minha filha caiu de cabeça e e se cortou na boca. Não tem sutura nem remédio, nem raio X. Mandaram ir pra UPA do Icuí ou da Cidade Nova”, disse Ingrid Menezes, mãe da bebê ferida.
Na mesma tarde, a secretária de saúde do município, Dayane da Silva Lima, recebeu a reportagem na tenda onde funcionam os serviços. A secretária não falou sobre os roubos relatados pelos trabalhadores e sobre a falta de sutura, afirmou ser algo temporário, que não acontece habitualmente.
Cátia Alves, diretora da UBS, confirmou o roubo de medicamentos importantes no ano passado e que na última invasão, relatada pelos trabalhadores, os bandidos não conseguiram levar nada. Sobre a falta de sutura, a diretora disse que a unidade oferece atualmente “serviços paliativos” devido ao espaço improvisado, e que os casos mais graves são encaminhados às Upas.
“Quando chegam pacientes com golpe ou fratura exposta, realmente encaminhamos às UPAs, porque tem traumatologista, raio X e todo protocolo de atendimento. Não temos todos os serviços no momento devido a nossa unidade estar em reforma. Continuamos aqui para a comunidade não ficar sem nenhum atendimento, procuramos atender com a estrutura que temos”, disse a diretora.
Nota da prefeitura de Ananindeua
Em nota, a prefeitura de Ananindeua informa que a Unidade de Urgência e Emergência do Paar e Unidade Municipal de Saúde do Paar estão funcionando de forma temporária num espaço provisório na passagem Santarém com avenida Rio Solimões, enquanto os respectivos prédios estão em obras de ampliação no antigo endereço. É importante ressaltar que o local onde as unidades estão funcionando de forma temporária foi escolhido para atender um pedido da população local que não aceitou que os atendimentos fossem transferidos para muito distante dali.
Em relação às denúncias, não procede a falta de medicamentos e equipamentos em nenhuma das unidades. No entanto, quanto ao atendimento de urgência e emergência, como de praxe, casos de ferimentos mais graves que exigem um acompanhamento mais específico, tais como suspeita de fratura são encaminhados para a UPA mais próxima.
Sobre a denúncia de falta de segurança, houve uma tentativa frustrada de furto de ar condicionado durante uma madrugada na UMS do Paar, quando a unidade estava fechada. No entanto, funcionários de plantão na outra unidade que fica ao lado, ficaram assustados. Devido a isso, a Secretaria de Saúde contratou um vigilante para o local e as ocorrências cessaram. A Guarda Municipal também reforçou a ronda no local.
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