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Riquezas naturais da Amazônia continuam desconhecidas

Óleos obtidos de algumas plantas podem valer mais do que a madeira que é retirada das árvores

Keila Ferreira

Com sua inigualável biodiversidade, a Amazônia sempre chamou a atenção do mundo e produtos extraídos da floresta são cada vez mais procurados por empresas estrangeiras. Apesar disso, ainda precisa de muitos avanços para conseguir mudar a realidade de sua população.

A semente da ucuuba, por exemplo, possui 70% de ácido mirístico, principal ácido componente da espécie, que constitui um óleo essencial aromático de grande importância para as indústrias cosmética, farmacêutica e alimentícia, também encontrado na noz moscada, mais cara e rara. De acordo com o diretor operacional da Amazon Oil, Luiz Morais, uma única árvore produz até 500 quilos de semente ao ano e cada quilo é comercializado a um real. No entanto, em algumas comunidades, ela é abatida para produção de cabo de vassoura para a venda. 

Casos como esses demonstram a complexidade da região, rodeada de riquezas naturais, mas com povos que ainda não conseguem se beneficiar como poderiam dos elementos valiosos que estão ao seu alcance. 

“O principal desafio é a falta de visibilidade. Quando as pessoas chegam até nós, inclusive no próprio Brasil, acham que o óleo de pracaxi, por exemplo, é uma raridade, e isso faz com que elas não desenvolvam projetos que envolvam esses produtos. O óleo de pracaxi é mais conhecido nos Estados Unidos que no Brasil. Você não imagina o que ele faz numa lesão provocada por fogo, além de ter outras propriedades, é antiestria, reforça o couro cabeludo”, declarou Luiz, que possui clientes na Europa, Ásia e América do Norte. 

Ele destaca a importância que algumas empresas instaladas na Região tiveram nesse processo, entre elas a Natura. “Quando eu comecei esse projeto no Amapá, em 1994, o Brasil não sabia o que era andiroba”, enfatiza. “Em 1996, quando eu chegava nas comunidades e perguntava se tinha murumuru para fazer gordura, riam de mim, porque as touceiras só serviam para acumular cobras, então metiam fogo. Hoje, limpam as touceiras dos murumuruzeiros para colher. Nós poderíamos estar preservando muito mais espécie, valorizando muito mais, se houvesse mais visibilidade”, completa. 

Entre os grandes potenciais da região que podem ser melhor explorados ele cita o bacabi. “Dá um óleo que poderia gerar uma renda enorme não só para as comunidades ribeirinhas, como para o pessoal da agricultura familiar. Ele dá uma produtividade, por hectares, de polpa, bem maior que o açaí. Eu penso que vai ser uma das plantas que futuramente vem para somar com o próprio açaí e a própria bacaba. A gente não coloca no nosso mercado, porque nós temos que manter o foco no nosso portfólio”, argumenta. 

Para Luiz Morais, falar no aproveitamento das riquezas naturais é falar de valorização da floresta e qualidade de vida dos povos que dela vivem. “Eu já encontrei comunidades que estavam tendo problema de vista no meio de um tucumanzal, e o tucumã é o óleo que mais tem o betacaroteno (que pode ser convertido em vitamina A) no mundo”. 

Porém, o empresário diz que óleos amazônicos são tão desconhecidos que são exportados em meio a outros elementos, com a nomenclatura ‘outros óleos’. 

Na balança comercial elaborada pelo Centro Internacional de Negócios da Fiepa, com base em dados do Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), por exemplo, os “outros óleos essenciais” aparecem com US$ 1,5 mil em valores exportados pelo Pará, de janeiro a junho deste ano. “Outras gorduras e óleos vegetais” representaram US$ 576 mil em valores exportados, no mesmo período. 

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