Rede Observatório de Segurança apresenta relatório com cenário de crimes socioambientais

O relatório tem objetivo de acompanhar as políticas públicas de segurança, fenômenos de violência e criminalidade em oito estados

Bruna Lima
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A Rede Observatório de Segurança lançou na tarde desta segunda-feira (19) o relatório "Além da Floresta: Crimes Socioambientais nas Periferias," do boletim sobre crimes socioambientais de oito estados brasileiros, com o objetivo de acompanhar as políticas públicas de segurança, fenômenos de violência e criminalidade no Pará e também nos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo. O lançamento ocorreu no auditório Paulo Freire, do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da Universidade do Estado do Pará (Uepa).

Jonas Pacheco, que é pesquisador da Rede de Observatórios de Segurança, explica que a iniciativa do relatório surgiu a partir de um debate interno que se debruça de uma análise da conjuntura da política nacional, principalmente, nos estados que a rede monitora do norte e nordeste com relação aos crimes que vêm ganhando cada vez mais força.

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"Foram dois meses de análise com base nas informações oficiais das secretarias de segurança e dos órgãos que produzem os dados de crimes socioambientais. Esses dados foram solicitados para ter um bom diagnóstico do problema debatido dentro do campo da segurança. Hoje, tem uma concentração muito forte nas periferias rurais próximo às comunidades tradicionais quilombolas e indígenas", explica Jonas.

O professor e pesquisador do programa de pós-graduação e Geografia da Universidade do Estado do Pará e também pesquisador da Rede Observatórios de Segurança, Aiala Colares, destaca que dentro desse relatório um dos pontos mais importantes que o Pará ocupa é com relação ao aumento da violência contra povos indígenas e povos quilombolas, uma vez que há maior presença de facções não apenas na área urbana, mas sobre o território de quilombolas e de comunidades indígenas.

A cientista social e coordenadora da Rede de Observatórios da Segurança, Silvia Ramos, ressalta que a recém entrada do Pará no grupo de estados que integram a iniciativa, em 2023, estimulou a Rede a monitorar crimes socioambientais. “Nós estamos reconhecendo a importância cada vez maior dessas novas modalidades de violência, que combinam de forma complexa crimes contra o meio ambiente, crimes contra as populações tradicionais e crimes envolvendo facções de drogas, que já dominavam grandes áreas do país”, afirma.

A partir da análise dos oito estados da Rede, segundo Silvia, constatou-se que a Bahia e o Pará incluíram crimes contra as populações tradicionais dentro dos crimes socioambientais, iniciativa que precisa ocorrer “em todos os estados do país, pois crimes socioambientais atingem especialmente as periferias rurais e urbanas, e não só as próprias florestas e os animais”.

O boletim foi elaborado com dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) e contém textos com dados inéditos sobre segurança pública. O evento é aberto ao público e tem prevista uma mesa de debate com pesquisadores da Rede de Observatórios, que atuaram diretamente na produção do trabalho: Thais Custodio, Jonas Pacheco, Aiala Couto, Luiz Fábio Paiva e Luiz Eduardo Silva. A programação do encontro da Rede também será integrada por visita à Usina da Paz do Jurunas, encontro com a organização popular do bairro da Terra Firme, mesa no 17º Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), entre outras atividades.

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