Preço dos alimentos pesa no bolso dos moradores de Marabá

Mais de 70% do que é consumido internamente vem de outras cidades ou estados, e o transporte contribui para a alta nos preços

Tay Marquioro
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A alta no preço dos alimentos é sentida nos quatro cantos do país. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), só nos primeiros sete meses de 2022, alimentos e bebidas acumularam alta de 9,83% nos preços. E isso se reflete diretamente no orçamento doméstico de milhões de famílias. Em Marabá, não é diferente e, na hora de fazer as compras, algumas concessões são necessárias para conseguir levar o que precisa.

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“Aumentou bastante. Em uma semana você vem e está um preço, você volta na outra semana e já é outro preço. A sensação é de que aumenta a cada dia”, conta a dona de casa Muriel Aguiar. “Só com salário mínimo, não está dando para viver, o negócio está bem apertado mesmo. Tudo está caro, principalmente a alimentação. Eu diminuí muito as coisas que vim comprar aqui. Por exemplo, eu gostava de comprar bastante verduras para fazer salada, mas já tive que reduzir”.

A assistente administrativa Milena Freitas também sente as compras do mês pesando no bolso. Mas, para reduzir os danos, recorre à boa e velha pesquisa de preços. “Com certeza, tem uma diferença grande de preços entre um supermercado e outro. Eu, inclusive, já vim de outro e achei alguns preços mais acessíveis aqui. Mas, no geral, está tudo muito caro mesmo”, afirma.

A dinâmica de mercado que norteia os preços praticados em Marabá é objeto de estudo do Laboratório de Contas Regionais da Amazônia (LACAM), da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), desde 2019. De acordo com os dados levantados pelo LACAM, Marabá compra de outras cidades ou estados mais de 70% do que é consumido internamente. “Somando tudo de alimentação e bebidas, a produção de Marabá é responsável por menos de 30% do abastecimento do que ela própria consome. E, de tudo o que vem de fora, mas de 40% do que Marabá se abastece vem de outros estados”, afirma o professor Giliad Sousa Silva, coordenador e pesquisador do laboratório.

image Pesquisador afirma que mais de 40% do abastecimento de Marabá vem de outros estados (Tay Marquioro/ O Liberal)

Outro ponto que chama atenção nessa questão é o percentual da renda familiar gasto com itens de alimentação. Segundo o observado pelo LACAM, a cesta básica média consumida pelo marabaense responde por aproximadamente 40% do orçamento doméstico e, se considerarmos a renda média do trabalhador, esse é um ponto de preocupação.

“Por mais que o principal componente do PIB em Marabá seja a indústria extrativa, por causa da extração de cobre e manganês, a principal fonte de renda do marabaense é o setor de comércio de produtos e serviços, que responde por mais de 60% dos empregos gerados. E, quando analisamos a renda, há muitas distorções, porque no setor de comércio de produtos e serviços há que se considerar também o trabalho informal. Então, a estimativa que nós fazemos é que a renda média do trabalhador marabaense fique entre R$600,00 e R$700,00 por mês”, analisa o pesquisador.

INFLUÊNCIA DO COMBUSTÍVEL

De acordo com os hábitos de consumo da família marabaense, existem alguns itens considerados mais determinantes no elevado preço pago na hora de encher a despensa. Produtos hortifrutigranjeiros, por exemplo, são atualmente grandes vilões na composição econômica do que o consumidor leva para casa. E o grande responsável por isso, segundo apontam as pesquisas do LACAM, é o combustível.

image Alimentos estão entre os vilões da alta inflação (Tay Marquioro/ O Liberal)

“Esses itens têm tido uma parcela substancial de aumento nos preços porque são afetados direta ou indiretamente pelo frete. Porque a política de redução de ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços) para a gasolina não chegou de maneira efetiva ao diesel. E nós consumimos produtos que chegam até nós pela malha rodoviária e os caminhões utilizados nos transportes consomem óleo diesel”, explica o professor.

Esse é um problema que o caminhoneiro Roberson Bazilli tem sentido na pele nos últimos anos. Ele é paulista e está há mais de dois meses fora de casa sem saber ao certo quando vai poder voltar. “Estou esperando para conseguir algum frete para o sudeste e poder voltar para casa. No preço que está o óleo diesel, não compensa pegar a estrada de volta com o caminhão vazio”, explica.

image Caminhoneiro Roberson Bazilli tem sentido na pele a dificuldade de conseguir fretes (Tay Marquioro/ O Liberal)

Em algumas cidades do sul e sudeste do Pará, o diesel chega a custar R$8,00 nas bombas e, segundo Bazilli, o valor pago por alguns fretes não acompanhou esse aumento. “Hoje, para abastecer um tanque de 400 litros de óleo diesel, eu gasto de R$2.100,00 a R$2.200,00. Há dois anos atrás, eu abastecia por R$850,00”, conta. “E não é só isso... a manutenção também subiu muito. Um pneu, por exemplo, que custava R$1.450,00, agora custa R$2.500,00. Fora os gastos com peças, mão de obra, tudo isso subiu muito”.

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