Pará inicia testagem inédita da hepatite D nesta quinta (1/8), anuncia Sespa

As amostras coletadas de pacientes deverão ser coletadas e encaminhadas ao Laboratório Central do Estado do Pará (Lacen-PA), que enviará as amostras ao Laboratório Executor na Fiocruz/Rondônia

O Liberal
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O Estado do Pará começa a realizar nesta quinta-feira (1/8) os testes de diagnóstico e monitoramento da hepatite D, uma das formas mais graves de hepatite viral. A iniciativa faz parte de um projeto piloto do Ministério da Saúde (MS), que abrange a região Norte, com destaque para o Pará, que registrou 1,7% dos casos. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), os exames estarão disponíveis por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

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“A recomendação é que indivíduos com resultado reagente para o anti-HDV total realizem o exame de carga viral da Hepatite Delta, para complementar o diagnóstico. As amostras desses pacientes deverão ser coletadas e encaminhadas ao Laboratório Central do Estado do Pará (Lacen-PA), que enviará as amostras ao Laboratório Executor na Fiocruz/Rondônia”, informa a Sespa. “O Laboratório Executor na Fiocruz/Rondônia receberá amostras oriundas de todos os municípios que tiverem indivíduos com resultado reagente para hepatite D."

Conforme o MS, a iniciativa visa preencher uma lacuna histórica no acesso ao diagnóstico, acompanhamento e tratamento da infecção no país. A medida foi anunciada pela pasta na última terça-feira (30). A expectativa é alcançar a totalidade das pessoas infectadas. De acordo com o novo boletim epidemi​ológico do Ministério da Saúde, mais de 72% dos casos de hepatite D no Brasil estão concentrados na região Norte - e o estado do Pará registrou 1,7% dos casos.

Ainda de acordo com a Sespa, a Coordenação Estadual de Hepatites Virais recebeu do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DATHI) o Ofício Circular e a Nota Técnica sobre a “Implementação piloto do exame de carga viral do vírus da Hepatite Delta no SUS” no último dia 23.

“O projeto piloto se encontra no início da implantação do exame da carga viral da Hepatite Delta no SUS, com o início da oferta dos exames a partir do dia 01 de agosto. No entanto, o DATHI, em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), realizará, no dia 13 de agosto, um webinário para a Rede de Saúde apresentar o cenário da Hepatite Delta no Brasil, dos fluxos e critérios estabelecidos pela Nota Técnica e metodologia utilizada para a realização dos exames”, diz a Sespa.

Infecção

Segundo o Ministério da Saúde, o vírus depende da presença da infecção pelo vírus da hepatite B para contaminar uma pessoa. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a infecção crônica do vírus B, que é responsável por 47% dos óbitos relacionados às hepatites virais, atingiu cerca de 296 milhões de pessoas em 2022 em todo o mundo. Somente no Brasil, segundo o boletim epidemiológico, foram 10.952 casos de hepatite B e 128 de hepatite D no mesmo ano. Em 2023, com a retomada das ações de prevenção, uma redução dos casos já foi registrada: 10.092 casos de hepatite B e 109 de hepatite D.

Da mesma forma que as outras hepatites, a do tipo D pode não apresentar sinais ou sintomas. É nesse ponto de gravidade que a pasta está investindo de forma inédita. O novo modelo de testagem vai facilitar, agilizar e aumentar a capacidade diagnóstica no país. Com o avançar do projeto, que acontece por meio de uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Rondônia, a ideia é expandir para as demais regiões.

Medicamento

Ainda em parceria com a Fiocruz, o Ministério da Saúde garantiu medida de acesso a medicamentos para tratamento da hepatite C, com a primeira aquisição e distribuição de sofosbuvir e daclatasvir para estados e municípios. Foram 800 mil unidades farmacêuticas entregues. Com essa nova opção terapêutica de tratamento, além de possibilitar um alto percentual de cura, foi possível proporcionar uma economia em torno de R$ 43 milhões para o SUS, aproximadamente 33% mais barato quando comparado com o esquema anteriormente disponível.

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O Ministério da Saúde atua, ainda, em ações de prevenção, principalmente com a vacinação contra hepatite A e B, e na expansão do acesso a diagnóstico e tratamento contra hepatite B e C. Com isso, a pasta espera que a eliminação dessas doenças como problema de saúde pública ocorra até 2030. Nesse sentido, o Brasil foi o primeiro país do mundo a lançar uma política governamental para eliminar ou reduzir, como problemas de saúde pública, 14 doenças e infecções que acometem, de forma mais intensa, as populações em situação de maior vulnerabilidade social. A hepatites virais estão inclusas na ação, conhecida como Brasil Saudável.

Para acelerar essa resposta de eliminação das infecções, o Ministério da Saúde criou uma coordenação-geral específica de hepatites virais, dentro da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. O fortalecimento da estrutura da pasta permite a continuidade do diálogo com a sociedade civil, estados e municípios. Exemplo disso é a construção de um Plano para a Eliminação das Hepatites Virais no Brasil, que será colocado em consulta pública em agosto deste ano, com o objetivo de criar uma linha de cuidado de acordo com as realidades locais. O documento foi construído de forma articulada com gestores estaduais e municipais, sociedades civil e científica, bem como com instituições nacionais e internacionais parceiras.

Cenário epidemiológico

Os dados do Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais 2024 apontam que, de 2000 a 2023, foram notificados mais de 785 mil casos no Brasil, sendo 40,6% do tipo C, 36,8% do tipo B, 21,8% do tipo A e 0,6 de hepatite D. Somente em 2023, foram mais de 28 mil novos casos, sendo 7,3% de hepatite A, 35,4% de hepatite B e 56,7% de hepatite C. Do total de casos de hepatite D, ao longo da série histórica, observou-se que 62,8% estavam entre pessoas autodeclaradas pretas ou pardas, seguidos de 17,3% de brancas, 6,6% de indígenas e 1,3% de amarelas.

As taxas de detecção de hepatites B e C apresentaram redução de 7,9% e 8,7%, respectivamente, quando comparadas a 2022. Em relação aos óbitos – com base na série histórica de 2012 a 2022 com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) – é possível observar redução nas mortes relacionadas às hepatites A (36,8%), B (22,6%) e C (54,9%). A redução das mortes pode ser observada como um resultado de diversas ações, tais como introdução dos antivirais de ação direta a partir de 2015 e a introdução da vacina de hepatite A para crianças em 2014. Contudo, em 2022, a hepatite C foi a principal causa de óbitos entre as hepatites virais com 69,9%, seguida pela hepatite B com 26,1% do total.

Em 2023, cerca de sete mil pessoas iniciaram e mais de 40 mil estavam em tratamento para hepatite B. Quanto à hepatite C, cerca de 17 mil pessoas realizaram tratamento. Assim como para a hepatite B, a maioria (86%) realizou acompanhamento médico no serviço público de saúde e 98% tratou a hepatite C pela primeira vez.

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