Pará concentra maior parte do desmatamento no Brasil, revela dados do Imazon
Ao todo, o desmatamento na Amazônia cresceu 23% em novembro deste ano, equivalente à devastação de 3 mil campos de futebol por dia
A maior árvore da américa latina e a mais alta do mundo é um angelim-vermelho, de tamanho comparável a um prédio de 30 andares, com mais 400 anos de vida, localizado em uma Unidade de Conservação (UC) na Floresta Estadual (Flota) do Paru, no norte do Pará - ela e mais um santuário de angelins com mais 70 metros de altura correm grande risco de deixar existir, uma vez que a UC foi a terceira mais devastada na Amazônia em novembro deste ano. Ao mesmo tempo, o desmatamento em toda a Amazônia cresceu 23% em novembro deste ano, se comparado ao mesmo período no ano passado. 47% do desmatamento aconteceu no Pará. Os dados são do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
De responsabilidade do governo do Pará, o território do Paru sofre com o avanço do garimpo e da grilagem que, além do desmatamento, prejudicam centenas de famílias que dependem do extrativismo da castanha-do-pará, motivo que levou o Imazon a lançar a campanha #ProtejaAsÁrvoresGigantes, que pede providências urgentes da gestão estadual.
“A Flota do Paru é um verdadeiro santuário das árvores gigantes na Amazônia. Por isso, é extremamente grave que o desmatamento esteja avançando sobre o local. Em consulta realizada neste mês no Sistema de Cadastro Ambiental Rural do Pará (Sicar Pará), é possível visualizar mais de trinta Cadastros Ambientais Rurais (CARs) sobrepostos à área, o que indica que os desmatadores estão pressionando pela posse desses lotes. O governo paraense precisa urgentemente cancelar esses registros ilegais e retirar os invasores da unidade de conservação”, alerta Jakeline Pereira, pesquisadora do Imazon e conselheira da Flota.
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Maior parte do desmatamento está no Pará
Apenas em novembro de 2022, a Amazônia registrou 590 km² de desmatamento, 23% a mais do que no mesmo mês do ano passado. Com isso, o acumulado desde janeiro chegou a 10.286 km², o que equivale à devastação de 3 mil campos de futebol por dia. Essa é a pior marca para o período em 15 anos. Ainda mais alarmante para a região norte é que quase metade da derrubada registrada no mês em toda a Amazônia ocorreu apenas no Pará: 276 km² (47%).
“É importante lembrar que a lei permite que os governos dos estados atuem para combater o desmatamento tanto em áreas estaduais quanto federais. Além disso, têm o dever de cancelar os Cadastros Ambientais Rurais (CARs) sobrepostos às áreas protegidas, como terras indígenas e quilombolas e unidades de conservação”, explica Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.
Na escala do desmatamento, o Mato Grosso ocupou a segunda colocação, com 82 km² de floresta destruídos (14%), e o Amazonas a terceira, com 66 km² (11%). Juntos, esses estados somaram 72% de toda a devastação na Amazônia Legal. Bianca Santos reflete, ainda, sobre as consequências de toda essa devastação para o equilíbrio do clima:
“O Brasil já é o quinto maior emissor do mundo de gases do efeito estufa, que são os responsáveis pelas mudanças climáticas. E, ao vermos os números de desmatamento cada vez mais altos, também vislumbramos mais um recorde negativo nas emissões. Em 2021, o país teve a maior alta na liberação desses gases em 19 anos, principalmente por causa do setor de mudança no uso da terra, conectado diretamente com a derrubada na Amazônia”, comenta Bianca Santos.
A reportagem de O Liberal entrou em contato com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) para comentar o assunto a aguarda retorno. “A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) informa que 70% da área é de jurisdição federal e 30% do Estado. A Semas informa que reduziu 21% o desmatamento no Estado. A redução alcançada, ou seja, 1.097km² em números absolutos, compreende 75% da área reduzida na Amazônia Legal. O Pará vem ampliando ações voltadas para uma economia de baixo carbono, através da valorização da floresta, com alternativas de uso da terra sem conversão florestal, como propõe o Plano Estadual de Bioeconomia, lançado na Conferência do Clima (COP 27), no último mês, no Egito. A Semas informa ainda que fortalecerá as ações de combate ao crime ambiental com a união dos esforços futuros, entre o governo Estadual e Federal”, garantiu a secretaria.
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