Desmatamento na Amazônia sobe 123% em novembro; é o segundo pior resultado da história

O pior momento ainda foi no período de agosto a novembro de 2020, quando foram desmatados 563 km² da Amazônia

Victor Furtado
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A Amazônia chegou a 4.574 quilômetros quadrados de desmatamento de agosto a novembro deste ano, como aponta o sistema Deter-B, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (9), com o destaque de que, apenas em novembro, foram 555 km² desmatados na região; um aumento de 123% em comparação com o mesmo período de 2021. Esse é o segundo pior resultado do mês ao longo da série histórica, iniciada em 2015. O mais grave ocorreu em novembro de 2020, com 563 km².

No acumulado, o total de área desmatada do período agosto - novembro bate recorde na série histórica, com aumento de 51%. O último pico de registros de alerta de desmatamento foi em 2020, quando o bioma perdeu 4.476 km². A taxa de desmatamento na Amazônia é medida sempre de agosto de um ano a julho do ano seguinte.

O município com maior área desmatada dos últimos quatro meses foi Lábrea, no Amazonas, com 209 km². Lábrea é uma das cidades que ficam no eixo da BR-319 (Manaus - Porto Velho), uma obra iniciada no período da ditadura militar e que foi retomada pelo governo de Jair Bolsonaro. A licença prévia para o asfaltamento da rodovia foi concedida em junho. Porém, os pareceres técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não aconselhavam. O corte raso na região ocorrem em função de expectativas da obra, que passa pelo maior bloco de florestas intactas do bioma.

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Enquanto o desmatamento subiu 60% em quatro anos, segundo o Observatório do Clima, as multas aplicadas pelo Ibama na Amazônia caíram 38% no mesmo período. A BR-319 é um dos fatores que explicam o fato de o Amazonas ter sido o único Estado com desmatamento em alta no ano de 2022.

“Esse resultado chega três dias depois da aprovação da regulação europeia contra o desmatamento importado. Os números nos deixam mais distantes de nos ajustar à nova lei, prejudicando o agronegócio brasileiro e a imagem do país no exterior”, analisou Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

A taxa oficial de desmatamento deste ano, medida por outro sistema do Inpe, o Prodes, foi divulgada no último dia 30. Mesmo com uma queda de 11% no último ano, o período dos últimos quatro anos teve o maior aumento da devastação desde o início das medições por satélite, na década de 1980.

A Redação Integrada de O Liberal entrou em contato com o Ibama e o Dnit e aguarda posicionamento sobre o assunto.

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