Naufrágio em Cotijuba: sobrinha de vítima relembra ligação do tio antes da tragédia: 'Nervoso'
José Luís Rodrigues da Silva, de 63 anos, e a filha, Ananda Luiza Barreto da Silva, de 18, são duas das 20 vítimas já localizadas pela Segup
O naufrágio da lancha “Dona Lourdes II”, ocorrido próximo a uma praia da Ilha de Cotijuba, na última quinta-feira (8), já deixou pelo menos 20 mortos, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup). Duas dessas vítimas são José Luís Rodrigues da Silva, de 63 anos, e Ananda Luiza Barreto da Silva, de 18. Pai e filha, eles também eram tio e sobrinha da professora Rayanne Cavalcante.
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A educadora física junto a seus familiares enfrentaram dias difíceis durante as buscas. A confirmação da identidade deles veio neste sábado (10). “Minha ficha não caiu ainda”, compartilha a angústia.
“Hoje foi mais um dia de sofrimento para mim e para minha família. Desde quinta-feira que eu só sei ir para o IML [Instituto Médico Legal] e Cotijuba. O dia todo sem se alimentar, sem beber água, só andando para todo lado. A gente está com a cabeça para ‘explodir’”, continua.
Rayanne relembra as últimas mensagens enviadas pelo tio, ainda no início da tribulação na embarcação. Por meio de um aplicativo de mensagem, ele disse que estava nervoso porque o barco tinha parado.
“Era por volta de 7h30. Ele ligou para minha madrinha e falou: ‘Eu estou muito nervoso. O barco parou’. Só que, até então, ele não tinha falado para a gente que o barco estava afundando. Então, a minha madrinha não tinha nem o que fazer. Depois, quando ela tentou retornar a ligação para ele, falhou, e aí já era na hora que estava acontecendo a tragédia”, conta.
Ela diz, ainda, que, nos últimos dias, antes da confirmação da identidade dos parentes, a família foi vítima de fake news de pessoas que diziam que o tio e sobrinha tinham sido encontrados com vida.
De acordo com o Governo do Estado, toda a viagem, que partiu de Cachoeira do Arari rumo a Belém, era clandestina: desde o porto de onde a embarcação partiu, a própria embarcação e o porto para onde os passageiros se dirigiam, na capital.
“O que eu queria assim que a gente deixasse claro daqui pra frente é que pudessem mudar essas fiscalizações que tem em cima dessas embarcações que vão para o Marajó. Tudo isso poderia ter sido evitado. Uma lancha clandestina, ela entrava em vários portos, não tinha ponto fixo justamente porque era clandestina”, finaliza Rayanne.
Segundo a familiar das vítimas, os corpos serão liberados amanhã e seguirão para Salvaterra, no Marajó, para serem velados.
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