MPF recomenda ação da Força Nacional no combate à invasão de Terra Indígena no Pará
Terra Indígena (TI) Alto Rio Guamá, no nordeste paraense, foi reinvadida por não-indígenas no último final de semana
Nesta segunda-feira (25), o Ministério Público Federal (MPF) solicitou à Justiça Federal a permanência da Força Nacional no combate a reinvasões na Terra Indígena (TI) Alto Rio Guamá, no nordeste do Pará. O espaço tem sido alvo de reintrusão de não-indígenas. O MPF também requisitou informações a órgãos públicos sobre quais providências foram tomadas.
A retirada de não indígenas – a chamada desintrusão – ocorreu no ano passado, em cumprimento a sentença da Justiça Federal de 2014. Apesar de não haver possibilidade de a sentença ser cancelada, neste início de ano começaram a circular informações falsas de que os não indígenas poderiam reinvadir a área. No último final de semana, não indígenas reinvadiram a região conhecida como Vila Pepino, segundo denúncias recebidas pelo MPF.
A TI Alto Rio Guamá foi reconhecida como território indígena em 1945 e homologada em 1993. O território é de usufruto exclusivo dos povos Tembé, Ka’apor e Timbira. No entanto, não indígenas já indenizados ou que invadiram a área após o processo de homologação insistiam em permanecer irregularmente no território, o que motivou a operação de desintrusão em 2023.
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Pedidos do MPF à Justiça Federal
- O restabelecimento integral da posse tradicional em favor dos povos indígenas habitantes da TI Alto Rio Guamá na área conhecida como Vila Pepino, localizada em Nova Esperança do Piriá (PA);
- Que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) seja obrigada a adotar imediatamente providências para a proteção territorial capazes de garantir a consolidação da desintrusão, mediante a apresentação de um cronograma objetivo de ações institucionais, com previsão de prazos, providências, agentes e recursos destinados a tanto, mediante consulta prévia, livre e informada aos povos indígenas nos termos da Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT);
- Que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) providencie o cumprimento integral das providências e responsabilidades assumidas no Plano Integrado de Desintrusão da TI, destinadas à garantia do direito à terra e moradia dos ocupantes não indígenas previamente listados pela autarquia.
Recomendações do MPF ao governador e ao secretário de Segurança do Pará
requeiram ao Ministério de Justiça e Segurança Pública a prorrogação da permanência do efetivo da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) na área, sob a coordenação da Funai e da superintendência da Polícia Federal (PF) no Pará, em quantidade e condições condizentes com a gravidade e urgência dos fatos, pelo período mínimo de 180 dias
A medida deve passar por revisão periódica, para garantir a vida, integridade e segurança das comunidades indígenas da TI Alto Rio Guamá, nas atividades e nos serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, em caráter episódico e planejado, de modo a evitar situações de violências e obstar os riscos de reinvasões do território tradicional.
Requisições às Secretarias Executivas da Secretaria-Geral da Presidência da República e do Ministério dos Povos Indígenas e à diretoria de Proteção Territorial da Funai o MPF requisitou:
- Que indiquem com urgência quais providências imediatas estão adotando para conter a situação e apresentar plano de consolidação da desintrusão da TI, tendo em vista os recorrentes relatos encaminhados por lideranças indígenas da TI sobre os graves riscos de violências em razão de iminentes confrontos diretos entre os povos indígenas, pessoas não indígenas e as forças de segurança, frisando que permanece a situação de invasão do território tradicional por grupo massivo de pessoas, em violação à ordem judicial.
Em reunião realizada com o procurador da República Sadi Machado nessa segunda-feira, lideranças indígenas relataram insuficiência das medidas adotadas pela Funai e de um plano efetivo de desintrusão e proteção territorial. Afirmaram que as providências adotadas não têm contado com a participação efetiva das lideranças, nem levado em conta as sugestões relacionadas à instalação de guaritas e postos de fiscalização.
Com informações do Ministério Público Federal
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