Moradores denunciam abandono e negligência da gestão municipal em Ananindeua
Os problemas que marcam a gestão do prefeito Daniel Santos envolvem a falta de coleta de lixo, de iluminação pública e carência de medicamentos nas unidades de saúde
Quem vive em Ananindeua, município da região metropolitana de Belém, enfrenta diariamente uma realidade marcada pelo descaso da administração pública. Sob a gestão do prefeito Daniel Santos, moradores relatam problemas como lixo acumulado nas ruas, falta de iluminação pública e carência de medicamentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Os problemas relacionados à coleta de lixo são nítidos desde as principais vias, como a avenida Independência, no bairro do Paar, até a rua da Vitória, no bairro do Distrito Industrial, por exemplo, onde a insatisfação é grande. Moradoras como Keila Soares, técnica de enfermagem, e Magna Sousa, empregada doméstica, denunciam que a coleta de lixo não é realizada na área desde antes do Natal.
‘Passamos o Natal no lixo’, diz moradora
“Passamos o Natal no lixo”, lamenta Magna, que também criticou o aumento de mais de 100% na taxa do IPTU. Segundo ela, a justificativa seria destinar os recursos para limpeza urbana, mas a realidade vivida é bem diferente.
“O prefeito ontem fez uma festa pelo aniversário de Ananindeua. Mas não há nada para comemorar. A gente paga IPTU caro, contribuições para iluminação pública, mas se uma lâmpada queima, somos nós que precisamos comprar e trocar. É um descaso”, afirma Magna.
Além da coleta irregular, os moradores relatam que, em outubro, precisaram contratar um serviço particular para retirada do lixo, desembolsando R$ 300. “Eles só vêm no dia da denúncia e depois somem. É um direito nosso, mas é como se estivéssemos pedindo um favor”, declara Keila.
População pede que a gestão ‘crie vergonha na cara’
Enquanto o serviço de coleta de lixo não é realizado, moscas invadem as casas, provocando doenças e impedindo até pequenos negócios, segundo as moradoras. “A moça que vendia churrasquinho aqui na frente parou, porque as moscas não deixam”, reforça Magna, que fez um apelo à gestão municipal: “Que criem vergonha na cara e venham fazer o serviço que é deles. Na época da eleição, eles querem voto”.
Unidades de saúde sofrem com a falta de medicamentos
O caos também se reflete na saúde pública. Magna denuncia a precariedade das UPAs da cidade. “Você vai lá e eles só passam dipirona, mandam você ir morrer em casa”, denuncia.
Enquanto a gestão de Daniel Santos ignora demandas básicas da população, os moradores de Ananindeua continuam convivendo com um cotidiano de abandono, pagando caro por serviços que não chegam também à alameda Novo Paraíso, ainda no Distrito Industrial.
Morador denuncia compra de votos e abandono
Além do lixo acumulado, falta de iluminação pública e precariedade na saúde, moradores de Ananindeua agora denunciam um problema ainda mais grave: a compra de votos na última eleição. Segundo o aposentado Francisco da Silva, residente na alameda Novo Paraíso, o prefeito Daniel Santos “comprou muito voto” na região, mas abandonou completamente os moradores após garantir sua reeleição.
“Só o nome da alameda é bonito. Não tem coleta de lixo, o mato tá alto, e agora o que ele tá dando pro pessoal é só lixo. Não tem compromisso nenhum com os moradores”, afirma Francisco. Ele relata que, apesar de o município sempre ter enfrentado dificuldades, a atual gestão agravou a situação. “Depois das eleições, que deram a cadeira de novo pra ele, piorou. O que ele queria, ele pagou com o dinheiro do povo e conseguiu. Agora vamos passar mais quatro anos na miséria e no lixo”, lamenta o aposentado, ao afirmar que se absteve de votar na última eleição.
Terreno abandonado vira lixão a céu aberto
A denúncia de Francisco reflete o sentimento de outros moradores. Durante a entrevista com o aposentado, pessoas de diferentes bairros, como o Distrito Industrial e Águas Lindas, abordaram a reportagem e relataram situações de abandono e precariedade. Um terreno na rua rui Barbosa, por exemplo, se transformou em um ponto de descarte de lixo devido à ausência de coleta. “Já tem tanto lixo lá que a rua tá fechada. O carro passa espremido no meio do lixo”, diz um morador, que prefere não se identificar.
Além do lixo, o cenário de descaso expõe a população a riscos de saúde. “Mosca, carapanã, foco de dengue, crianças adoecendo… você encontra de tudo lá”, denuncia uma moradora. Ela ainda contou sobre a situação de seu neto de apenas quatro meses. “Ele está doente por causa dessa sujeira. A gente tá totalmente abandonado. Mas todo mês chegam os impostos pra pagar, e não é nada barato”, garante.
O aumento no IPTU também é motivo de revolta. Segundo relatos dos moradores, as taxas subiram exorbitantemente, sem que os serviços básicos fossem oferecidos. “No ano passado, eu recebi uma conta de R$ 4.000,00. E o que a gente recebe? Minha rua tá cheia de lixo e escura. Quando a gente pra um [órgão], dizem que não é competência deles. A gente liga pra outro, e é a mesma coisa. Fica por isso mesmo”, desabafa a moradora.
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