Malária: duas cidades concentram 63% dos casos da doença no Pará; saiba quais

Neste ano, até o momento, foram contabilizados 500 casos e nenhuma morte. Sespa aponta redução do número de registros

Fabyo Cruz
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Nos últimos três anos, o Pará registrou redução no número de casos e mortes provocadas pela malária, no entanto, as regiões do Marajó e Baixo Amazonas apresentam os maiores desafios para a saúde no Estado. As cidades de Jacareacanga e Itaituba correspondem a 63% dos casos registrados. Dificuldade de acesso da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), migração da população e conflitos provocados pelo garimpo são os principais fatores que dificultam o controle da doença na localidade.  

Um levantamento da Sespa contabilizou 500 casos e nenhum óbito, até o momento, no Pará. Em 2020 foram registrados 24.535 casos e 04 óbitos. Já no ano de 2021 foram verificados 19.232 e 02 óbitos, conforme dados divulgados pela  Secretaria de Estado de Saúde Pública. A maior parte dos registros estão em municípios das regiões do Marajó e Baixo Amazonas. Atualmente, o Estado acompanha a meta anual de redução (15%) estabelecida pelo Ministério da Saúde (MS), afirma a coordenadora estadual de Controle da Malária, Paoola Vieira.

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“Nesses últimos dois anos de pandemia do coronavírus, nós continuamos trabalhando e conseguimos reduzir um pouco mais que a meta anual. As ações da Sespa só pararam em situações específicas como lockdown. Um fator que contribuiu, indiretamente, à redução foi o fato de que as pessoas ficam mais em suas casas, evitando uma maior propagação da doença. Agora, o nosso foco está nos municípios de Jacareacanga e Itaituba que possuem as maiores taxas do Estado”, disse Paoola Vieira.  

Entenda os desafios do controle da malária no Pará

A coordenadora conta que os maiores desafios da saúde pública estão nas regiões do Marajó e Baixo Amazonas, por conta de algumas características específicas, entre elas, a migração das populações locais e a dificuldade de acesso às comunidades ribeirinhas. “As pessoas que habitam nesses lugares se deslocam constantemente, isso é um dos motivos que dificulta os atendimentos e facilita a propagação da malária. Outra dificuldade é o acesso à população ribeirinha, por exemplo, no Marajó, localizadas em áreas muito distantes”, comentou.  

image Mosquito vetor da malária (Portal Biologia / Divulgação / Via Agência Brasil)

Paoola Vieira assegura que a prioridade do governo do estadual é o Baixo Amazonas, sobretudo nos municípios de Jacareacanga e Itaituba, primeira e segunda cidade mais afetada pela malária, respectivamente, que correspondem aos maiores índices de malária no Pará. “Itaituba não aumenta nem diminui, porém em Jacareacanga está em aumento, provocando por conta dos conflitos de garimpos na região, que dificultam o acesso à saúde. Lá, há conflitos, por exemplo, entre grupos indígenas, a favor ou contra o garimpo, isso dificulta o atendimento à população indígena como um todo”, afirmou. Jacareacanga registrou tímida redução de 2% a 3% de casos da doença, segundo a coordenadora.

Doença é considerada negligenciada

Algumas doenças consideradas negligenciadas tiveram aumento de casos e da taxa de letalidade, após a pandemia demandar mais esforços da rede de saúde para atender a covid-19, no Brasil. Uma das mais graves, em relação à região Norte, é a malária. A maior concentração de transmissores está nas florestas da Região Amazônica (mais de 98%), envolvendo Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Maranhão, um pouco de Mato Grosso e de Tocantins, embora sejam encontrados também transmissores, em menor quantidade, na Mata Atlântica.

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Conforme define a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as doenças negligenciadas como aquelas causadas por agentes infecciosos ou parasitas são consideradas endêmicas em populações de baixa renda. Essas enfermidades também apresentam indicadores inaceitáveis e investimentos reduzidos em pesquisas, produção de medicamentos e em seu controle. No Brasil, em 2020, a taxa de mortalidade para malária subiu 82,55%, apesar da queda de 29,3% nas internações. Doenças como a leishmaniose visceral e a leptospirose também registraram aumento de mortalidade de 32,64% e 38,98%, respectivamente. O número de internações por essas doenças diminuiu no período, com quedas de 32,87% e 43,59%.

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