Mais de 7,2 mil mulheres foram vítimas de violência de gênero no Pará neste ano

Belém sedia o 1° encontro das Delegacias Especializadas em Atendimento à Mulher e discute a violência de gênero e propostas para combater essa realidade

Emanuele Corrêa / O Liberal
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Na manhã desta sexta-feira (10), na Delegacia Geral da Polícia Civil do Pará, acontece o 1° encontro de Delegacias especializadas no atendimento à mulher (Deams) e faz parte do calendário da campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher, com o objetivo de refletir a violência de gênero. No Pará, em 2021, 7.255 mulheres foram vítimas de algum crime de violência de gênero. Um aumento de 30%, em relação ao ano passado, que registrou 5.435 casos, de acordo com a Secretaria de Segurança pública do Estado (Segup).

O evento que começou às 9h, segue até às 17h no auditório Ivone Coelho, da Delegacia Geral, situada na avenida governador Magalhães Barata. Após a mesa de abertura, que reuniu a Delegada geral adjunta Daniela Santos e outras autoridades presentes, a palestra que seguiu abordou a violência de gênero, o papel da mulher e a atuação dos homens no contexto das delegacias. 

Daniela explicou para o público presente de homens e mulheres servidores da Polícia Civil (PC) sobre a importância da escuta empática da mulher que vai até uma Delegacia não especializada ou em uma Deam e do diálogo também com o movimento feminista, para que se faça uma reflexão de onde a mulher está localizada na sociedade. "O movimento feminista não pode ficar fora de um encontro como esse que reúne técnicos que atuam no atendimento da mulher, por isso, agradeço a Fátima pela presença... Só teremos sucesso se ouvirmos a sociedade civil, para saber ouvir a razão daquela mulher buscar uma delegacia. Na violência contra a mulher, a delegacia é o último lugar que a mulher procura", disse a delegada.

De acordo com a delegada adjunta, a proposta da palestra é de reflexão, não só masculina, mas global e reconhece a atuação das servidoras públicas do interior do estado, na atuação contra a violência de gênero. "Gostaria de enaltecer as delegadas de Deams do interior, pois sabemos que as limitações são maiores que na capital", argumentou.

Lidiane Pinheiro, diretora da Deam Castanhal fala da importância deste evento e a necessidade da criação de novas delegacias especializadas e o contínuo suporte às já existentes, bem como do atendimento humanizado. "A maior importância deste evento é reunir autoridades policiais do interior e capital. Para entender e reafirmar os protocolos. A preocupação da PC é de apuração e atendimento e essas mulheres, que já chegam nas delegacias revitimizadas. Por isso a importância de ter equipe multidisciplinar. As vezes ela não quer o delegado, mas quer a assistente social, psicóloga. As vezes ela está num caso de lesão corporal, violência doméstica e ela precisa sair desse ciclo, antes que chegue ao feminicídio. E aí acontece a falha do estado, quando a mulher morre por ser mulher" observou.

Sobre as demandas do interior - que também são parte da realidade em todo o Estado - Lidiane destaca o trabalho de Castanhal e o papel da polícia no fim do ciclo da violência de gênero. "Em Castanhal elas chegam com as demandas de injúrias e ameaças e também a lesão corporal. E isso diz para mim que a polícia está fazendo o seu trabalho, para que essa mulher rompa com esse ciclo e que se evite o feminicídio, denunciando antes", concluiu.

A diretora espera que as resoluções apontem para o atendimento especializado, percepção penal rápida, para que se tenha pleno atendimento. "E uma vez que a mulher procure a delegacia, que seja feito um atendimento humanizado. A delegacia comum ela precisa ter cada vez mais essa consciência que precisa atender a vítima de violência. Que se invistam em Deams, que se invistam em delegacias especializadas e a partir delas muitas outras sejam capacitadas", finalizou

 

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