Prefeito Edmilson Rodrigues diz que lixão do Aurá será reativado após quase uma década
O anúncio do prefeito de Belém acontece há apenas uma semana do fechamento definitivo do Lixão de Marituba
Às vespéras do fechamento do Aterro Sanitário de Marituba e diante de uma série de tentativas falhas para estocar os resíduos da região metropolitana, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), anunciou nesta sexta-feira (24) que a capital paraense voltará a utilizar o Lixão do Aurá, desativado desde 2014. Com a decisão do fechamento e com a tentativa frustrada de remanejar o lixão para uma área onde vivem comunidades tradicionais do município de Bujaru e Baixo Acará, no nordeste paraense, a prefeitura de Belém precisou considerar a reativação do Lixão do Aurá, única opção que parece viável a curto prazo.
Edmilson Rodrigues revelou a decisão de forma surpreendente, durante coletiva de imprensa realizada na Câmara Municipal de Belém. O prefeito, que foi ao local para detalhar aos vereadores a participação de Belém na COP-28, que acontecerá em Dubai, acabou tendo que concentrar suas respostas no tema que aflige Belém e sua região metropolitana há décadas.
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Segundo o prefeito de Belém, apenas um terço da capacidade do Lixão do Aurá foi utilizada ao longo das duas décadas passadas e que por isso mesmo o espaço estaria apto para receber uma quantidade significativa de mais resíduos, de forma emergencial e temporária.
“Dois terços ainda podem ser ocupados, a gente pode usar de forma emergencial, não é para se manter por muito tempo, mas para evitar que o lixo seja jogado nas ruas, que inviabilize a nossa cidade, é necessário ter uma alternativa. Então, tem um terreno, com dois terços não utilizados que podem ser usados, de forma temporária, até a empresa que ganhe a licitação cumpra o que está previsto no contrato, ou seja, a empresa tem que licenciar um novo aterro e, a partir daí, a destinação será feita para esse novo aterro", argumentou.
O anúncio do prefeito acontece há apenas uma semana do fechamento definitivo do Lixão de Marituba, após anos de negociações com a empresa Guamá Tratamento de Resíduos, que em diversas ocasiões prolongou o vínculo, mesmo informando sobre a impossibilidade de prosseguir operando com eficiência no espaço. Edmilson Rodrigues informou que, apesar do Aterro Sanitário de Marituba não receber mais resíduos, a empresa responsável continuará atuando para mitigar os impactos ambientais no município.
Sobre a nova empresa que será responsável pelo serviço, o prefeito da capital afirmou que até dezembro Belém terá uma resposta definitiva. “Fizemos estudos desde 2021, estamos fazendo a licitação. Até dezembro nós temos o fim dessa licitação. O consórcio vitorioso cumprirá as suas obrigações e será uma mudança, pois o investimento previsto pela empresa é de um capital bastante significativo para mudar a infraestrutura com máquinas modernas para a coleta do resíduo, implantação de 19 estações ecoponto, as cooperativas terem nesses ecopontos um lugar para pegar o material e vender e faturar para gerar renda, é projeto que está em processo e será concluído em breve”, disse.
O processo de licitação está na penúltima fase da qualificação das empresas. De nove consórcios, algumas empresas já apresentaram todos os documentos necessários. “Vamos ter, portanto, em breve, o resultado e é um novo momento para Belém”, disse Edmilson.
História do Lixão do Aurá
Antes da criação do aterro de Marituba, em 2015, os resíduos de Belém, Ananindeua e de Marituba eram depositados no Lixão do Aurá. Criado no final da década de 1980 e começo dos anos 1990, esse lixão foi implantado nas faixas de limite dos municípios de Ananindeua e Belém, nas proximidades do Rio Aurá, afluente do Rio Guamá, um dos fatores que comprometeu a viabilidade ambiental do projeto, que após alguns anos começou a impor severos riscos à natureza e aos moradores das proximidades.
Por receber uma enorme quantidade de rejeitos sólidos sem estar completamente preparado para realizar o tratamento adequado, o local passou a oferecer problemas de riscos aos recursos ambientais e também acabou se tornando um lixão a céu aberto.
Com o seu fechamento em 2014, a nova proposta era de investimentos em novas práticas de manejo de resíduos, no entanto, desde o início de sua trajetória, o Lixão de Marituba enfrentou fortes críticas de lideranças populares, ambientalistas e outros especialistas, que alertavam para os riscos que o depósito de lixo no local oferecia.
Atualmente, segundo informou a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), o Aterro do Aurá ainda é um lixão, mas apenas para receber os chamados ‘inertes’, como entulhos de destruição, pedras e areia. Apesar das atividades no Lixão do Aurá terem sido encerradas, ainda hoje os moradores do entorno sofrem com as consequências dos problemas ambientais.
A redação integrada de O Liberal solicitou mais detalhes sobre a decisão às prefeituras de Belém, Ananindeua, Marituba, Ministério Público do Estado do Pará e aguarda retorno.
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