Início da 1ª Feira de Tecnologia Educacional de Marituba é marcado por projetos inovadores

O objetivo é introduzir as crianças e jovens ao ensino científico e promover o pensamento de maior interesse dos participantes em áreas profissionais de inovação

Camila Azevedo

30.08.22 15h10

Os projetos criados relacionam tecnologia com mudanças positivas para a sociedade, como a criação de braço robótico, lâmpada inteligente, entre outros (Thiago Gomes / O Liberal)

Alunos de 25 escolas da rede municipal de ensino de Marituba participaram da 1ª Feira de Tecnologia Educacional da cidade nesta terça-feira (30). O evento vai até esta quarta-feira (31), no Ginásio Poliesportivo Municipal. O objetivo é introduzir as crianças e jovens ao ensino científico e promover o pensamento de maior interesse dos participantes em áreas profissionais de inovação, como programação e informática, além de dar destaque ao contexto social e sustentável. As atividades contaram com a apresentação e demonstração prática dos protótipos criados pelos discentes da rede pública em uma arena, onde os jurados tiravam dúvidas sobre o processo de desenvolvimento das peças.

O ensino fundamental, do 6º ao 9º ano, faz parte da iniciativa. Os projetos criados relacionam tecnologia com mudanças positivas para a sociedade, como a criação de braço robótico, lâmpada inteligente, carrinho-robô com sensor ultrassônico para ajudar portadores de deficiência visual, cadeira de rodas inteligente, entre outros. A ideia é fazer com que os alunos pensem na forma de desenvolver e tenham criatividade para solucionar os problemas apresentados. Todos os protótipos tiveram um programa de códigos como base para configurar as definições, aspectos, características e funções das propostas.

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Robótica inserida no contexto industrial

A área industrial foi uma das observadas para que os trabalhos fossem construídos. Os representantes da escola Laura Falcão desenvolveram um braço mecânico, que foi pensado a partir da pandemia e nas formas de auxiliar o mundo a enfrentar as demandas que foram criadas no período e passaram a ser necessidades: fabricação de álcool em gel, respiradores, etc.

A substituição do recurso humano pelo robótico já é uma realidade que deve ser explorada. A professora Clara Tabosa, uma das envolvidas na criação do produto, explica que a intenção é abordar o assunto e levar os alunos a ver a tecnologia como algo possível e próximo da realidade de cada um. “A gente quer abordar um pouco do desenvolvimento da indústria que trabalha com os braços robóticos. Hoje, em especial, vamos abordar como esse material nos auxiliou na época da pandemia, quando o mundo vivia uma escassez de insumos e como esse tipo de tecnologia ajudou a enfrentar a demanda”, diz.

Carine Oliveira, é aluna do 8º ano do ensino fundamental e viu na oportunidade de criar um robô uma forma de descoberta do cotidiano. Para ela, a experiência foi única e possibilitou sonhar com o futuro. “Nosso braço robótico é uma miniatura daqueles que ficam em supermercados, que trabalham com cargas pesadas. Foi maravilhoso, eu aprendo muito com a robótica, não sabia que ela estava tão no nosso dia a dia como ela está. Tem várias cirurgias complexas feitas por braços robóticos e eu quero ser cirurgiã, então se eu puder ter a experiência de operar alguém assim, pra mim, vai ser uma experiência maravilhosa”, relata a estudante.

Iniciativa procura formas de melhorar a qualidade de vida de portadores de deficiência visual

Outra proposta inovadora foi a apresentada pelos alunos da escola Padre Marcos Sachawalder: eles criaram um carrinho-robô programado para desviar de obstáculos que estejam 40 cm de distância. Ao encontrar a barreira, o objeto foi programado para emitir um som como forma de avisar ao usuário o que tem pela frente.

O carrinho-robô criado pelos alunos da rede municipal de Marituba é uma forma de auxiliar portadores de deficiência visual no dia a dia (Thiago Gomes / O Liberal)

A dinâmica aplicada para que o robô fosse uma realidade envolveu matemática, mecânica e questões sociais para que pudesse ser escolhido. O professor Valbson Salomão, integrante do corpo docente que esteve na construção do projeto, destaca que foi um desafio, mas algo considerado de extrema importância na vida dos alunos e no futuro da escola. “Os alunos no início tinham dificuldades, mas foi muito importante porque a gente conseguiu trabalhar todas as partes do projeto. Eles se saíram super bem, estou orgulhoso da apresentação deles, foi muito importante, e eles conseguiram desenvolver o que eles treinaram em sala de aula”, conta.

Os resultados obtidos já são possíveis de serem vistos: uma ideia do que querem fazer no futuro foi possível com os ensinamos sobre a robótica. “Conversando com eles, eu já vi grandes resultados, muitos não conheciam a área, eles conhecem videogame, gostam de computador, então eles viram na escola esse ambiente que eles gostam e começaram a planejar, a querer seguir cursos de programação, de informática”, ressalta o professor.

A parceria envolvida e a possibilidade de uma nova forma de ver o mundo foram determinantes para Arielly Nascimento, estudante de 13 anos. “Foi bem difícil, mas com a equipe foi muito melhor, porque é sempre bom ter muitas pessoas ajudando. Foi bem legal e divertido quando a gente fez, eu não vou esquecer. Sempre fui doida por essas coisas, mas nunca soube muito como mexer. Quero fazer tudo de novo”.

Proposta é para alimentar sonhos de jovens e crianças

A educação 5.0, aquela voltada para o uso de tecnologias, já é possível e o objetivo da Feira de Tecnologia Educacional é trazer esse contexto para a vida dos alunos da rede pública de Marituba.

Eny Leite, secretária municipal de educação, aponta que acreditar nos sonhos é uma maneira de incentivar a criatividade dos participantes. “Muitos deles são de famílias carentes, que tem muito potencial, mas não acreditam nos seus sonhos. Foi posto no papel e hoje se torna realidade fazer com que os nossos alunos possam construir aquilo que muitas vezes já vem pronto e a nossa meta é fazer eles pensarem em como fazer algo, não simplesmente receber algo pronto, nós queremos que eles possam ter criatividade, inovação e possam almejar sonhos”, finaliza a gestora.