Igreja trissecular da Vigia de Nazaré, no nordeste paraense, será reformada
Excetuando a igreja de Santo Alexandre, em Belém, o templo da Vigia foi a mais importante obra construída pelos jesuítas no interior da Amazônia, no século XVIII
A quase trissecular igreja da Mãe de Deus, matriz da paróquia de Vigia de Nazaré, será reformada. As obras iniciam em julho e até que os serviços comecem, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) analisará as intervenções no prédio religioso. A igreja será fechada a partir do dia 27, quando será celebrada a última missa.
Excetuando a igreja de Santo Alexandre, em Belém, o templo da Vigia foi a mais importante obra construída pelos jesuítas no interior da Amazônia, no século XVIII. Não há outra igual em todo o território onde a Companhia de Jesus atuou; a ornamentação da sacristia é uma extraordinária obra barroca com imagens da vida da Virgem Maria. A igreja foi construída pelos jesuítas a partir de 1730. Anos antes, os missionários se estabeleceram na então Vila de Nazaré da Vigia, onde já se venerava Nossa Senhora de Nazaré.
Tombado em 1951, o templo já passou por várias reformas. A última ocorreu em 2004. No final de 2000, técnicos do IPHAN fizeram uma vistoria e constataram sérios problemas no telhado e na rede elétrica. A nova intervenção vai conter estragos provocados pelas avarias, principalmente do telhado. Será a etapa inicial dos serviços, previstos para demorar um ano.
Reunião
Na última quinta-feira, 2, D. Carlos Verseletti - bispo da Diocese de Castanhal - reuniu-se em Vigia com o arquiteto Aurélio Meira (especialista em restauro de prédios históricos, autor do projeto) e o vigário local, padre José Charles Teixeira. A equipe definiu que no dia 27 será celebrada a última missa antes que o canteiro de obras comece a ser montado.
D. Carlos confirmou que o Governo do Estado transferiu cerca de R$ 4 milhões à Associação das Obras Sociais da Diocese de Castanhal, que gerenciará a obra a ser executada pela mesma empresa que reformou o Palacete Faciola e a Igreja do Carmo, em Belém.
Obras
Até que as obras iniciem, em julho, o projeto tramita no IPHAN. E está sendo submetido, também, à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de cuja comissão encarregada da preservação do patrimônio histórico sob responsabilidade da Igreja, dom Carlos faz parte. Ele acrescenta que as intervenções serão analisadas com rigor para que as inovações sejam adequadas ao que a Igreja preceitua sobre a utilização dos espaços religiosos históricos.
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O arquiteto Aurélio Meira defende que a igreja seja pintada inteiramente de branco. Pesquisas garantem que há muitas décadas, o templo não ostenta cores nas fachadas. As fotografias publicadas por Serafim Leite (o jesuíta historiador que visitou Vigia em 1941) no livro “História da Companhia de Jesus no Brasil” (1942), mostra a igreja toda branca - ainda que muito deteriorada.
O arquiteto informou que será instalado um sistema de vidros para conter a chuva nas varandas superiores laterais, que provocam grande estrago da alvenaria a assoalhos, prejudicando gravemente o edifício religioso.
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