Grupo se reúne com Ministério Público para tentar coibir roubo de gado no Marajó

Número de ocorrências tem sido muitos alto nos últimos anos

Caio Oliveira

O alto número de ocorrências de furto e roubo de gado no Arquipélago do Marajó fez com que representantes do setor agropecuário procurassem ajuda do Ministério Público do Pará (MPPA), na tentativa de coibir a ação desses criminosos. Na última segunda-feira, 28, a promotora de Justiça Ana Maria Magalhães de Carvalho, que coordena o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), reuniu-se com representantes da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) e da Associação dos Criadores de Búfalos do Pará, onde ouviu os problemas dos ruralistas e se comprometeu em tomar providências.

 

"O volume de gado sendo roubado e demais", explica João Rocha, produtor rural e presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Cachoeira do Arari. Segundo ele, as ações dos criminosos indicam alto nível de organização, já que os bandidos usam até mesmo documentos falsificados. "Constatamos algumas situações de roubo de gado com uso de GTA (Guia de Trânsito Animal) duplicada. O documento servia para o transporte de vinte animais e passaram a transportar 60. A Guia tinha que ser da propriedade do Marajó, mas eles usam guias com outras origens", explica João.  A GTA é o documento oficial para transporte animal no Brasil e contém informações essenciais sobre a rastreabilidade (origem, destino, finalidade, espécie, vacinações, entre outros).

 

Ainda segundo o representante, os criminosos também usam de violência para roubar os animais. "Há a intimidação dos pequenos produtores das ilhas, que estão sendo ameaçados quando descobrem os roubos e decidem ir cobrar. Essa situação é gravíssima. Já chegaram de ter casos de 20 a 30 pessoas em um campo roubando gado, intimidando, invadindo propriedade", alerta João Rocha, que diz que grande parte dos animais roubados é vendida no Amapá e em outros município do Marajó.

 

"A reunião serviu para levantar esses casos e transformar em provas", reforça a promotora Ana Maria Magalhães de Carvalho. "Eles apresentaram muitos documentos, como boletins de ocorrência e inquéritos que não andaram.  Eu vou levantar a situação desses inquéritos mediante a provocação da Polícia Civil", relata a coordenadora do Gaeco, que diz ainda que a impunidade fez com que os criminosos ampliassem a atuação na região, segundo os relatos. "O que era feito por quadrilha local, hoje em dia, se entende que é feito por organização criminosa com conexões já para o Amapá, ou seja, já extrapolou as fronteiras do Estado",  diz a promotora sobre a urgência da situação .

 

Tanto para a representante do MPPA quando para as pessoas que estão sendo diretamente afetadas por esses crimes, a solução mais imediata é a ampliação da presença das forças de segurança públicas nas ilhas e campos que compõem o Marajó, já que o terror causados pelos bandidos é tanto que muitas ocorrências nem chegam às autoridades. "A gente está tentando fazer um levantamento dos casos, mas nem todo mundo registra por medo, principalmente, os pequenos criadores. Às vezes, não chegam nem a fazer boletim de ocorrência por medo de represália. O negócio tá muito, muito feio", encerra João Rocha.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Pará
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM PARÁ

MAIS LIDAS EM PARÁ