Gravidez aos 40: saiba quais os riscos e os cuidados de uma gestação nessa idade

As chances de engravidar naturalmente aos 40 anos são de apenas 5%. No Pará, 46% das mulheres não sabem disso

Camila Guimarães
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Grávida pela primeira vez, aos 47 anos, a atriz e rainha de bateria, Viviane Araújo, diz que está realizando o maior sonho da sua vida, após um bem-sucedido processo de fertilização in vitro. Em entrevista ao Fantástico, Viviane contou que não tinha a gravidez como prioridade, mas que, ao decidir que estava na hora certa, percebeu o quanto era difícil engravidar por causa da idade. E ela não está sozinha nessa descoberta.

Um estudo realizado pela clínica virtual de saúde para mulheres, Famvita, aponta que, no Pará, 46% das mulheres entre 18 e 24 anos não sabem que as chances de engravidar naturalmente aos 40 são de apenas 5%. No Brasil como um todo, 48% das mulheres desconhecem o índice.

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Muitos podem ser os motivos pelos quais a maternidade vem sendo adiada. Um estudo publicado na revista Femina, da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), aponta que a decisão está associada a mulheres com maior nível socioeconômico e educacional e a fatores como o adiamento do casamento e tendência geral à menor paridade.

Diversas celebridades, além da Viviane Araújo, exemplificam esse fenômeno. É o caso da apresentadora Karina Bacchi, que engravidou pela primeira vez aos 40 anos, por meio de uma produção independente gerada por inseminação artificial, feita nos Estados Unidos. A atriz paraense Dira Paes e a cantora Ivete Sangalo também deram à luz após os 40. O caçula da família, Inácio, nasceu quando Dira tinha 46 anos de idade. Já Ivete teve as gêmeas Marina e Helena aos 45.

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Ainda de acordo com o estudo da revista, apesar da tendência, gestações tardias estão mais susceptíveis a complicações por causa do aumento da frequência de doenças crônicas e pior condição física nessa idade. O ginecologista e obstetra Antônio Grosso explica que a gravidez a partir dos 40 oferece, de fato, alguns riscos: “A predisposição a comorbidades é maior para uma mulher com mais idade. O corpo não tem o mesmo preparo de quando é mais jovem, pelo processo natural do envelhecimento. Com o passar do tempo, a fertilidade também fica mais prejudicada, ela diminui mesmo”.

Segundo o especialista, hipertensão e diabetes estão entre as doenças de maior risco no pré-natal de uma gravidez tardia. Esses problemas, por sua vez, estão por trás de complicações como abortamentos e má formação fetal. “Os abortos são uma possibilidade. Geralmente podem ser por déficit hormonal ou insuficiência istmocervical, quando o colo do útero não segura a gestão. Doença, como sífilis, por exemplo, também causam esse tipo de problema”.

Entretanto, o especialista comenta que, com alguns cuidados, é possível engravidar, sim, após os 40 com boa margem de segurança, considerando que a expectativa de vida da mulher também tem aumentado. Dados do IBGE mostram que, em 1940, a expectativa de vida da mulher era de 48,3 anos, dando um salto para 79,9 anos, em 2018. O índice mais recente, de 2020, aponta que as mulheres já vivem, em média, até os 80,3 anos.

“Claro que tem pacientes que não conseguem engravidar até os 40, mas o que a gente observa no dia a dia é a programação da vida mesmo. Um protocolo, em si, não tem, mas uma vida saudável, com boa alimentação e prática de atividade física colabora muito para a longevidade e para aumentar as chances de uma gravidez saudável após os 40”, garante o obstetra.

Antônio conta que, atualmente, acompanha pelo menos três pacientes que engravidaram em torno dos 40 anos e que ele, como médico, não costuma desencorajar as que projetam a gravidez para este momento da vida: “Eu oriento sobre o risco das patologias e má formação fetal, mas o ideal mesmo é que a paciente se sinta segura, se sinta feliz”, afirma.

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Vida saudável resultou em gravidez sadia depois dos 40 de médica

Quem engravidou aos 39 e teve o bebê aos 40 foi a médica Cintya Fontelles. Ela conta que não estava planejando a gestação, mas se descobriu grávida ao fazer um exame pré-operatório. “Foi no susto. Eu não queria mais ter filhos por causa dos riscos, passou um vendaval na cabeça, na hora. Mas depois eu fiquei feliz com esse presente de Deus”.

Cintya conta que não teve nenhuma complicação durante a gravidez e parto do Nicola, e atribui a tranquilidade da gestação ao fato de já levar uma vida saudável anteriormente: “a minha rotina já era de ter uma alimentação boa, fazer exercício, então acho que isso colaborou”.

O obstetra Antônio Grosso dá dicas para mulheres que desejam ter uma gravidez saudável, mesmo em torno dos 40 anos, assim como Cintya: “A mulher precisa se cuidar, fazer exame de rotina anual  (preventivo, transvaginal), controle de mamas, toda essa parte relativa à saúde periódica. Controlar o ciclo menstrual direitinho, manter uma vida saudável, com atividade física, boa alimentação, bom sono, equilíbrio emocional. São fatores fundamentais para ter uma longevidade de forma geral”.

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Gravidez depois dos 40 não tem regra específica a não ser acompanhamento

O ginecologista e obstetra Arivaldo Meireles, especialista em Reprodução Humana, também frisa que além da questão da reserva ovariana, é crescente também o risco para doenças cromossômicas, "porque com o passar dos anos e, com a exposição dos óvulos aos fatores ambientais, estilo de vida, fumo, ingestão de álcool, isso pode modificar a genética dos óvulos, e alterar a qualidade deles e com isso cresce a incidência de doenças cromossômicas e o risco cromossômico, com avanço da idade, passa ser um fator relevante, para uma mulher por volta dos 40 anos", afirmou.

Segundo o especialista, hipertensão e diabetes estão entre as doenças de maior risco no pré-natal de uma gravidez tardia. Esses problemas, por sua vez, estão por trás de complicações como abortamentos e má formação fetal. “Os abortos são uma possibilidade. Geralmente podem ser por déficit hormonal ou insuficiência istmocervical, quando o colo do útero não segura a gestão. Doença, como sífilis, por exemplo, também causam esse tipo de problema”.

Entretanto, o especialista comenta que, com alguns cuidados, é possível engravidar, sim, após os 40 com boa margem de segurança, considerando que a expectativa de vida da mulher também tem aumentado. Dados do IBGE mostram que, em 1940, a expectativa de vida da mulher era de 48,3 anos, dando um salto para 79,9 anos, em 2018. O índice mais recente, de 2020, aponta que as mulheres já vivem, em média, até os 80,3 anos.

“Claro que tem pacientes que não conseguem engravidar até os 40, mas o que a gente observa no dia a dia é a programação da vida mesmo. Um protocolo, em si, não tem, mas uma vida saudável, com boa alimentação e prática de atividade física colabora muito para a longevidade e para aumentar as chances de uma gravidez saudável após os 40”, garante o obstetra.

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Veja o nº de mulheres, por estado, que sabem que as chances de engravidar aos 40 é de 5%

  1. Piauí 63%
  2. Rondônia 60%
  3. Roraima 57%
  4. Mato Grosso do Sul 56%
  5. Mato Grosso 56%
  6. Tocantins 56%
  7. Maranhão 55%
  8. Alagoas 54%
  9. Bahia 54%
  10. Ceará 54%
  11. Pará 54%
  12. Paraíba 54%
  13. Pernambuco 54%
  14. Rio Grande do Norte 53%
  15. Goiás 52%
  16. Sergipe 52%
  17. Amazonas 51%
  18. Amapá 51%
  19. Distrito Federal 51%
  20. São Paulo 51%
  21. Minas Gerais 50%
  22. Rio de Janeiro 50%
  23. Paraná 49%
  24. Rio Grande do Sul 49%
  25. Espírito Santo 48%
  26. Acre 44%
  27. Santa Catarina 44%

Outros números da pesquisa

  • 48% das mulheres no Brasil desconhecem a chance de 5% de engravidar naturalmente aos 40
  • 70% das mulheres acreditam que é mais difícil ser mãe acima dos 40
  • 69% das participantes da pesquisa entre 40 e 44 anos se imaginam tendo filhos nessa idade

Fonte: Famvita (2022)

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