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Hipertensão: Pará tem 2.500 internações ao ano, informa Sespa

Doença pode acometer qualquer idade, porém é mais comum em população com idades mais avançadas.

Eduardo Rocha
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Aos 18 anos de idade, quando fez exame admissional para emprego, o contador Alexandre Vilanova, 59 anos, descobriu que tinha hipertensão. Desde então, ele não abre mão de tomar os medicamentos receitados contra a enfermidade. Alexandre sabe muito bem com o que está lidando. A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informa que, de acordo com dados do Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica - SISAB, sistema oficial do Ministério da Saúde, 287.202 pessoas estão cadastradas como hipertensas no Pará. A Sespa também informa que, de acordo com dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) do Ministério da Saúde, 2.572 pessoas no Pará foram hospitalizadas com quadro de hipertensão em 2020. No ano seguinte, foram 2.521 internações pela doença.

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Nesta terça-feira (26), transcorre o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. Especialistas, gestores e funcionários de órgãos públicos, empresas, instituições e entidades aproveitam a data para reforçar a prevenção e cuidados com relação à doença. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) informa que no mundo cerca de 10 milhões de pessoas morrem de complicações da hipertensão arterial por ano. No Brasil, entre 30% e 35% da população acima de 18 anos têm hipertensão arterial.

Monitoramento

Alexandre Vilanova toma dois medicamentos para hipertensão arterial todos os dias. “Eu tomo religiosamente nos horários, um pela manhã e outro antes de dormir, e adoto outros cuidados, como evitar o excesso de sal, evito refrigerante, excesso de gordura, como bastante salada, porque aqui em casa salada é lei, e faço hidroginástica”, relata. 

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Desde que se descobriu hipertenso, Alexandre faz acompanhamento médico anual. “Eu recomendo para as pessoas que tomem cuidado, porque essa doença é silenciosa e quando ataca é de forma traiçoeira; por isso, não custa nada fazer exame, verificar a pressão arterial e conferir o coração, uma vez por ano, no mínimo, em qualquer idade”,  arremata.

Covid-19

A SBC aproveita a data para alertar que, durante a pandemia, a situação se agravou, por causa dos fatores de risco. Segundo a cardiologista Lucélia Magalhães, presidente do Departamento de Hipertensão Arterial (DHA) da SBC, há várias ligações entre a pressão arterial e a covid-19. Uma delas é o dado epidemiológico inicial: em 2020 ficou claro que a hipertensão arterial foi o fator de risco mais importante para a morte de pacientes com covid-19

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No fim de 2021 e começo de 2022, percebeu-se que pessoas que não tinham nenhuma história de hipertensão arterial, mas que tiveram covid-19 confirmada, começaram a apresentar pressão alta. Estudos recentes mostram que a covid-19 facilita o desenvolvimento de hipertensão e de doenças crônicas, por exemplo, diabetes. “A orientação é que os pacientes com hipertensão que estão com covid-19 continuem seu tratamento, com boa adesão. Já as pessoas que não eram hipertensas e tiveram covid-19, precisam vigiar a pressão arterial, seja logo após contrair o vírus, seja em médio ou até longo prazo, porque estudos indicam que os efeitos podem aparecer de algumas semanas a alguns meses”, explica Lucélia. Deve-se atentar para o aumento de peso como fator de risco da  hipertensão.

Como repassa a Sesma, o tratamento da doença, incluindo prescrição medicamentosa, é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), executado pelas Secretarias Municipais de Saúde e destinado ao acompanhamento de portadores de hipertensão. O atendimento ao hipertenso é feito inicialmente pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Medicações para hipertensão são disponibilizadas de maneira gratuita pelo SUS e conseguem ter um bom efeito no controle da pressão alta. 

Alerta

O cardiologista Antonio Monteiro é filiado à SBC, Sociedade Paulista de Cardiologia e Sociedade Europeia de Cardiologia. Ele destaca que a  hipertensão arterial é uma doença crônica, não transmissível e multifatorial e se caracteriza pelo aumento da pressão arterial acima do limite considerado normal quando aferida por meio de aparelhos médicos e de forma correta. Em termos técnicos, caracterizada por elevação persistente da pressão arterial (PA), ou seja, PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva.

Em geral, a doença não apresenta sintomas, mas em algumas situações o paciente relata cefaleia, com dor de cabeça, principalmente, atrás da nuca ou mal-estar. “Mas é aí que mora o perigo da hipertensão arterial, por não estar relacionada a sintomas específicos, muitas vezes os pacientes nem sabem ou desconfiam que são portadores de hipertensão arterial e só descobrem quando sofrem as consequências da pressão alta não tratada, como infartos e derrames cerebrais ou desenvolvem o que chamamos de insuficiência cardíaca, que é quando o coração perde sua capacidade de bombear o sangue corretamente”, pontua o médico.

As causas da doença abrangem, entre outras, envelhecimento das artérias, desregulação hormonal, das funções dos órgãos. De maneira geral, a maioria da população não consegue determinar uma causa isolada e específica, por isso é considerada uma doença multifatorial, pois diversos fatores podem causar a hipertensão arterial. 

A hipertensão arterial pode acometer qualquer idade, porém é mais comum que aconteça em população com idades mais avançadas. Em média, 65% das pessoas com idade superior a 60 anos são portadoras de hipertensão arterial. Quando acomete pessoas mais jovens, principalmente crianças e adolescentes, é obrigatório investigar a causa, para que seja tratada corretamente. 

“A melhor forma de prevenir a hipertensão arterial é aplicando as mudanças de hábitos de vida. A hipertensão tem como fatores de risco a obesidade, a alimentação desregulada e o sedentarismo. Então, para que o paciente consiga prevenir a doença é importante a realização de atividade física regular, alteração dos hábitos alimentares, visando a perda de peso em caso de sobrepeso e tentando se alimentar da forma mais saudável possível, reduzindo sal, gorduras e açúcares. E cessar o uso de cigarro, assim como do álcool”, enfatiza Antonio Monteiro. 

As principais consequências de uma pressão arterial alta e não tratada são lesões de órgão alvos, podendo levar o paciente a um quadro de insuficiência cardíaca, infarto e arritmias, cegueira, acidentes vasculares encefálicos (derrame), disfunção vasculares que podem causar por exemplo impotência em pacientes do sexo masculino. Tais consequências são graves e podem inclusive levar a morte.  A hipertensão não tem cura, mas pode ser controlada.

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