Santarém: projeto cuida de peixes-boi órfãos para devolvê-los à natureza; vídeo

Mais de cem filhotes foram recebidos pelo Projeto Peixe-Boi do Zoounama, em parceria com órgãos ambientais do município

Ândria Almeida

Em 14 anos, o Projeto Peixe-boi da ZOOUNAMA realiza o trabalho de reabilitação de peixes-boi órfãos que são resgatados por órgãos ambientais do município de Santarém, no oeste do Pará. O projeto já recebeu mais de cem filhotes resgatados.

O resgate desses animais está cada vez mais comum, isso porque a pesca predatória tem aumentado o índice de morte dos peixes-boi; o crime ambiental acontece principalmente na captura dos mamíferos adultos, que são de grande porte. O resultado disso é o aumento de filhotes órfãos e que por consequência ficam à mercê de serem resgatados ou de acabarem morrendo por não terem condições de se manterem sozinhos.

image VÍDEO: Peixes-boi da Amazônia são avistados em praia da ilha de Mosqueiro
Nesses casos, o importante é não interferir no comportamento dos animais, diz bióloga

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O animal foi encontrado enrascado numa malhadeira. O peixe-boi é uma das 1.182 espécies brasileiras ameaçadas de extinção.

 

O Projeto vem como um espaço de esperança para os filhotes que são encontrados por pessoas que querem ajudar e acionam os órgãos ambientais da cidade. Mas a grande maioria tem dois destinos – morrer com fome ou servir de alimento para algumas pessoas que gostam do sabor da carne.

A equipe do zoológico informou que desde 2008 atua com o objetivo de deixar esses animais em condições de voltar ao habitat natural. Normalmente os nascimentos dos filhotes ocorrem no primeiro semestre do ano e coincidem com o aumento do nível das águas dos rios, muito embora exista registro de resgate no segundo semestre.

Segundo o médico veterinário do projeto, Jairo Moura, em 2021, houve o registro de cinco filhotes salvos que foram levados para o projeto. Já em 2022, no mesmo período, foram quatro. “Os animais recebidos ficam em piscinas adequadas e preparadas para os peixes-boi, e são acompanhados por uma equipe de biólogos, veterinários e tratadores, em tempo integral”, explicou.

image Os peixes-boi são tratados com todo o cuidado necessário pelas equipes do projeto (Ândria Almeida / O Liberal)

Espécie ameaçada

De acordo com o veterinário, o peixe-boi é uma das espécies mais caçadas na região Norte, nos registros históricos datam desde o período da borracha, diante do tempo em que esse crime ocorre existe o perigo de extinção.

A caça do peixe-boi é ilegal no Brasil, no entanto, mesmo assim algumas comunidades usam do animal como fonte de alimentação e para outros fins diversos, como por exemplo, confecção de lamparinas, utilização da banha para culinária do dia a dia.

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A informação é da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belém (Semma), o animal estava em tratamento no Bosque Rodrigues Alves

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Moradores da ilha do Maracujá encontraram o mamífero ferido em vídeo que viralizou nesta quinta-feira (29).

Em geral a caça é feita com a captura em rede de pesca, neste ato, na maioria dos casos, o mamífero acaba morrendo por não conseguir realizar o processo de subida até a superfície para fazer a troca gasosa, que consiste em respirar e descer.

“Geralmente os filhotes resgatados chegam ao projeto magros, com ferimentos e com problemas digestivos e respiratórios, dificultando ainda mais o processo de recuperação”, afirmou o biólogo Hipócrates Chalkidis.

Esse integrante da fauna selvagem brasileira, possui características morfológicas, fisiológicas e reprodutivas diferenciadas, quando comparadas com a maioria dos integrantes da classe dos mamíferos. Ao começar pelo período gestacional que oscila de 11 a 13 meses, geralmente nasce um filhote por gestação, cujo cuidado parental dura pelo menos dois anos. Com isso o intervalo entre partos de uma mesma fêmea, varia de cinquenta e cinco a sessenta meses.

image O biólogo Hipócrates Chalkidis faz parte do projeto e explica como é o cuidado de cada mamífero resgatado (Ândria Almeida / O Liberal)

Sobre os cuidados recebidos no Projeto Peixe-Boi

Os filhotes se alimentam apenas de leite até os dois anos. Diante da falta da mãe, eles precisam receber uma mistura de leite em pó sem lactose, suplemento vitamínico e óleo. Esse óleo simula a substância que deveria sair da mãe.

Após esta idade, o capim é inserido na alimentação dos mamíferos, que são preparados para a segunda fase do projeto, que é a soltura na comunidade de Igarapé do Costa, às margens do Rio Amazonas.

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O animal tem aproximadamente um mês de vida e foi encontrada à deriva na comunidade Suruacá.

Nesta etapa, os animais são levados de barco em colchões molhados até um tanque flutuante com tambores de madeira. Essa viagem dura aproximadamente uma hora, e é acompanhada por médicos veterinários, tratadores, além do Corpo de Bombeiros.

 “A segunda fase é chamada de aclimatação. Nela, os animais vão se adaptar à água corrente, às ondas e à turbidez das águas. Tudo diferente do que era no zoológico”, explicou o veterinário Jairo Moura.

Os mamíferos ficam aproximadamente um ano na aclimatação e diariamente os tratadores acompanham a adaptação dos animais. Após este período, os peixes-boi vão seguir para a terceira e última fase do projeto: a soltura.

image Peixe-boi resgatado pela Semma, em Santarém (Divulgação / Semma)

Importância do peixe-boi para o ecossistema Amazônico

A presença do peixe-boi no ecossistema da Amazônia é de suma importância pois o animal controla a população de plantas aquáticas. O animal adulto come até 14% do seu peso de capins flutuantes. Além do controle do crescimento das plantas, as fezes dele servem como nutrientes para microrganismos que vão alimentar outros animais. Ao se alimentar, o peixe-boi impede que haja o crescimento excessivo de matéria orgânica, o que pode ocasionar a mortandade de algas e animais.

“Não é por acaso que em margens de rios e igarapés amazônicos as plantas aquáticas se concentram em maior quantidade”, destaca o veterinário, Jairo Moura.

Sobre o projeto peixe-boi

O projeto é uma instituição sem fins lucrativos que tem por intuito básico acolher animais, tratar e posteriormente fazer a soltura dos que estiverem aptos. O biólogo enfatiza que as pessoas não podem simplesmente fazer a doação desses animais, pois deve se seguir um protocolo.

image Filhote de peixe-boi é resgatado de rede de pesca no Rio Amazonas, em Santarém
O animal foi encontrado por comunitários na Região do Urucurituba.

“Existe um regulamento próprio para isso, a pessoa que porventura encontrou um animal silvestre ao redor da casa onde mora deve acionar os órgãos ambientais”, destacou. O projeto conta com 10 piscinas para receber os filhotes. No momento, 41 animais passam pelo processo de reabilitação. Sendo 29 em piscinas e 12 no Igarapé do Costa.

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