VÍDEO: Peixes-boi da Amazônia são avistados em praia da ilha de Mosqueiro
Nesses casos, o importante é não interferir no comportamento dos animais, diz bióloga
Os três peixes-boi avistados na praia do Bispo, uma das menos badaladas de Mosqueiro, distrito de Belém, chamou a atenção das pessoas. A bióloga Alexandra Costa, pesquisadora associada do Instituto Bicho D’água: Conservação Socioambiental, disse que se trata do peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis). É que eles não possuem unhas e têm manchas na barriga. Essa espécie chega a medir 2,8 metros e pesar até 400 quilos. Esse mamífero aquático ocorre em toda da Amazônia, principalmente nos rios e baías dessa enorme região.
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No Pará, explicou, algumas regiões são bem estudadas como a baía do Marajó. Em Mosqueiro, existem relatos de avistamento no entorno da ilha, mas os vídeos confirmam a presença da espécie na região. A bióloga Alexandra Costa disse que o interessante é que, em algumas áreas, há muito tempo os animais não são avistados, como é o caso de Mosqueiro. “Esses animais geralmente são mais solitários, mas formam pequenos grupos exatamente no momento de copular, nesse comportamento reprodutivo, e eles normalmente buscam essas áreas mais rasas”, afirmou.
Pelos vídeos que circularam, observa-se que eles estão em uma área bem próxima à da linha da praia. E, por isso, as pessoas conseguiram chegar tão próximo e filmar os animais. É um comportamento comum da espécie, tanto do peixe-boi-da-Amazônia, quanto do peixe-boi marinho: de formar esses grupos no momento reprodutivo. Ainda segundo a bióloga, esses animais frequentam regiões em busca de abrigo e de alimento e, provavelmente, essa região da ilha de Mosqueiro está proporcionando um bom ambiente para esses animais. “O que a gente espera, e gostaria de falar para as pessoas: em um momento desses, o importante é não interferir no comportamento dos animais, porque são animais de vida livre”, afirmou.
Retorno dos peixes-boi para o entorno da ilha de Mosqueiro é um evento importante
Também é importante esses animais estarem reocupando essas áreas, pois foram muito caçados no passado e hoje sofrem com outras ameaças, como alteração dos ambientes e intenso tráfego de embarcações, entre outras. Então, o retorno deles para o entorno da ilha de Mosqueiro é um evento bastante importante.
Isso mostra que a região está proporcionando um ambiente mais tranquilo, que os animais conseguem voltar para essa área, provavelmente estão se alimentando e cumprindo as suas funções ecológicas como uma espécie de vida livre: se alimentar e se reproduzir. “Pedimos para população como um todo, tanto moradores, quanto turistas, não interagir com os animais. A gente sabe que fica todo mundo empolgado, em ver animais tão grandes, com um comportamento tão diferente para a maioria das pessoas. Mas a gente pede às pessoas que não interfiram. Não cheguem muito próximo, porque os animais se assustam. Muitas vezes, tem a mãe com o filhote. A gente vê um animal menor nessas filmagens”, disse.
Ela explicou que, às vezes, a mãe ainda está acompanhada do filhote, porque eles têm um período reprodutivo e de cuidados parentais bastante longo. A gestação durante até 13 meses, e o filhote fica com a mãe entre dois e três anos. A mãe fica ensinando o filhote onde se alimentar, como se proteger e onde pode ou não ir. “Se o ser humano chega e interfere nesse momento, nessas atividades que são da espécie em si, estamos atrapalhando o ciclo natural daquele grupo”, reforçou.
Pode-se fotografar, mas ficar afastado, não chegar perto, não tocar nos animais, não oferecer nenhum tipo de alimento, nem líquidos. Eles tão tranquilos no ambiente deles e as pessoas devem ficar só no momento de contemplação. O Instituto Bicho D’água: Conservação Socioambiental tem sede em Belém e em Soure, no Marajó. Quem quiser saber mais sobre o Instituto, o endereço, no Instagram, é o seguinte: @bicho_dagua
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