Dia Mundial do Transtorno Bipolar: entenda a doença e saiba onde buscar ajuda gratuita

Jornalista e escritor paraense com bipolaridade diz que é preciso combater o estigma e incentivar o tratamento

Camila Guimarães
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O dia 30 de março foi escolhido como Dia Mundial do Transtorno Bipolar, data que chama atenção para a necessidade de desmistificar a doença e incentivar o acesso ao tratamento adequado para maior qualidade de vida de quem tem o problema. A data foi escolhida em alusão ao aniversário do pintor holandês Vincent Van Gogh, postumamente diagnosticado como provável portador do transtorno.

Um dos principais objetivos da criação do dia é combater o estigma social em torno da bipolaridade, preconceitos que o jornalista, escritor e estudante de psicologia Tiago Júlio Martins conhece bem: “Comecei a apresentar sintomas de bipolaridade desde a adolescência, mas eu resisti muito em procurar cuidado. Eu era um dos que achavam que não precisava de ajuda profissional, que psiquiatria era coisa de doido”, conta.

Diagnosticado com transtorno bipolar há nove anos, Tiago lembra que sua mãe, que é psicóloga, já havia sugerido que ele procurasse ajuda médica, algo que só aconteceu depois que ele vivenciou uma crise mais grave: “Eu sempre tive predominância da fase depressiva da bipolaridade, com todos os sintomas como tristeza excessiva e falta de vontade de fazer as coisas. Em 2013, eu tive uma crise maníaca e fui obrigado a me tratar”.

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Transtorno bipolar é caracterizado por duas fases distintas

A psiquiatra Daniele Boulhosa, diretora da Associação Paraense de Psiquiatria (APP), explica que a bipolaridade é um transtorno que pode ser classificado em duas fases, a depressiva e a maníaca e, diferente do que se pensa no senso comum, elas não correspondem a mudanças bruscas de humor: “As pessoas acreditam que o bipolar é aquele que muda de humor muito rápido. Acordou bem e anoiteceu depressivo. Mas na verdade, o transtorno se caracteriza em períodos mais longos”, explica.

A fase depressiva da bipolaridade, como descrita por Tiago, é marcada pelo desânimo, desinteresse, infelicidade e outros sintomas semelhantes aos da depressão. Já a fase maníaca “costuma ter momentos de alergia, diminuição da necessidade de sono, pensamento acelerado, desinibição, em alguns casos, exacerbação sexual. Se continuar evoluindo, pode caminhar para agressividade, irritação e sintomas psicóticos”, complementa Daniele Boulhosa.

Tiago lembra que, na crise maníaca, ele “saiu do ar”, perdendo a conexão com a realidade. “Viram que eu estava fora de mim e a gente só volta de quadros assim com uso de psicofármacos. Foi quando ficou bem claro que eu precisava de ajuda. O tratamento foi essencial para que eu recuperasse minha saúde”, afirma Tiago.

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Transtorno bipolar exige tratamento multidisciplinar

Para o escritor, aliar o suporte psiquiátrico com o psicoterapêutico foi fundamental para sua estabilização, apesar de que, no início, foi difícil aceitar o diagnóstico e se adequar ao tratamento. “Até achar a dosagem certa da medicação demorou um pouquinho, porque o organismo não é uma ciência exata, então nem todo mundo reage da mesma forma. Mas hoje em dia eu tomo a medicação tranquilamente. Além disso, a psicoterapia foi fundamental, os remédios não fazem o trabalho sozinho”, garante Tiago.

A psiquiatra Daniele explica que o tratamento do transtorno bipolar precisa ser multidisciplinar, de fato. Por um lado, a doença é “uma deficiência de neurotransmissores no cérebro, seja pelo déficit ou pelo aumento, e a medicação age para reparar esse desequilíbrio. Mas além da medicação, a terapia é fundamental, praticar atividade física, ter rotina de sono, evitar alimentos e suplementos estimulantes, fazer uma dieta adequada, tudo faz parte do tratamento”.

Tiago diz que encontrou na psicoterapia ferramentas indispensáveis para o bem-estar mental, entre elas, a escrita, o que o levou a publicar o livro ‘Cabeça Bipolar’ e, também, manter o perfil @vidadeumbipolar, no Instagram. “Comecei a escrever para compreender o que tinha acontecido comigo, para resolver meus dilemas. Eu sentia que precisava registrar tudo que tinha acontecido. E o perfil no instagram fala de saúde mental de modo geral, até porque não quero me resumir ao meu diagnóstico”, diz Tiago.

Para ele, é muito importante que as pessoas entendam que conviver com a bipolaridade não restringe a existência do indivíduo: “Estou há anos sem crise e levo uma vida totalmente funcional. Estou no terceiro semestre de psicologia, não só para me autoconhecer melhor, mas para ajudar outras pessoas que passam por sofrimentos psíquicos”.

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Locais que oferecem atendimento psicológico gratuito em Belém:

1- Clínica de Psicologia- UNAMA

Público alvo: estudantes e populares em geral

Horário: 8h às 12h; 14h às 18h; 18h às 20h

Contato: 4009-3012

Endereço: Dentro do Bloco F, localizado no campus Alcindo Cacela da Universidade da Amazônia

2- Plantão psicológico - UNAMA Ananindeua

Público alvo: paraenses maiores de 18 anos, residentes dos municípios da região Metropolitana de Belém

Horário: a combinar

Contato: o agendamento e a consulta ocorre pelo site

Para mais informações: 4009-3050.

3- Clínica psicológica virtual  UFPA

Público alvo: população interna e externa da universidade, profissionais de saúde, estudantes indígenas, quilombolas e seus familiares e comunidade.

Horário: de segunda-feira à sábado a combinar

Agendamento: podem ser feitos pelo site.

4- Clínica de Psicologia da UFPA

Público alvo: população em geral

Horário:  terça-feira às sexta-feira 8h às 11h; 14h às 17h

Não precisa de agendamento prévio no site.

Contatos: (91) 98429-0279, para falar com Roseane; (91) 98382-9628, para falar com Fernanda

5- Serviço de acolhimento psicológico da UFRA

Público alvo: alunos (as) da universidade

Horário: a combinar, de segunda a sexta-feira

Contato: Campus Belém: Bruna Carvalló (91) 98101-0139; Stéphanie Correa: (91) 98090-2565

Campus Capanema: Thiago Costa (91) 99995-2540

Campus Capitão Poço: Hadassa Almeida (91) 98135-3202

Campus Paragominas: Aneska Oliveira (91) 98373-0940

Campus Parauapebas: Cláudia Camilo (94) 98154-7401

Campus Tomé-Açu: Suzane Lima (91) 98551-9357

5- Serviço de acolhimento psicológico da UEPA

Público alvo: alunos da instituição

Horário: segunda a sexta, das 9h às 14h

Endereço: no Núcleo de Assistência Estudantil (NAE). Localizado no prédio da Reitoria da UEPA, na Rua do Úna, 156, no bairro Telégrafo.

Atendimento: pode ser por e-mail naeuepa@gmail.com ou por telefone.

Contato:  (91) 3299-2247

6- ONG Olívia

Público alvo: população LGBTQIA+

Horário: a combinar, de segunda-feira à sexta

Agendamento prévio nas redes sociais

Contato: 3201-7285

7- Centro de Valorização da Vida |CVV

Público-alvo: todos

Horário: 24 horas

Contato: 188

 

Atendimentos nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPSs)

8- CAPS Icoaraci (Caps I)

Endereço:  Rua Monsenhor Azevedo, 237 (entre Passagem Maguari e Lopo de Castro), Campina de Icoaraci.

Contato:  (91) 3227-9137

E-mail: capsicoaraci@ibete.com.br

9- CAPS Amazônia (CAPS I)

Endereço:  Passagem Dalva, 377, bairro Marambaia

Contato: 3231-2599/ 3238-0511

E-mail: capsam.sespa@outlook.com

10- CAPS Renascer (CAPS III)

Endereço: Travessa Mauriti, 2179, entre avenidas Duque de Caxias e Visconde de Inhaúma, bairro Pedreira

Contato: (91) 3276-3448

E-mail: capsrenascer@yahoo.com.br

11- CAPS Grão-Pará (Caps III)

Endereço:  Rua dos Tamoios, 1840, Batista Campos

Contato: (91) 3269-6732

E-mail: capsgraopara@yahoo.com.br

12- CAPS Marajoara (CAPS ad III)

Endereço: Conjunto Cohab, Gleba I, WE-2, 451- Nova Marambaia

Contato:(91) 32360399

E-mail: capsmarajoara@gmail.com

 

Em casos de emergência ou mais graves:

Samu 192

Unidades de Pronto Atendimento (UPAs)

Pronto-Socorros

Emergência Psiquiátrica do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, em Belém.

 

Saiba por que o Dia Mundial do Transtorno Bipolar é no dia do aniversário de Van Gogh

O Dia Mundial do Transtorno Bipolar é realizado no dia 30 de março em alusão ao aniversário do pintor holandês Vincent Van Gogh que, segundo cientistas, seria um provável portador do transtorno. As informações são da Revista Galileu.

A hipótese se deu postumamente, após a análise de 902 cartas escritas pelo pintor, sendo 820 delas destinadas a seu irmão Theo e outros parentes. Os estudos também contaram com entrevistas com historiadores da arte especializados na vida e obra de Van Gogh.

O artista teria apresentado sinais de transtornos de humor desde a juventude e, com o consumo excessivo de álcool, entre outros fatores, teria agravado seu quadro de saúde mental.

Em 1888 ele teria cortado a orelha em um momento de crise. Fato que ficou registrado em um dos seus quadros mais famosos. Em 1890, aos 37 anos de idade, Van Gogh veio à falecer devido complicações de uma tentativa de suicídio usando arma de fogo.

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