Saiba o que é Procrastinação; deixar tudo para depois pode ser indício de ansiedade e depressão

"Depois eu faço", "Semana que vem eu começo", "Vou esperar só mais um dia". Essas são frases recorrentes quando o assunto é "procrastinação", definida como o adiamento de uma ação que precisa ser feita, segundo a psicóloga clínica Danielle Nascimento Almeida, de Belém. Apesar de parecer um comportamento natural em muitos momentos, a especialista alerta que esse adiamento é um distúrbio que precisa de cuidados e pode estar associado a ansiedade e problemas de autoestima.

"É quando você protela um ato. Muitas vezes, resulta em estresse e sensação de culpa, porque existe uma perda de produtividade. Algumas pessoas passam a sentir vergonha, pois podem até ser conhecidas como preguiçosas que não fazem nada. Na verdade, no âmbito da Psicologia, entendemos que é um distúrbio mental. Podendo estar associado a problemas como ansiedade, depressão e baixa autoestima. Assim, por sintomas físicos, há impossibilidade de realizar as atividades", explicou.

Nessa falta de organização a pessoa pode deixar de estar presente em aniversário ou não cumprir encontros amorosos. Pode, também, sofrer com comprometimento na produtividade do ambiente de trabalho.

"No âmbito profissional, a pessoa pode não conseguir estar presente no horário de uma reunião. Ou pode não conseguir até efetuar um pagamento ou ter controle de prazos, porque sempre deixa para depois. Quando não há controle, atrapalha o pessoal, profissional e amoroso", observou.

Danielle destaca que é necessário identificar quando há prejuízos às atividades do cotidiano. A partir do momento em que essa visão é possível, a orientação é adotar algumas estratégias de organização de tarefas, como o uso de agendas, por exemplo. "Temos até aplicativos que sinalizam os horários para agir", destacou.

Ela reforçou que todas as pessoas costumam procrastinar de alguma forma. Entretanto, quando o comportamento de postergar começa a atrapalhar alguma área, é preciso ficar em alerta e tomar providências.

Sobre o tratamento, a terapia é a recomendação para identificar algum problema associado. No comportamento, agendar os horários do dia, deixar lembretes e contar com o apoio de aplicativos de organização de atividades podem facilitar o cumprimento. "Para visualizar e saber o que deve fazer e quando deve fazer. Existe, sim, uma mudança no comportamento para que se deixe de ficar procrastinando", finalizou Danielle Almeida.

Universitário superou desafios da procrastinação

Aluno de Licenciatura em Matemática, o belenense Lucas Ronald, de 20 anos, já enfrentou muitos desafios referentes à procrastinação. Os estudos foram os mais afetados. "Sempre sentava para estudar e, antes de começar, colocava em vídeos e perdia o meu tempo todinho nisso. Também tinha uma certa dificuldade em iniciar alguma atividade. Minha mente me fazia entender que só poderia iniciar as coisas na segunda-feira. Quando chegava segunda, não conseguia iniciar", disse.

Essas dificuldades estavam presentes antes do ingresso dele na universidade. "Procrastinar me afetava muito, me trazia sentimento de culpa, estresse e ansiedade. Passei por isso quando eu ainda estava concluindo o ensino médio, com 17 anos".

Para superar, Lucas fez pesquisas sobre o assunto na internet, inclusive com apoio de vídeos de orientação no YouTube. Desde então, começou a aplicar algumas mudanças na rotina, como a limitação no uso do celular.

"Trabalhando a mente e me forçando a iniciar atividades no meio da semana. Nesse período, evitei o uso do celular no momento de estudar e parei de dar minutos para iniciar algo. Apenas levantava e ia fazer. No início, foi bem difícil. Cheguei a perder bastante. Com o tempo, as coisas foram melhorando e, hoje, vivo muito bem e feliz por ter conseguido superar a procrastinação. Não sinto mais sentimento de culpa e ainda consigo aproveitar meu tempo livre e relaxar. Essas coisas mudaram minha vida em 100%", comemorou.