Dia dos Namorados: pirarucu busca ‘par ideal’ para reproduzir em dias de chuva; entenda
O “gigante das águas amazônicas” tem particularidades quando o assunto é romance
O pirarucu, um dos maiores peixes de água doce do Brasil, conhecido como “gigante das águas amazônicas”, pode ser encontrado no Pará. Mas, apesar da aparência assustadora e do tamanho surpreendente - chegando a três metros e vinte centímetros e 330 quilos -, a espécie tem particularidades quando o assunto é romance. Sim, o Dia dos Namorados é comemorado amanhã, 12 de junho, mas os solteiros seguem sem um dia de paz.
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Isso porque, para reproduzir, o pirarucu procura pelo “par ideal”, e o “namoro” inicia em dezembro e vai até maio, influenciado pelo período de chuvas e a temperatura dos rios. Segundo o pesquisador Igor Hamoy, doutor em genética e biologia molecular da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), essa escolha do parceiro sexual determina a capacidade de reprodução da espécie.
“Diferente dos outros animais, em que é possível observar a corte do macho ou da fêmea, no caso do pirarucu, os dois se escolhem mutuamente e formam um casal”, explica. De acordo com o pesquisador, o período reprodutivo ocorre quando o peixe atinge os cinco anos e já possui o peso e o tamanho adequados. “De forma empírica, nesse período é possível que a coloração das escamas se altere, sendo possível identificar o macho e a fêmea, já que o macho fica com as escamas mais avermelhadas”, completa.
Depois do “namoro” e da reprodução, é o macho quem cuida dos filhotes. “O pirarucu obedece ao que a gente chama de desova parcial, não realizando uma única desova no ano, porém é uma desova com menos animais. Ele cava os ninhos em lagos e em regiões com águas calmas, para que a fêmea deposite os ovos. E apresenta um cuidado parental, ou seja, é o macho que cuida dos filhos, os alevinos, até que atinjam a fase juvenil”, diz.
Escolha do pirarucu pelo parceiro é um gargalo para a reprodução em cativeiro
Com essa característica, a reprodução do pirarucu em cativeiro é um gargalo para sua piscicultura. Enquanto outros peixes respondem a estímulos hormonais em tanques, o pirarucu não atende ao incentivo sexual de forma satisfatória. Estudos visam reverter esse quadro.
“A reprodução só ocorre se esses casais já estiverem formados. Pirarucus que não se escolheram, que não namoraram, não vão se reproduzir em cativeiro. Uma das ideias do estudo do genoma do pirarucu é gerar o próprio hormônio sexual dele, para que ele seja induzido sexualmente com o seu hormônio e aí se possa fazer o cultivo”, conta o pesquisador Ihor Hanoy.
Até que os estudos sejam concluídos, a escolha pelo “parceiro ideal” ainda determina a reprodução da espécie, ameaçada de extinção no Brasil.
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