Dia do Professor: Desafios impostos pela pandemia e a valorização da categoria são temas abordados por coordenador do Sintepp
Data traz luz às pautas de reivindicação da categoria
A importância da valorização dos profissionais da educação, a formação continuada e os desafios impostos pela pandemia de Covid-19 foram alguns dos temas abordados por Beto Andrade, coordenador geral do Sindicato de Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), durante entrevista concedida ao Grupo Liberal, na tarde desta quinta-feira (14).
A frente do Sintepp há 6 anos, Beto Andrade avaliou que a pandemia trouxe aspectos desafiadores para categoria, como as limitações de conexão e estrutura, além de escancarar a desigualdade social no âmbito da educação.
“Ela apresentou a sociedade brasileira aquilo que não se queria ver que foi o fosso de desigualdade, porque efetivamente nós não tivemos nesse processo todo, por exemplo, por parte dos governos como um todo, especialmente se tratando da rede estadual de ensino, nenhum tipo de suporte para a construção de uma metodologia, de uma ação politico pedagógica que fosse para tratar da educação como foi feita, remotamente. Na prática, os trabalhadores em educação, os professores da rede estadual de ensino, tiveram que utilizar suas próprias ferramentas, seus próprios recursos, seus próprios materiais e pagar sua própria internet para poder conseguir algum nível de ação pedagógica”, pontua.
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Graduado em Educação Física, Andrade relembra que escolheu a faculdade devido o amor pelos esportes, mas foi na graduação que percebeu, de fato, a importância do ato de educar. “A universidade faz um grande esforço de educação para todos nós, mas é quando a gente cai na sala de aula, no chão da escola, é ali que a gente se depara de fato com a realidade e definitivamente a gente assume o compromisso de transformar essa realidade.”
“No caso da educação talvez seja um dos cursos que subverta essa lógica da medicina, da comunicação, que a gente tem que dar um passo atrás para poder olhar aquela realidade. No nosso caso, a gente submerge nela porque é necessário que a gente tenha conhecimento da realidade, participe dessa realidade, para que a gente possa interferir. Não queremos só uma troca de informações, o ato de educar é um ato essencialmente de poder questionar a realidade”, acrescenta.
Para o coordenador do Sintepp, a pandemia afetou o processo pedagógico como um todo, impactando sobretudo os estudantes.
“Já havia um prejuízo que se aglutinou muito nesse processo que não é recuperável com dois, três meses, a gente vai levar talvez alguns anos para conseguir restabelecer essa normalidade, embora a normalidade que nós vivenciávamos não era aquela que gostaríamos de ter”, revela.
Ao falar dos desafios vividos pela categoria, Beto Andrade destaca aspectos como a estrutura física das escolas e a formação continuada dos professores.
“Nunca, pelo menos do ponto de vista das últimas duas décadas, o Pará esteve tão bem localizado do ponto de vista de arrecadação. Falta, na nossa avaliação, uma posição firme do governo do ponto de vista do resgate da estrutura física das escolas. É o primeiro elemento que para nós é fundamental porque dialoga com a nossa realidade e para o aprendizado ser mais eficiente e significativo.”
“A pandemia nos colocou frente a uma situação em que muito companheiros e companheiras não tinham qualquer expertise sobre a lógica do processo de trabalhar em frente a uma câmera, de produzir um download ou upload, porque isso não foi construído historicamente”, completa.
Já com relação ao pagamento do piso salarial e a elevação do salário dos professores, divulgado recentemente pelo governo estadual, Andrade afirma que ambos são frutos de manobra política. “Para fazer isso o governo usou uma manobra de alterar vantagens da nossa categoria que vinham historicamente garantindo um folego na questão salarial e com isso coube no orçamento que foi apresentado. Nós lutamos por sobrevivência, por qualidade de vida e para garantir uma educação pública de qualidade”, pontua.
Acesse o QR Code ao lado e confira a entrevista completa.
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